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Fábrica do iPhone na China transfere produção após trabalhadores fugirem de isolamento contra Covid

Funcionários pularam portões e andaram quilômetros para abandonar a montadora, acusada de não fornecer condições adequadas de trabalho

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Gloria Li Ryan McMorrow Nian Liu
Hong Kong e Pequim | Financial Times

A principal montadora do iPhone da Apple, o grupo taiwanês Foxconn, está se preparando para transferir sua produção a outras áreas da China, depois que trabalhadores começaram a fugir de seu principal centro de montagem, para escapar de um surto cada vez mais forte de Covid-19.

Funcionários do governo municipal de Zhengzhou na segunda-feira enviaram ônibus encarregados de transportar pessoal para fora da principal fábrica da Foxconn na cidade, onde, segundo os trabalhadores, a empresa não está conseguindo fornecer alimentação adequada ou um ambiente de trabalho seguro durante o surto. A situação representa um desafio para as cadeias de suprimento da Apple.

Analistas dizem que o complexo fabril responde por cerca de 60% da capacidade de montagem de iPhones da Foxconn.

Logo da Foxconn em prédio da companhia em Taipei, Taiwan - Carlos Garcia Rawlins - 31.out.2022/Reuters

"Estamos em época de pico de produção, neste momento, e portanto precisamos de muitos trabalhadores de linha de montagem. Nossa empresa está coordenando a criação de capacidade de produção de reserva em outros locais", disse um porta-voz da fábrica da Foxconn à mídia estatal chinesa.

As ações da Hon Hai Precision Industry, controladora da Foxconn, cotadas no mercado de Taiwan, sofreram uma queda de 1,4% na segunda-feira.

"Com a atual situação de pandemia, estamos em meio a uma guerra prolongada para tentar fazer nosso trabalho de manter mais de 200 mil trabalhadores seguros", anunciou a Foxconn em um comunicado aos mercados divulgado na noite de domingo.

A Apple tem maior parte de sua cadeia de suprimento sediada na China, o que expõe o grupo de tecnologia americano às consequências da política de Covid zero adotada pelas autoridades de Pequim.

Ming-chi Kuo, analista da corretora TF International Securities, estimou que a situação em Zhengzhou afete "mais de 10% da capacidade mundial de produção do iPhone".

Mas Kuo disse que o surto de Covid ainda não estava afetando negativamente as previsões quanto a embarques de iPhones para a Apple no trimestre em curso. "A expectativa é que a capacidade de produção da Foxconn melhore gradualmente nas próximas semanas, e o impacto sobre os embarques do iPhone no quarto trimestre de 2022 deve ser limitado", ele disse.

As autoridades locais chinesas no domingo atribuíram à Foxconn a responsabilidade de ajudar os trabalhadores a voltar para casa e determinaram que a empresa precisa melhorar as condições da fábrica, depois que fotos e vídeos mostrando centenas de trabalhadores abandonando o local a pé viralizaram em redes sociais.

Dois trabalhadores da Foxconn que decidiram se isolar em quarentena dentro do complexo fabril disseram que as linhas de montagem da fábrica contavam com pouco pessoal na segunda-feira. "Na minha estação de trabalho, ninguém disse estar trabalhando", afirmou um dos funcionários da Foxconn, que pediu que seu nome não fosse mencionado.

Um terceiro trabalhador disse que estava tentando decidir se deveria se apresentar para o trabalho na noite de segunda-feira. "A pandemia me assusta, mas preciso ganhar dinheiro", ele afirmou, acrescentando que as linhas de montagem já estavam tensas na semana passada devido à escassez de trabalhadores.

Analistas do banco Morgan Stanley informaram que estavam monitorando a situação, já que o quarto trimestre "é o período de pico para remessas do iPhone".

"Zhengzhou é um dos principais locais de produção da Foxconn, particularmente para a montagem do iPhone", eles apontaram em um relatório.

As autoridades bloquearam determinadas áreas de Zhengzhou, em uma tentativa de controlar o mais recente surto de Covid na cidade. Na segunda-feira, as autoridades de Zhengzhou, uma cidade de mais de 10 milhões de habitantes, reportaram 40 casos novos de Covid.

Foxconn e Apple não responderam imediatamente a pedidos de comentários.

(Tradução de Paulo Migliacci)

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