Inflação nos EUA desacelera, alivia pressão dos juros e Bolsa americana dispara

Alta de 7,7% em outubro está abaixo da esperada por analistas; ações disparam

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São Paulo

A inflação nos Estados Unidos acumulada em 12 meses até outubro aumentou 7,7%, informou o governo americano nesta quinta-feira (10). Esse número representa um crescimento menor do custo de vida do que o registrado até o mês passado e revela uma desaceleração constante nos últimos meses. Além disso, o indicador veio abaixo do esperado. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam que a alta seria de 7,9%.

Até setembro, o índice de preços ao consumidor americano acumulava alta de 8,2% em 12 meses, depois de ter subido 8,3% em agosto e ter atingido um pico de 9,1% em junho, que foi o maior avanço do custo de vida desde novembro de 1981. Esses patamares, porém, ainda são muito superiores à meta de 2% para a inflação anual do país.

Consumidor com carrinho de compras em supermercado de Manhattan, na região central da cidade de Nova York
Consumidor com carrinho de compras em supermercado de Manhattan, na região central da cidade de Nova York - Andrew Kelly - 28.mar.2022/Reuters

É a necessidade de lidar com a maior inflação em 40 anos que vem forçando o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) a aplicar uma alta de juros histórica, principal motivo para que as Bolsas americanas estivessem no rumo do pior resultado anual desde a crise financeira de 2008.

"Os dados de hoje são um indicador importante sobre a próxima decisão do Fed, que deve desacelerar as altas de juros", comentou Beto Saadia, economista e sócio da BRA BS.

O mercado de ações em Nova York reagiu com forte alta à desaceleração da inflação. O índice Nasdaq disparou 7,35%. Esse segmento possui muitas empresas do setor de tecnologia com grande potencial de crescimento, mas que dependem de juros baixos para isso.

O indicador parâmetro da Bolsa americana, o S&P 500, saltou 5,54%. Já o Dow Jones, que acompanha 30 grandes empresas do país, avançou 3,70%.

Esses ganhos resultaram no melhor dia para as ações do país desde a corrida de recuperação após o tombo provocado pela pandemia em 2020.

Também houve desaceleração na inflação do núcleo do índice, que exclui os preços de energia e alimentos porque são considerados muito voláteis para permitir uma avaliação mais precisa da situação.

O núcleo mostrou que a inflação acumulada em 12 meses subiu 6,3% em outubro, abaixo dos 6,6% em setembro, que foi o maior aumento desde agosto de 1982.

Na comparação mensal com setembro, o índice de preços subiu 0,4% em outubro, mesmo ritmo do mês anterior.

No início deste mês, Federal Reserve ampliou os juros de referência do país pela sexta vez em 2022, sendo o quarto aumento seguido de 0,75 ponto percentual. A taxa está atualmente em patamar entre 3,75% e 4% ao ano.

Jerome Powell, presidente do Fed, disse ao divulgar a taxa neste mês que "será apropriado reduzir o ritmo do aumento [dos juros]" em breve, mas destacou que o mercado de trabalho aquecido e, principalmente, a persistente alta da inflação obriga a autoridade a "manter a política restritiva [juros elevados] por algum tempo", comentou.

O ritmo de aceleração dos juros é o mais rápido no país em mais de quatro décadas e, além disso, antes de junho deste ano, a última vez que a taxa tinha subido em 0,75 ponto foi em 1994.

"Vamos manter o curso até que o trabalho esteja feito", afirmou Powell, ao reforçar que o objetivo é retornar à inflação de 2% ao ano.

Tornar o crédito mais caro é a maneira mais impactante adotada pela autoridade monetária para retirar dinheiro de circulação.

Essa é normalmente a principal medida adotada por bancos centrais na tentativa de frear a inflação que avança em diversas partes do mundo.

A aceleração dos preços em escala global teve início neste ano ainda como reflexo das falhas no abastecimento provocadas pela pandemia, problema que se agravou com a Guerra da Ucrânia.

Nos Estados Unidos, o comitê responsável pela política monetária do Fed, mais conhecido pela sigla Fomc, vem aprovando elevações da taxa do banco central desde março, quando o indicador estava praticamente zerado.

Existe o receio, porém, de que o custo desse aperto monetário será uma grave desaceleração da atividade econômica em escala mundial.

Entre os efeitos de uma recessão estão a ausência de crescimento das empresas, aumento consistente do desemprego e queda exagerada do consumo.

Com Reuters

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