Descrição de chapéu LGBTQIA+

Disney sobe no muro sobre educação sexual nos EUA e funcionários fazem greve

Em documento interno, CEO relutou em determinar que empresa se opusesse à lei da Flórida

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Gerard Martinez
Miami | AFP

Funcionários da Disney nos Estados Unidos decidiram deixar seus locais de trabalho esta semana como protesto durante o intervalo diário. O motivo do descontentamento? A reação da empresa a uma lei que proíbe o ensino de questões de orientação sexual nas escolas da Flórida.

A lei virou uma dor de cabeça para a Disney antes mesmo da aprovação na semana passada no Parlamento do estado, onde a gigante do entretenimento emprega mais de 75 mil pessoas em seu parque temático de Orlando.

Os problemas começaram com um memorando interno enviado pelo CEO da empresa, Bob Chapek, em 7 de março, após uma reunião com integrantes da comunidade LGBTQIA+ da empresa.

Bob Chapek, presidente da Walt Disney Parks and Resorts, na cerimônia de 10º aniversário da Hong Kong Disneyland em Hong Kong, China - 11.set.2015/Reuters

No documento, citado por vários meios de comunicação locais, o executivo relutou em determinar que Disney manifestasse oposição à lei da Flórida. Chapek argumentou que as comunicações corporativas "fazem muito pouco para mudar as coisas ou as mentes" e, em vez disso, "são frequentemente usadas como armas por um lado ou outro para dividir".

A publicação das declarações desencadeou uma enxurrada de críticas, pois muitos as consideraram uma falta de apoio à comunidade LGBTI. Uma campanha para boicotar a empresa começou a circular nas redes sociais.

Entre as críticas mais severas está Abigail Disney, neta de Roy O. Disney, cofundador da empresa com seu irmão, Walt.

"Muitas pessoas LGBTI e seus aliados trabalham para a Disney ou buscam seu apoio", escreveu a ativista e documentarista no Twitter. "Mas Chapek está mais preocupado com a reação da direita do que seus leais apoiadores e funcionários".

A lei da Flórida, apelidada de "Não Diga Gay" pelos opositores, proíbe os professores de discutir questões de identidade de gênero e orientação sexual com seus alunos da pré-escola até a terceira série, quando eles têm oito ou nove anos.

Novos contratempos

A polêmica aumentou quando meios de comunicação revelaram que, entre os políticos que receberam doações da Disney na Flórida, havia vários senadores republicanos a favor da polêmica lei educacional.

Na última sexta-feira (11), Chapek anunciou, em um comunicado, a suspensão de todas as doações políticas na Flórida até novo aviso.

Mas a decisão não convenceu o grupo de funcionários LGBTQIA+ da Disney e os protestos foram convocados.

Em um texto publicado na internet, o coletivo exigiu o fim dos pagamentos a políticos envolvidos com a lei e criticou a direção da empresa por sua apatia.

"As declarações recentes e falta de ação dos diretores da Disney em relação à lei da Flórida não corresponderam à magnitude da ameaça à segurança da comunidade LGBTQIA+ que essa legislação representa", disse o comunicado.

"A Disney deve reafirmar o compromisso da empresa de proteger e defender sua equipe LGBTQIA+, mesmo diante de risco político", acrescenta.

A semana de manifestações terminará na próxima terça-feira (22) com uma greve geral convocada em todo o país.

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