Dólar fecha semana perto de R$ 5 e queda chega a 10% em 2022 com juro atraindo estrangeiro

Petróleo e minério em alta também favorecem câmbio e Bolsa

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Juros altos e a valorização das principais matérias-primas produzidas no Brasil voltaram a desvalorizar a cotação do dólar frente ao real nesta sexta-feira (18). No caso específico das commodities, os ganhos nesse segmento também impulsionaram uma nova alta na Bolsa de Valores.

O dólar fechou em queda de 0,39%, a R$ 5,0170. No decorrer do dia, chegou a recuar aos R$ 4,99. A moeda americana cedeu 0,71% no acumulado da semana. No ano, a desvalorização atingiu 10,02%.

No terceiro dia de ganhos consecutivos, o Ibovespa subiu 1,98%, a 115.310 pontos. Isso levou o índice de referência do mercado de ações do país a um crescimento semanal de 3,22%. No ano, a alta da Bolsa é de 10,01%.

Homem passa sobre ponte com painel eletrônico que apresenta indicadores financeiros das ações negociadas em Xangai, na China
Homem passa sobre ponte com painel eletrônico que apresenta indicadores financeiros das ações negociadas em Xangai, na China - Hector Retamal - 16.mar.2022/AFP

Mesmo com as oscilações provocadas pela aversão de investidores a mercados de risco desde o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro, algumas condições favoráveis à atração de recursos do exterior para o Brasil foram mantidas.

A principal delas é uma relação vantajosa dos juros brasileiros comparados aos oferecidos por outros países, segundo Zeller Bernardino, sócio da Valor Investimentos.

Nesta semana, o Banco Central do Brasil elevou a taxa Selic em um ponto percentual, para 11,75% ao ano, e sinalizou novos aumentos. "Isso faz com que o prêmio para aplicações em títulos públicos brasileiros compensem os riscos", diz Bernardino.

Atrativos para a renda fixa, os juros altos tradicionalmente desestimulam investimentos nas empresas e, consequentemente, tendem a desvalorizar ações na Bolsa de Valores. Mas não é isso o que está acontecendo neste ano.

Além de ter sido excessivamente desvalorizada no ano passado, a Bolsa brasileira tem nas suas grandes empresas do setor de commodities um dos principais atrativos a investidores estrangeiros, responsáveis por 53% das aplicações no mercado doméstico de ações.

Até a última quarta-feira (16), as informações da B3 eram de que o saldo de investimentos de estrangeiros em ações brasileiras era de R$ 73,5 bilhões. No entanto, no dia 1º de abril, a B3 informou que um erro inflou em 42% o dado de entrada de investimentos estrangeiros no primeiro trimestre deste ano; ainda não há um cálculo para o saldo correto em cada dia do ano.

Petróleo e minério de ferro, duas das principais matérias-primas produzidas no Brasil, estão em alta. Isso é resultado de uma combinação de aquecimento econômico devido à retirada das restrições de circulação provocadas pela pandemia de Covid-19 e, também, à possibilidade de redução da oferta devido à guerra na Ucrânia.

Nos últimos dias, a expectativa de aceleração econômica na China voltou a crescer devido a promessas de estímulos econômicos feitas por Pequim.

O barril petróleo Brent subiu 1,50%, a US$ 108,24 (R$ 545,58). Na véspera, a valorização da matéria-prima foi de 8,79%.

O crescimento da expectativa da demanda chinesa também impulsionou os contratos futuros de minério de ferro, que subiram 2,42% nesta sexta. O setor de produção de aço na China é o maior consumidor mundial da commodity.

Possibilidades de ganhos rápidos com grandes exportadores de commodities impulsionam as principais empresas do setor na Bolsa. As ações da Petrobras avançaram 2,13% e, as da Vale, 1,53%.

"O crescimento das exportações de commodities também é responsável por reduzir a nossa taxa de câmbio, pois essas empresas recebem em dólares, o que aumenta a oferta da moeda estrangeira no país", comenta Bernardino.

Nos Estados Unidos, os índices Dow Jones e Nasdaq subiram 0,80% e 2,05% nesta sexta, respectivamente.

O índice S&P 500, referência para o mercado americano, subiu 1,17%, encerrando a semana com ganho de 6,16%.

Na última quarta, o Fed (Federal Reserve, o banco central do país) anunciou a primeira elevação da sua taxa de juros desde 2018. O aumento de 0,25 ponto percentual era esperado por analistas. Também houve a indicação de mais seis altas até o fim do ano.

Apesar de confirmar o fim de uma era de política expansionista, o comunicado do Fed deu certa previsibilidade sobre os próximos passos da autoridade monetária na sua estratégia para tentar frear a maior inflação no país em 40 anos.

No acumulado do ano, o S&P 500 ainda acumula queda de 6,36%. A queda é basicamente resultado da correção realizada por investidores desde o início do ano diante da expectativa de elevação dos juros no país.

A guerra entre Rússia e Ucrânia, porém, também tem provocado oscilações no mercado.

Erramos: o texto foi alterado

O saldo de investimento estrangeiro em ações brasileiras até 16 de março não era de R$ 73,5 bilhões, como afirmara a B3 naquela data. No dia 1º de abril, a Bolsa informou que um erro inflou em 42% o dado de entrada de investimentos estrangeiros no primeiro trimestre deste ano. Também estava incorreto o saldo divulgado pela Bolsa para o ano passado, de R$ 102,3 bilhões. Os saldos de 2020 e 2021 anteriormente divulgados também estão incorretos, segundo a B3. Ainda não há um cálculo para o saldo correto em cada dia do ano. Este texto foi atualizado com as novas informações.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.