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Especialistas alertam para risco de desinformação no Twitter à véspera da eleição nos EUA

Elon Musk, novo proprietário, é criticado pelo plano de afrouxar moderação na rede social

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Hannah Murphy Tabby Kinder
San Francisco | Financial Times

Elon Musk enfrenta um teste de como administrar a desinformação e o discurso de ódio no Twitter enquanto os Estados Unidos votam nas eleições de meio de mandato, dias depois que o bilionário demitiu funcionários que policiavam o conteúdo dos usuários.

Os críticos já tinham manifestado preocupações sobre a intenção de Musk de reduzir a moderação de conteúdo em sua recém-adquirida empresa de rede social quando ele começou a implementar um plano de demitir a metade da força de trabalho de 7.500 funcionários do Twitter, incluindo membros da equipe de "confiança e segurança".

Então, no sábado (5), o Twitter disse em atualizações de seu aplicativo na App Store que estava lançando um novo serviço de assinatura em alguns lugares, incluindo Estados Unidos e Reino Unido, cobrando dos usuários US$ 7,99 por mês (R$ 41) por um produto que incluiria verificações "Blue Tick". "Podem me xingar o dia todo, mas vai custar US$ 8", Musk postou no Twitter em sua conta pessoal verificada.

Logo do Twitter em sua sede em San Francisco, Califórnia - Constanza Hevia - 28.out.2022/AFP

As medidas ocorrem antes das eleições na terça-feira (8) que decidirão o controle do Congresso.

Musk, executivo-chefe da Tesla e da SpaceX, enfrenta uma série de desafios enquanto tenta reformular o modelo de negócios do Twitter, incluindo o pagamento de juros anuais de US$ 1 bilhão (R$ 5 bilhões) sobre sua dívida de US$ 13 bilhões (R$ 66,1 bilhões), litígios de ex-funcionários e uma possível disputa legal com ex-executivos.

As principais marcas também suspenderam a publicidade na plataforma por temer que Musk, um autoproclamado "absolutista da liberdade de expressão", abrandasse a moderação de conteúdo.

Isso colocou em destaque Yoel Roth, chefe de confiança e segurança do Twitter e um dos poucos executivos da gestão anterior que continuam no cargo. Roth disse em um tuíte na sexta (4) que os cortes de empregos afetaram cerca de 15% da equipe de confiança e segurança, "com nossa equipe de moderação na linha de frente experimentando o menor impacto". Ele acrescentou: "Nossos principais recursos de moderação permanecem implantados".

No entanto, Chris Krebs, ex-diretor da Agência de Segurança Cibernética e Infraestrutura dos EUA, uma unidade do Departamento de Segurança Interna, disse em um tuíte no fim de semana que o novo modelo de assinatura para perfis verificados, parte do lançamento do produto "Twitter Blue" de Musk, foi um "grande risco" à véspera das eleições, durante as quais a "fonte de informações é crítica".

Ele descreveu o novo modelo de verificação da identidade dos usuários como o Twitter "aceitando seu dinheiro e sua palavra".

Edward Perez, ex-diretor de gerenciamento de produtos do Twitter, cuja equipe se concentrou na cobertura das eleições, disse em um tuíte que o esquema de verificação era "um choque entre ganhar dinheiro e validar a autenticidade [...] Apressar isso dias antes da eleição é uma má ideia".

Respondendo às preocupações sobre o sistema de verificação, Musk disse no domingo (6) que "qualquer conta do Twitter que faça caricatura sem especificar claramente a 'paródia' será suspensa permanentemente".

Ele acrescentou: "Antes, emitíamos um aviso antes da suspensão, mas agora que estamos lançando a verificação generalizada não haverá aviso. Isso será claramente identificado como uma condição para se inscrever no Twitter Blue".

No domingo, The New York Times citou fontes dizendo que o Twitter adiaria o lançamento do novo sistema de verificação até o dia seguinte à eleição. Um porta-voz do Twitter não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

Musk sugeriu mais reformas para os usuários do Twitter no fim de semana, incluindo a mudança da função de busca do site; a capacidade de anexar textos longos aos tuítes, que são limitados a 240 caracteres; e a introdução da "monetização do criador", o que poderá permitir que usuários com grande número de seguidores ganhem dinheiro com seu conteúdo.

No entanto, ele enfrenta uma batalha para convencer grandes marcas como General Motors, Mondelez, Carlsberg, Volkswagen e General Mills a retomar a publicidade na plataforma, que depende de anúncios para a maior parte de sua receita, depois que as empresas suspenderam o marketing por preocupações com a moderação de conteúdo.

Musk também terá que mitigar as consequências do corte de aproximadamente a metade da força de trabalho da empresa, enquanto tenta reforçar as finanças do Twitter para cumprir pagamentos de juros anuais de US$ 1 bilhão sobre a dívida que o ajudou a financiar a aquisição da empresa, por US$ 44 bilhões.

Os demitidos receberam um e-mail em seu endereço pessoal e tiveram cancelados o acesso ao e-mail da empresa e aos canais do aplicativo interno Slack.

"Em relação à redução da força do Twitter, infelizmente não há escolha quando a empresa está perdendo mais de US$ 4 milhões por dia", escreveu Musk na plataforma.

Aqueles que permaneceram receberam uma mensagem no e-mail corporativo dizendo que "não foram impactados pela redução da força de trabalho". Embora a redação exata variasse conforme o local, os funcionários foram informados de que Musk estava ocupado conhecendo funcionários, usuários, formuladores de políticas e parceiros, e que em breve estaria comunicando sua "visão" a eles.

A maioria das equipes, como a de políticas, foi reduzida pela metade, de acordo com pessoas familiarizadas com a situação. Outras, incluindo comunicações, direitos humanos e a equipe de ética de aprendizado de máquina, foram demitidas, disseram ex-funcionários, restando apenas um punhado deles.

Cinco ex-funcionários entraram com uma ação coletiva contra o Twitter na Justiça federal em San Francisco no final da semana passada, alegando que não receberam aviso prévio suficiente, conforme as leis federais e da Califórnia, de que perderiam seus empregos.

Musk também poderá enfrentar litígios porque rescindiu contratos com vários executivos graduados, como Parag Agrawal, o executivo-chefe, e Vijaya Gadde, chefe de jurídico, políticas e confiança, "por justa causa", disseram duas pessoas informadas sobre a situação, o que significa que ele alegou ter uma justificativa legal válida para fazê-lo e, portanto, as indenizações podem ser anuladas.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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