CEO do BTG descarta 'barbeiragem na economia', a despeito de quem vencer eleição

'Felizmente, a gente chegou em um consenso mínimo do que dá e do que não dá para fazer na economia', diz executivo

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Paula Arend Laier
São Paulo | Reuters

O presidente-executivo do BTG Pactual, Roberto Sallouti, disse nesta quinta-feira (15) que seu cenário base considera que não haverá "barbeiragem" na economia, independente de quem vença a eleição presidencial no Brasil em outubro.

"Felizmente, a gente chegou em um consenso mínimo do que dá e do que não dá para fazer na economia, então qualquer que seja o candidato, a gente acha que não vai ter nenhuma barbeiragem na economia, esse é o cenário base", afirmou no Women Invest Summit, em São Paulo, voltado para mulheres investidoras.

Ele ponderou que, se houver uma mudança de poder, é necessário ver se será exatamente isso e quem será indicado como ministro da Economia.

"(De) um candidato a gente sabe quem vai ser (o ministro), do outro a gente não sabe. Agora, a nossa experiência, os sinais que estão sendo passados, nos levam a crer nisso."

Roberto Sallouti, CEO do BTG Pactual, homem de cabelos pretos, terno escuro e gravata preta
Roberto Sallouti, CEO do BTG Pactual, em almoço de confraternização dos dirigentes de bancos - Zanone Fraissat - 2.dez.2019/Folhapress

Sallouti observou que, pela primeira vez em uma eleição, a volatilidade no mercado brasileiro está sendo causada mais pelo cenário externo, embora não descarte "algum barulho" por causa do pleito.

Ele avalia que os Estados Unidos devem ainda ter altas fortes nos juros e que a taxa no final do ciclo será mais alta do que o esperado, enquanto a queda depois será mais demorada do que o previsto.

Em relação à Europa, o executivo chamou a atenção para a "inflação galopante e crise energética seríssima". Ele avaliou que o Banco Central Europeu precisará subir o juro fortemente, o que, com a crise de energia, deve provocar uma recessão.

"Todo mundo fala que a inflação, seja europeia, seja americana, é uma inflação de oferta. Desculpa, não é verdade. Ela é em parte de oferta, mas é muito também inflação de demanda, especialmente em serviços, só ver as taxas de desemprego, que estão nas mínimas", afirmou.

Ele acrescentou que, para a inflação voltar a o patamar de 2%, haverá sofrimento, e esse sofrimento será via desemprego.

Sallouti também destacou a situação na China, que, segundo ele, vive o seu momento "Lehman Brothers" com a crise da empresa de desenvolvimento imobiliário Evergrande, que está contaminando o setor, minando a confiança no setor da construção.

Isso, segundo ele, atrelado aos lockdows, às políticas de Covid zero, estão levando o crescimento chinês muito baixo. Ele disse que nos últimos 20 anos sempre se pensou sobre quando haveria uma crise na China e o país sempre conseguia resolver, e que o cenário base é de que isso aconteça novamente.

"Mas vale acompanhar, porque pode ter uma surpresa ainda."

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