Esta é a edição da newsletter FolhaMercado desta quarta-feira (31). Quer recebê-la de segunda a sexta, às 7h, no seu email? Inscreva-se abaixo:
Brasil é principal destino de investimento chinês
Com investimentos em startups, infraestrutura e no setor de petróleo brasileiro, os aportes de empresas chinesas no Brasil mais que triplicaram em 2021 e voltaram ao nível pré-pandemia.
O país foi o principal destino do capital chinês no ano passado, com participação de 13,6% do total.
Em números: foram US$ 5,9 bilhões em 2021, valor 208% superior ao de 2020 em termos nominais, ano de queda por causa da pandemia, e o maior em quatro anos. Em todo o mundo, a alta foi de apenas 3,6% no ano passado.
Os números, que não consideram a inflação, são do Conselho Empresarial Brasil-China.
Destaques: a maior parte da grana (85%) foi para o petróleo, em especial para o acordo de coparticipação no campo de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos.
- Em volume de projetos, a área de tecnologia chama atenção. Na "bolinha de startups" do ano passado, o setor concentrou dez investimentos, quase um terço do total.
- Só a Tencent, dona do WeChat na China, colocou dinheiro nos unicórnios Nubank, QuintoAndar, Frete.com e nas startups Cora e Omie.
- A MSA Capital fez aportes em Nubank e nas foodtechs Cayena e Favo, enquanto a Ant Financial, fintech do Alibaba, comprou 5% da Dotz.
Outros destaques são a aquisição da fábrica da Mercedes-Benz em Iracemápolis (SP) pela Great Wall Motors e o leilão de privatização da CEEE-T, companhia de energia do Rio Grande do Sul.
Quem ganha e quem perde na MP do VA/VR
A medida provisória que altera regras do vale-alimentação e refeição tem até sexta (2) para ser sancionada, mas desagradou parte das empresas de benefícios ao trabalhador, que pedem veto do presidente Jair Bolsonaro (PL) a alguns artigos da proposta.
Entenda os pontos mais polêmicos:
Saque após 60 dias: é o tópico mais criticado pelas empresas. O projeto diz que o saldo não usado por 60 dias poderá ser retirado em dinheiro pelo trabalhador.
- A polêmica: as empresas afirmam que o artigo desvirtua o sentido da MP, já que nesse caso o trabalhador poderia usar o recurso para comprar qualquer coisa e não apenas alimentos.
Portabilidade: o trabalhador poderá escolher o cartão pelo qual vai receber os benefícios a partir de 1º de maio de 2023.
- A polêmica: aqui há uma divisão entre as empresas tradicionais e as novatas. A ABBT, que tem entre os associados Sodexo, Alelo e Ticket, diz que a norma cria dificuldade para os empregadores e que a falta de regulamentação traz riscos jurídicos.
- O iFood, que entrou no mercado há dois anos, diz que a medida colocará o poder de decisão na mão do trabalhador, mas também defende uma regulamentação. A fintech Caju diz que a falta de regramento pode prejudicar o setor.
Pagamento aberto: o trabalhador poderá utilizar o cartão em restaurantes que não sejam credenciados pela bandeira dele, desde que aceitem algum vale.
- A polêmica: as operadoras tradicionais são contra e afirmam que não será possível garantir a qualidade da rede de restaurantes. As mais novas são a favor e dizem que terá mais competição e facilidade no uso do benefício.
Outras mudanças da MP: o texto proíbe que empresas de VA cedam descontos para os empregadores que contratam o serviço para seus funcionários. A medida ainda veda gastos que não sejam para a compra de alimentos, caso das bebidas alcoólicas, por exemplo.
O drama dos pubs britânicos
A crise da energia que elevou custos em toda a Europa agora ameaça a sobrevivência de uma tradição dos britânicos: os pubs.
O alerta parte de seis das maiores cervejarias do país, que pediram "intervenção imediata do governo" nas altas contas de energia, cujo valor chegou a aumentar 300% para alguns proprietários.
O que explica: a origem da crise energética está na guerra da Ucrânia, que limitou a oferta de gás russo à Europa e fez os preços dispararem. O gás é usado por lá em diversos setores da economia e também para aquecer as residências.
- Alguns donos de pubs relatam estar gastando mais com energia do que com aluguel, em um momento que o número de bares na Inglaterra e no País de Gales está no menor nível desde ao menos 2005 –eram 39.970 em junho.
- Para piorar, a maior produtora de dióxido de carbono (CO2) anunciou que vai diminuir a produção por causa dos custos. O gás é usado na fabricação das cervejas.
Verão do descontentamento: já mostramos como a inflação puxada pela energia resultou em uma leva de greves pelo país. As paralisações são comparadas às do "inverno do descontamento" no final da década de 1970 e serão um desafio para o próximo premiê.
Alívio: nesta terça, a UE (União Europeia) atingiu sua meta de armazenamento de gás para o inverno dois meses antes do previsto, anunciou Ursula Von Der Leyen, presidente da Comissão Europeia.
- A média no continente chegou a 80%, diminuindo os temores de uma escassez no inverno, período em que as residências mais usam o insumo.
O 'inferno astral' do IRB
As ações da resseguradora IRB desabaram 7,52% nesta terça, a R$ 1,72, em meio a uma maré de notícias negativas que afeta os papéis da empresa desde o início de 2020.
A queda atual acontece por uma emissão de novas ações do IRB para a empresa levantar no mercado R$ 1,2 bilhão e se adequar a uma exigência regulatória da Susep (Superintendência de Seguros Privados).
Entenda: para atingir o montante desejado, a companhia anunciou em 24 de agosto a oferta, inicialmente, de até 597 milhões de ações ao mercado. Considerando o preço de fechamento naquele dia (R$ 2,01), as contas fechavam para o R$ 1,2 bi.
- Só que o IRB também informou que o montante pode ser elevado em até 200%, ou quase 1,2 bilhão de ações, a depender da demanda dos investidores.
- Os analistas fizeram o cálculo desse cenário e perceberam que totalizaria em uma oferta de 1,8 bi de ações para levantar R$ 1,2 bilhão, trazendo o valor da cotação para R$ 0,66.
Os investidores então aumentaram a posição "vendida" na empresa –quando apostam na queda das ações–, e os papéis já caíram cerca de 12,5% desde o anúncio da oferta. No ano, afundam 56%.
De queridinha a evitada: no intervalo de maio de 2018 até fevereiro de 2020, quando relatório da gestora Squadra acusou a empresa de maquiar os números do balanço, as ações do IRB tinham disparado 200%.
- Desde a acusação da Squadra, em 3 de fevereiro de 2020, a queda acumulada é de cerca de 95%.
- Em meio às dúvidas acerca dos números da companhia, ainda em 2020, uma fala da diretoria com analistas deu a entender que a Berkshire Hathaway, fundo de Warren Buffett, teria começado a investir na empresa, o que valorizou as ações na época.
- Pouco tempo depois, a Berkshire foi curta e grossa ao dizer que nunca foi e não teria intenção de ser acionista do IRB.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.