Primeiro lucro do Nubank, regulação de criptos avança e o que importa no mercado

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Nubank no azul em um ano pela 1ª vez

O Nubank registrou seu primeiro lucro anual da história em 2021, de acordo com o balanço da empresa divulgado nesta terça-feira (22).

O lucro líquido ajustado da fintech foi de US$ 6,6 milhões (R$ 33,4 milhões) no ano passado, revertendo o prejuízo de US$ 26,8 milhões (R$ 135,6 milhões) em 2020.

Em números: no quarto trimestre, o lucro líquido ajustado foi de US$ 3,2 milhões (R$ 16,2 milhões), ante resultado de US$ 15,8 milhões (R$ 80 milhões) em igual período do ano anterior.

O Nubank teve 5,8 milhões novos clientes no trimestre, chegando ao patamar recorde de 53,9 milhões de clientes, um crescimento de 61,9% ante dezembro de 2020. Do total, 52,4 milhões estão no Brasil, 1,4 milhão no México e 114 mil na Colômbia.

O que explica: pode parecer estranho para o Nubank, que na época do IPO (oferta inicial de ações) havia se tornado o banco mais valioso da América Latina –hoje está atrás do Itaú– ter seu primeiro lucro só agora.

É que a empresa, assim como outras techs, tem uma estratégia baseada no investimento para a captação de clientes, com a expectativa de que eles gerem receita para ela no futuro. A Tesla, por exemplo, só teve seu primeiro lucro anual em 2020.

Sobe e desce: após o IPO na Bolsa de Nova York, quando as ações da fintech foram precificadas em US$ 9, os papéis chegaram a mergulhar em janeiro para o patamar de US$ 6.

  • A empresa foi afetada pela maior aversão ao risco aos papéis de tecnologia diante da expectativa de alta dos juros nos EUA.
  • Desde então, as ações se recuperaram e atingiram mais de US$ 11 na semana passada, próximas do pico de dezembro.
  • Nesta terça, fecharam em queda de 10%, a US$ 8,80. Depois da divulgação do balanço, porém, as ações subiam 9% nas negociações pós-pregão.

Regulação de operações com criptos avança

A CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado aprovou nesta terça uma proposta que regulamenta as operações financeiras com criptomoedas no Brasil.

O texto, que vai direto para a Câmara dos Deputados caso não haja recurso para votação em plenário, também inclui as fraudes com essas moedas digitais no âmbito do código penal.

Entenda: pela proposta, o Banco Central será o responsável por conceder autorização para as empresas que prestam serviços de ativos virtuais (como as corretoras, por exemplo) no país.

Apesar de estar sendo chamada de um "marco regulatório das criptomoedas", o texto ainda prevê ato do Poder Executivo para estabelecer algumas das principais diretrizes.

Representação das criptomoedas Bitcoin, Ethereum, DogeCoin, Ripple e Litecoin sobre a placa-mãe de um computador
Representação das criptomoedas Bitcoin, Ethereum, DogeCoin, Ripple e Litecoin - Dado Ruvic/Reuters

Combate às fraudes: a proposta visa tipificar os crimes ligados a esses ativos digitais, sendo os de pirâmide financeira os mais comuns.

  • Para isso, altera o código penal brasileiro para incluir o crime de fraudes com criptomoedas, que terão pena de prisão de quatro a oito anos de prisão.
  • Também estabelece que os operadores de ativos virtuais também estarão incluídos na legislação de crimes contra o sistema financeiro.

Não é bem assim.. Apesar de trazer mais segurança ao investidor, o projeto dificilmente atingirá o objetivo de evitar que pessoas continuem operando em corretoras fora do país ou usem o sistema para crimes de lavagem de dinheiro, avaliam especialistas consultados pela Folha.

Ofensiva: a Folha já mostrou como o BC tem apressado a regulação de transações financeiras com criptomoedas no Brasil para conter a explosão de golpes e fraudes.

É diferente: esses projetos regulamentam as transações envolvendo as criptos, mas não impedem a sua comercialização e outras atividades relativas a elas, como fez a China em 2021 e também propôs o banco central russo no mês passado.


Sites fora do ar afetam entregas da Americanas

A Americanas completou nesta terça o terceiro dia sem vendas online nos sites do grupo (que também inclui Submarino e Shoptime).

A instabilidade motivou críticas de clientes, que reclamam nas redes sociais de não conseguirem acompanhar a entrega de seus produtos ou até mesmo retirá-los nas lojas físicas– que seguem operando.

Entenda: os sites foram retirados do ar pela empresa após um "acesso indevido" –termo que pode caracterizar um ataque hacker, mas a Americanas não confirma.

  • A falta de clareza na comunicação é parte do problema do despreparo das empresas para lidar com a cibersegurança, analisa Raphael Hernandes.
  • O prejuízo é significativo, já que cerca de dois terços das vendas da companhia são feitas online. A estimativa é de que a companhia esteja perdendo de R$ 110 milhões a R$ 145 milhões por dia. Após tombarem 6% na segunda, as ações da empresa caíram mais 5,40% nesta terça.
Fachada de loja da Americanas no Shopping Rio Sul, Rio de Janeiro
Fachada de loja da Americanas no Shopping Rio Sul, Rio de Janeiro - Reprodução

Não é só a Americanas: os casos recentes de ataques sofridos por empresas brasileiras e do exterior mostram que esse episódio não é isolado.

  • O risco fica claro no levantamento global da consultoria Accenture, ao apontar que mais da metade das empresas (55%) não combate ataques cibernéticos de forma efetiva.
  • A pesquisa com companhias com vendas anuais de US$ 1 bilhão (R$ 5,06 bilhões) ou mais também mostra que cada empresa registrou 270 ataques cibernéticos em 2021, um aumento de 31% frente a 2020. Desse total, 29 (11%) foram bem-sucedidos.

Privatização da Eletrobras avança mais um passo

Os acionistas da Eletrobras aprovaram nesta terça, em assembleia, a emissão de novas ações da companhia, passo importante para viabilizar a privatização da estatal.

Entenda: a fatia da União na empresa, hoje de 70%, será diluída para 45% após a emissão de novas ações. A proposta teve apoio de acionistas privados, mas foi alvo de protestos de sindicatos ligados a empregados da Eletrobras, que tentaram suspender a assembleia e não conseguiram.

  • Do recurso das vendas das ações, a empresa pagará ao governo R$ 32 bilhões da renovação das outorgas de usinas hidrelétricas que opera. Outros R$ 25,3 bilhões devem ser pagos pela mudança em contratos que já haviam sido renovados.
  • Na assembleia, o governo também aprovou as transferências da empresa em Itaipu e da Eletronuclear, operadora das usinas nucleares de Angra dos Reis, para a nova estatal chamada ENBPar.

Próximos passos: além de uma nova assembleia para aprovar as contas de 2021, o processo de privatização da Eletrobras precisará passar mais uma vez pelo TCU (Tribunal de Contas da União).

  • A corte de contas deve analisar o preço mínimo da ação, calculado por consultorias contratadas pelo BNDES, e que ficará sob sigilo. A estimativa é que o julgamento aconteça de 30 a 45 dias.
  • Essa é a parte considerada mais sensível daqui para a frente, pois um pedido de vista de um dos ministros pode atrasar a operação de maio para agosto, data mais próxima das eleições.
  • O primeiro julgamento no TCU, na semana passada, já deixou o mercado apreensivo por causa do voto divergente de um dos ministros, que poderia atrapalhar os planos de privatização. Os outros ministros acabaram rejeitando a proposta.

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