Ações chinesas desabam com Xi mais poderoso, como empresas calculam emissões e o que importa no mercado

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Concentração de poder de Xi derruba ações chinesas

A confirmação de um terceiro mandato para Xi Jinping no comando da China não foi uma surpresa, mas a cúpula do Partido Comunista formada apenas por aliados derrubou as ações de empresas chinesas nesta segunda, principalmente das negociadas nos EUA.

Em números: o índice de ações de Hong Kong despencou 6,36%, no seu pior dia desde 2008, quando eclodiu a crise financeira nos EUA.

  • Ações de gigantes chinesas negociadas nas Bolsas americanas caíram ainda mais. É o caso de Alibaba (-12%), Pinduoduo (-24%), JD.com (-13%) e Baidu (-12%).

O que explica: os investidores avaliaram a nova formação da cúpula do Partido Comunista como uma forma de Xi centralizar ainda mais poder.

  • Ele deve ganhar mais força para adotar a chamada "prosperidade comum", termo usado pelo mandatário para tratar da distribuição menos desigual de riquezas e promoção do bem-estar social.

E o que muda para o Brasil? O modelo econômico de Xi deve priorizar o crescimento baseado no consumo das famílias e diminuir a força dos investimentos em infraestrutura e empreendimentos imobiliários, segundo especialistas ouvidos pela Folha.

  • Na Bolsa brasileira, as mais favorecidas devem ser as empresas ligadas ao agro, principalmente os frigoríficos e as companhias com atividades voltadas à exportação de grãos, como soja, milho, sorgo, cevada e trigo, usados na ração dos animais.
  • As prejudicadas podem ser as ligadas às commodities metálicas, com o freio no setor imobiliário. Entre elas, estão Vale, CSN e Usiminas, cujas ações caíram 2,97%, 8,10% e 2,82%, respectivamente, nesta segunda.

Bolsa despenca após Jefferson

O mercado financeiro brasileiro começou a semana em forte aversão ao risco repercutindo a crise envolvendo Roberto Jefferson (PTB) e seu impacto na campanha à reeleição de Jair Bolsonaro (PL).

Em números: puxado pelas estatais, o Ibovespa tombou 3,27%, aos 116.012 pontos, mesmo com um dia positivo lá fora. Foi a maior queda diária do principal índice acionário brasileiro desde novembro do ano passado.

  • O dólar disparou 2,97%, a R$ 5,30, e o real teve o pior desempenho tanto na comparação com divisas de países emergentes quanto em relação às principais moedas globais.

O que explica: a crise envolvendo Roberto Jefferson, que foi preso pela Polícia Federal depois de tentar resistir à ordem judicial. O episódio fez uma parte do mercado reavaliar as chances de reeleição de Bolsonaro, candidato de agenda percebida como mais liberal.

  • Analistas consideram que, embora seja difícil avaliar o impacto do evento sobre a campanha do atual presidente, é possível que a crise esteja entre os fatores que levaram ao tombo desta sessão.
  • O movimento de queda foi também uma correção da forte alta da semana passada, quando a Bolsa subiu 7%, mais que os pares do exterior. No período, as pesquisas eleitorais mostravam uma aproximação nas intenções de votos dos dois candidatos.

Entre as empresas, os destaques ficaram para o tombo de 10% de Banco do Brasil e de 9% para os papéis da Petrobras.

  • As ações de estatais caíram mais porque a visão geral do mercado é a de que Bolsonaro deve ter uma agenda menos intervencionista nessas companhias em relação a Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Mais sobre investimentos:

  • Michael Viriato, do blog De Grão em Grão, explica como o risco de crédito de uma renda fixa que só sobe pode ser muito pior que um fundo com maior volatilidade.

Como empresas calculam suas emissões

A quantidade de empresas que relatam suas emissões de carbono dobrou nos últimos três anos e atingiu patamar recorde no Brasil.

Em números: foram 305 companhias que publicaram inventário de gases de efeito estufa em 2021. Em 2018, 145 organizações fizeram a divulgação, aponta levantamento do FGVces (Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas).

  • Os dados são do Registro Público de Emissões, método adaptado de um dos mais usados no mundo para fazer inventário de emissões: o GHG Protocol (protocolo de gases de efeito estufa, em inglês).
  • A maioria das empresas que publica os inventários na plataforma é de grande porte, tem capital aberto na Bolsa e pertence aos setores financeiro, varejo, energia e agronegócio.

Por que importa: a padronização dos cálculos de emissão é essencial para garantir transparência e evitar o greenwashing ("lavagem verde") –quando a empresa diz levar a sério a agenda ESG, mas não toma ações concretas nesse sentido.


Como é feito o cálculo: ele não considera apenas o carbono diretamente liberado pela atividade produtiva. É dividido em três escopos:

  • Escopo 1: são as emissões geradas diretamente pelas operações da companhia.
  • Escopo 2: gases liberados indiretamente no consumo de energia.
  • Escopo 3: pega todo o resto, desde viagens de negócios até compra de matéria-prima, transporte de produtos e fornecedores. Ele costuma concentrar a maioria das emissões.

Faturas de compras e de energia elétrica, registros de imóveis, maquinário e veículos, viagens de funcionários…Veja aqui mais detalhes de como as empresas calculam suas emissões de gases de efeito estufa.


As mais endividadas do mundo

Montadoras de automóveis e empresas de telecomunicação estão entre as companhias mais endividadas do mundo. Mas fazer parte dessa lista não necessariamente é algo negativo.

Entenda: os empréstimos podem ser a melhor forma de as empresas conseguirem recursos para investir em novas tecnologias e, assim, aumentar a rentabilidade de suas operações.

Em números: a lista da gestora Janus Henderson com as empresas mais endividadas considera números de 2021 e é encabeçada por Toyota e Volkswagen, que somavam dívida líquida de US$ 186 bilhões e US$ 185 bilhões, respectivamente.

  • Na sequência, vêm AT&T, Verizon e a alemã Deutsche Telekom, com US$ 182 bilhões, US$ 174 bilhões e US$ 153 bilhões em dívidas cada.

E aqui? A Folha mostrou no início do mês como os juros altos e a necessidade de investimentos pressionaram o endividamento das companhias brasileiras.

  • O levantamento da plataforma Trademap considerou as empresas do Ibovespa com o maior nível de endividamento até junho de 2022 e usou o indicador de relação entre dívida líquida e Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações).
  • O mercado costuma usar essa métrica para avaliar em quantos anos o débito seria pago apenas com os recursos gerados pelas operações.

O ranking das mais endividadas é liderado pela companhia aérea Azul, com a dívida líquida superando o Ebitda em 8,3 vezes.

  • Na sequência, vêm Hapvida (5,2x), Cogna (4,7x), Embraer (4,4x) e Ecorodovias (4,3x). Veja o resto da lista aqui.
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