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Bolsas fecham em alta após comunicado do Fed sobre juros

Reação do mercado contraria expectativas, mas foco na inflação por alta da demanda explica bom humor

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São Paulo

Os mercados globais de ações reagiram de forma positiva ao aperto monetário anunciado pelo Fed (Federal Reserve, o banco central americano) nesta quarta-feira (15).

Em Wall Street, a Nasdaq saltou 2,15%. Os índices S&P 500 e Dow Jones avançaram 1,63% e 1,08%, nessa ordem.

Com menos força, a Bolsa de Valores brasileira saiu da estabilidade para, nas últimas horas da sessão, acompanhar o movimento de alta do exterior. O Ibovespa, referência do mercado doméstico, subiu 0,62%, a 107.431 pontos.

O dólar subiu 0,24%, a R$ 5,7080, renovando a sua maior cotação desde abril.

Sede do Federal Reserve, em Washington, nos Estados Unidos
Sede do Federal Reserve, em Washington, nos Estados Unidos - Chris Wattie - 21.set.2021/Reuters

O desempenho das Bolsas contraria a reação esperada por analistas à confirmação de que o Fed irá aumentar os juros da economia e acelerar a antecipação do fim do seu programa de compra de títulos, pois as medidas tiram liquidez dos mercados de ações e favorecem a alta do dólar.

As altas das Bolsas desta quarta, porém, podem ser explicadas pelos detalhes fornecidos pelo presidente do Fed ao anunciar tais medidas. Jerome Powell apontou claramente que a inflação é a principal ameaça à economia americana, que já não corre risco de ser paralisada pelo surgimento de variantes do vírus da Covid-19.

"O que realmente está acontecendo é que a inflação está mais alta por mais tempo do que o esperado e o Fed está reconhecendo isso", disse Esty Dwek, diretora de investimentos do Flow Bank, ao Wall Street Journal.

A analista considera que empresas e consumidores aprenderam a lidar com a Covid e que, neste momento, a principal preocupação é que a inflação gerada pelo desabastecimento seja reforçada por paralisações da produção na China, onde o governo quer zerar as contaminações.

A percepção de que é melhor combater a inflação agora, em vez de aguardar uma piora maior do cenário, ajuda explicar o comportamento dos mercados, segundo Rafael Ribeiro, da Clear. "Foi um comunicado hawkish [contracionista, no jargão do setor] do Fed e que deveria pesar mais nas Bolsas pelo mundo", afirma.

Apesar da decisão do Fed apontar para um aperto monetário agressivo, os comentários de Powell deram pistas de que essa situação poderá durar menos do que o esperado.

Ao apontar a quebra da cadeia de suprimentos como a causa da inflação, a autoridade monetária dos Estados Unidos aliviou preocupações de investidores sobre uma escalada de preços no longo prazo, segundo Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura.

Ao pontuar que os próximos passos da política monetária acompanharão o avanço da pandemia, Powell também sinalizou que o Fed continuará cuidadoso quanto à velocidade de retirada dos estímulos, avalia Borsoi.

Investidores estavam posicionados para o pior no mercado de ações, segundo Michael James, diretor de gestão de renda variável na Wedbush Securities. "Hoje foi sobre vender a expectativa e comprar a notícia", disse.

Os preços do petróleo subiram em linha com outros ativos de risco, como ações dos Estados Unidos, que responderam positivamente à declaração do Fed.

O barril do Brent avançou 0,98%, a US$ 74,42 (R$ 427,95). A alta também foi pressionada pela redução dos estoques da commodity nos EUA, com a demanda do consumidor atingindo o recorde de 23,2 milhões de barris por dia.

O frigorífico Minerva disparou 11,19%. A empresa é a principal beneficiada pela retomada das importações de carne bovina brasileira pela China.

Altas expressivas também ocorreram no varejo, com destaque para o ganho de 7,49%, da Magazine Luiza, e de 7,46%, da Americanas.

Com Reuters

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