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Acordo Spotify/Barça simboliza uma nova era de patrocínio?

Spotify vai colocar seu nome na camisa do Barça e em seu lendário estádio por R$ 360 mi por ano

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Arno Tarrini
Paris | AFP

O muito lucrativo contrato de patrocínio entre a plataforma de streaming de música Spotify e o Barcelona marca, segundo especialistas, o início de uma "nova era", dominada pelos atores da economia digital.

"Criptomoedas, blockchain, NFT, serviços online, plataformas, programas de videoconferência... Os atores que estão aparecendo hoje são principalmente empresas ou marcas do setor tecnológico ou digital", diz Pierre-Emmanuel Davin, CEO da Nielsen Sports, empresa especializada em marketing esportivo. "São os atores que saem mais fortes da pandemia. Seus serviços são cada vez mais utilizados", acrescentou.

Spotify, a primeira plataforma de streaming do mundo, com mais de 400 milhões de usuários ativos, vai colocar seu nome na camisa do Barça e em seu lendário estádio Camp Nou por 70 milhões de euros (R$ 360 milhões) por ano até 2026, de acordo com a mídia catalã.

Logo do Spotify - Brendan McDermid/Reuters

Um antes e um depois na história do Barça, cujo lema é, na verdade, "Mais que um clube", e que durante muito tempo tentou resistir ao futebol empresarial apostando no seu centro de formação e na sua cultura.

Mas a pandemia, "o crescimento de uma dívida abissal" e a "necessidade de financiamento para a renovação do Camp Nou" (...) "aceleraram algumas reflexões", explica Magali du Montcel, delegada geral da Sporsora e especialista em economia do esporte.

De acordo com William Miller, professor de marketing esportivo na Universidade de Wisconsin-Parkside (EUA), "a pandemia pressionou as entidades esportivas a serem mais agressivas na busca de todas as fontes possíveis de receita, incluindo direitos de nomeação".

Para Pierre-Emmanuel Davin, é "a extensão de uma tendência subjacente, que se acelerou com a pandemia".

Cripto & Co

Para William Miller, "podemos estar assistindo ao início desta nova era" do patrocínio esportivo, dominada por esses recém-chegados (criptomoedas, serviços online, plataformas...).

"Mas deve-se salientar que os novos setores da indústria em crescimento tendem a ser compradores mais agressivos de direitos de nome e outros patrocínios esportivos altamente visíveis", acrescentou.

Isso explica a multiplicação, desde o início da pandemia, de contratos de patrocínio de empresas especializadas em criptomoedas.

A plataforma Crypto.com, que assumiu o nome do antigo Staples Center, sede lendária de duas franquias da NBA em Los Angeles, adota uma das estratégias de influência mais agressivas do setor, multiplicando parcerias com grandes entidades.

A empresa, já sócia do PSG e que aparece, por exemplo, nos circuitos de Fórmula 1 e nos monolugares Aston Martin, é um dos principais patrocinadores do Mundial do Catar. Na Primeira Liga, 18 de 20 clubes assinaram patrocínios com plataformas de criptomoedas nesta temporada, como Socios.com, OKX ou learncrypto.com.

Esses tipos de patrocinadores são cada vez mais numerosos nas quadras da NBA ou nas arquibancadas da Fórmula 1. É o caso da FTX, patrocinadora do estádio do Miami Heat e da equipe Mercedes, da Tezos, patrocinadora da camisa do Manchester United, e da equipe Red Bull, também patrocinada pela Bybit, outra plataforma de criptomoedas.

"Globalmente, projetam-se os investimentos de patrocínio de criptomoedas em US$ 5 bilhões até 2026, ou seja, um aumento de 800% a partir de hoje", explica Pierre-Emmanuel Davin.

"São empresas em busca de visibilidade, notoriedade. E usam o patrocínio como ferramenta para se dar a conhecer, para destacar seus produtos e serviços, principalmente entre os torcedores, que são públicos amplos, cativos, para criar audiências importantes", acrescentou.

Esse tipo de patrocinador, no entanto, deve enfrentar uma forte regulamentação. Muitas vezes eles não estão autorizados a fazer publicidade direta e escolhem "sistemas de fidelidade, pontos, fichas". O objetivo é tornar a criptomoeda "um elemento formador da experiência dos torcedores", conclui Pierre-Emmanuel Davin.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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