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Fundo árabe quer comprar BK
A Zamp (ex-BK Brasil), grupo responsável pelas operações do Burger King e do Popeyes no país, anunciou nesta segunda (1º) ter recebido uma proposta do fundo árabe Mubadala Capital, que quer assumir o controle da companhia.
A compra de 45,15% das ações seria feito via OPA (oferta pública voluntária para aquisição do controle da companhia). O conselho de administração da Zamp disse que divulgará parecer sobre a oferta em até 15 dias.
A proposta: a MC Brazil F&B Participações S.A, controlada pelo fundo árabe, ofereceu R$7,55 por ação, numa operação de R$938,6 milhões.
- Como já possui 4,95% do capital da empresa, o fundo assumiria o controle da Zamp caso a compra de 45,15% das ações fosse bem sucedida.
- A oferta representa um prêmio de 21,6% sobre o preço de fechamento das ações na última sexta (29). Após a valorização de 18% nesta segunda, os papéis encerraram o pregão em R$ 7,39.
Não é a primeira vez: o Burger King esteve envolvido recentemente em outra oferta acionária . Em julho do ano passado, a rede anunciou a intenção de se unir à rede Domino's no Brasil.
- A operação seria feita via troca de ações e na época avaliava o "rei do hambúguer" em R$ 11,12 por ação –valor superior à oferta do Mubadala.
- A rede de fast food desfez o negócio meses depois, após pressão de acionistas diante da queda de 40% das ações no período.
O Mubadala Capital, braço de gestão de ativos do fundo soberano dos Emirados Árabes Unidos, administra US$ 284 bilhões (R$ 1,46 trilhão) ao redor do mundo.
- Entre os investimentos no Brasil, é dono da refinaria de Mataripe, na Bahia, após comprá-la da Petrobras por R$ 10 bilhões.
5G em SP
Após uma força-tarefa na semana passada, as operadoras conseguiram convencer a Anatel a liberar o sinal 5G na capital paulista a partir desta quinta (4).
O que mudou: a cidade não estava cotada entre as próximas para receber o aval, mas as teles concentraram os esforços para "limpar" a faixa de 3,5 GHz, frequência do 5G, com instalação de filtros nas antenas parabólicas e de celular.
O procedimento é necessário para evitar interferências.
Os detalhes: foram instaladas 890 antenas, o dobro do mínimo exigido pela Anatel. A cobertura está concentrada no centro expandido, entre as marginais Tietê e Pinheiros, e pega também uma parte da zona oeste e o início da zona sul
- A área de maior concentração de antenas é também onde há mais prédios empresariais, polos de empregos e famílias com maior poder aquisitivo.
Entraves desaceleram o 5G no Brasil: a Folha mostrou na semana passada como a falta de chips e de dispositivos atualizados para o 5G "puro" reduzem o potencial da chegada da novidade aos brasileiros.
- Veja aqui quais celulares são compatíveis, se é preciso trocar de chip e outras dúvidas acerca da tecnologia de quinta geração.
As próximas da lista: Goiânia, Salvador, Curitiba e Rio de Janeiro devem vir na sequência. A estreia foi em Brasília, e na última sexta o serviço foi expandido para Belo Horizonte, Porto Alegre e João Pessoa.
Análise | Luca Belli: o que é o 5G e por que precisamos ser mais objetivos sobre sua 'chegada'.
Amazon nas favelas
A Amazon é a mais nova gigante do ecommerce nacional a ampliar sua presença em favelas do Brasil.
A estreia do novo modelo foi feita em Paraisópolis, segunda maior favela da cidade de São Paulo, local que é palco de iniciativas semelhantes.
Como funciona: a Amazon fará entregas, inclusive aos domingos e feriados, em parceria com a Favela Llog.
- A startup é uma joint venture da Holding de Favelas com a Luft Logistics e está presente em 100 favelas e 10 bairros do Rio de Janeiro, onde já realiza entregas da Natura e da P&G.
- As encomendas da Amazon chegarão às casas de Paraisópolis por entregadores que moram no local.
Por que importa? Iniciativas como essa podem contribuir para reduzir uma desigualdade que ficou escancarada com a digitalização provocada pela pandemia: o "preconceito de CEP".
- Ele é caracterizado pelos obstáculos enfrentados por quem mora na periferia e tem dificuldade para receber encomendas em casa.
Outros projetos: Paraisópolis também abriga um projeto feito em parceria entre Google, Americanas e a startup de entregas Favelas Brasil Xpress.
- A big tech usou o seu Plus Code, um código universal que resume coordenadas com grande precisão, para cadastrar endereços digitais de mais de 100 mil moradores da favela.
- A Americanas integrou a tecnologia em sua plataforma de ecommerce e encaminha as entregas via Favelas Brasil Xpress.
- Com 400 pessoas contratadas, a startup tem parceria com mais nove empresas: DHL, Total Express, Magalu, Riachuelo, Shopee, Mercado Livre, Casas Bahia, Brasileiríssimo e GFL
Deflação da carne de porco
Em época de vacas magras no orçamento dos brasileiros, os preços da carne de porco podem servir como um alívio para o impacto da inflação no bolso dos consumidores.
Em números: no acumulado de 12 meses até junho, os preços do produto registraram queda de 5,21%, de acordo com o IBGE. É a maior baixa entre os 18 cortes que compõem a variação das carnes no IPCA.
O que explica:
- China: o país vinha importando mais carne de porco brasileira enquanto os produtores locais tinham problemas com a peste suína africana. Agora, os rebanhos parecem se normalizar e as embarcações rumo à Ásia diminuíram.
- Aumento da produção: essa demanda chinesa nos últimos anos pressionou o preço do porco e incentivou mais gente a entrar no jogo. Hoje, o abate de suínos bate recorde, mas não há quem compre.
Alternativa barata: o brasileiro não é tão fã da carne de porco como são os chineses. Aqui, ela ainda fica atrás das proteínas do frango e do boi.
- O cenário pode mudar ao menos em parte com a carestia das outras carnes, cujos preços chegam a registrar dois dígitos de valorização em 12 meses.
- Quem sabe a escolha do brasileiro A Casa do Porco como 7º melhor restaurante do mundo não ajude a mudar o paladar dos brasileiros?
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