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Bolsa sobe 1,8% com sinalização do Fed e redução de tensão na China

Dólar tem alta de 0,32%, a R$ 5,3030

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São Paulo

A Bolsa de Valores brasileira fechou nesta quarta-feira (22) em alta de 1,84%, a 112.282 pontos, impulsionada pelo bom humor de investidores com o resultado da reunião do Fomc, o comitê de política monetária do Fed (Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos). O dólar subiu 0,32%, a R$ 5,3030.

Analistas avaliam que a autoridade monetária americana manteve a coerência em relação ao seu plano de seguir um ritmo gradual de redução das compras mensais de títulos e de elevação da taxa de juros, que foi mantida na atual meta de 0% a 0,25% ao ano.

O relatório reforçou a possibilidade, porém, de que o aumento dos juros pode ser acelerado, pois 9 dos 18 formuladores de políticas do Fomc projetaram que a alta deve ter início em 2022. Antes, a maioria indicava o aumento apenas em 2023.

A sinalização, no entanto, não surpreendeu o mercado, segundo Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.

“O comitê relata essa possibilidade de trazer de 2023 para 2022 a elevação dos juros, mas algo parecido já havia acontecido em junho, quando anteciparam de 2024 para 2023”, afirma a analista.

"Não veio nada tão inesperado e os investidores estavam se preparando para esse posicionamento", diz Abdelmalack.

Turistas tiram fotos do prédio do Federal Reserve, em Washington, nos Estados Unidos
Turistas tiram fotos do prédio do Federal Reserve, em Washington, nos Estados Unidos - Daniel Slim 6.ago.2021/AFP

"É claro que o comitê também comunicou que está preparado para ajustar esse plano em caso de uma eventual reversão do cenário econômico que ameace as metas de pleno emprego e de inflação na casa dos 2%", comenta.

Rachel de Sá, chefe de economia da Rico, afirma que, apesar da mudança de posicionamento de alguns diretores do Fed, ela segue acreditando que os juros só irão subir no segundo trimestre de 2023, uma vez que a inflação mais alta deve se provar temporária.

Ela também avalia que o mercado de trabalho americano ainda tem espaço para melhorar, especialmente quando comparado aos níveis pré-pandemia, o que reforça a ideia de manutenção da atual taxa de juros.

Na avaliação da economista da Rico, apesar de o cenário de elevação dos juros nos Estados Unidos potencialmente implicar retirada de investimentos de países emergentes, isso não teve impacto negativo no pregão da Bolsa brasileira porque o Fed manteve a ideia de uma transição suave.

“O fato é que os juros, independente de começarem a subir no ano que vem ou no próximo, seguirão um ritmo de elevação também gradual. Em outras palavras, um cenário externo ainda relativamente favorável para o Brasil”, diz.

Quanto ao início da redução das compras de títulos, processo apelidado de tapering, a expectativa indicada pelo Fed é que isso poderá ocorrer também em meados de 2022, segundo Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.

"A cautela na condução e no discurso sugerem que o passo não deverá ser reduzido de maneira tão abrupta", diz Sanchez.

O mercado também acompanhou com alívio a notícia de que a incorporadora chinesa Evergrande concordou em acertar o pagamento de juros de um título doméstico, afastando temores de calote iminente.

Em um comunicado enviado à Bolsa de Shenzhen, no sul da China, uma filial do grupo informou ter negociado um plano para pagar os juros de um título que vence nesta quinta-feira (23).

Papéis de empresas dos setores de mineração e de metalurgia no Brasil refletiram a redução da tensão na China. Ações da Vale (VALE3) e Usiminas (USIM5) subiram 3,55% e 8,70%, respectivamente.

No cenário doméstico, o mercado ainda comemora a retomada do diálogo entre governo e Congresso na busca de uma solução para o pagamento dos precatórios em 2022.

Na terça-feira (21), os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), indicaram compromisso com a busca por solução para a conta de R$ 89 bilhões em precatórios para 2022.

Pacheco disse que a nova PEC (Proposta de Emenda à Constituição) dos precatórios limitará o crescimento dessas despesas pela mesma dinâmica da regra do teto de gastos, enquanto Lira ressaltou intenção de respeitar o teto e criou a comissão especial que analisará o mérito da PEC dos precatórios.

"A solução para pagamento de precatórios parece estar chegando a um desfecho", avaliaram analistas da XP em nota.

O mercado também operou na expectativa para o anúncio do reajuste da taxa básica de juros, a Selic.

Em Wall Street, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq avançaram 1,00%, 0,95% e 1,02%, respectivamente.

O petróleo Brent subiu 2,12%, cotado a US$ 75,94 (R$ 400,83) e deu fôlego para altas nos papéis preferenciais da Petrobras (2,54%%) e das ações ordinárias da PetroRio (7,48%%), que figuraram entre os destaques do dia.

(Com Reuters)

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