Maior corretora cripto compra rival em crise, o time da transição na economia e o que importa no mercado

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Gigante cripto compra rival

A Binance, gigante corretora de criptoativos, anunciou nesta terça um acordo para comprar a rival FTX, que havia sido avaliada em US$ 32 bilhões (R$ 165 bilhões) em janeiro, mas hoje passa por uma grave crise de liquidez.

  • Trata-se de uma negociação envolvendo a maior e a terceira maior corretora de criptos em volume negociado no mundo, segundo o site CoinMarketCap.
  • Os números envolvendo o acordo não foram divulgados e as operações das duas nos EUA não fazem parte do negócio.

O anúncio foi feito ao mesmo tempo pelo chinês Changpen Zhao, dono da Binance, e pelo americano Sam Bankman-Fried, dono da FTX, que vivem uma briga pública há alguns anos e que se acirrou nos últimos dias.

Logos da Binance e da FTX
Logos da Binance e da FTX - Dado Ruvic/Reuters


Em números: a crise da FTX derrubou as cotações de diversas criptos. O Bitcoin despencava 11% no fim da noite de terça, para US$ 18,3 mil. O ether, da blockchain ethereum, tombava 15%, para US$ 1,32 mil.

Entenda a disputa e a crise de liquidez: no domingo, Changpen Zhao, da Binance, disse no Twitter que a corretora iria vender vender seus FTT (cripto da FTX), no valor de US$ 529 milhões (R$ 2,7 bi), citando "revelações recentes".

  • Ele não deu mais detalhes, mas reportagem do site CoinDesk apontou que uma das empresas do dono da FTX tinha grande parte de suas reservas no token FTT, considerado de baixa liquidez (difícil de vender ou comprar sem afetar o preço).
  • Na sequência da reportagem e do tuíte de Zhao, muitos investidores passaram a sacar seus recursos da corretora FTX, o que gerou uma crise de liquidez e dificultou a operação dos saques dos clientes. Segundo o Wall Street Journal, os resgates superaram US$ 1 bilhão em 24 horas.

Os problemas acabaram levando Bankman-Fried a vender sua corretora para a Binance para solucionar a crise de liquidez.


O time econômico de Lula na transição

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) definiu que o comando de sua equipe de transição na área econômica deve ficar com Persio Arida, André Lara Resende, Nelson Barbosa e Guilherme Mello.

Quem é quem:

  • Persio Arida: é um dos pais do Plano Real e foi presidente do BNDES e do Banco Central no governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
  • André Lara Resende: assim como Arida, integrou a equipe do Plano Real e tem histórico liberal, embora tenha mudado seu pensamento econômico nos últimos anos.
  • Guilherme Mello: assim como Barbosa, é representante do partido e defende a flexibilização do teto, para atender principalmente a demandas sociais. É o único sem experiência de governos anteriores.

Na entrevista em que anunciou os nomes, o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), confirmou que o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega (2006 a 2014) também deve fazer parte da transição, mas não especificou em qual área.


Sim, mas… O fato de esses economistas estarem na transição não significa que algum deles será ministro. Lula tem afirmado a aliados que integrar a equipe não significa automaticamente a participação no governo.

Impacto na Bolsa: após a Folha ter antecipado que Arida e Lara Resende fariam parte da transição, por volta das 12h30, o Ibovespa atingiu a máxima do dia, acima dos 117 mil pontos.

  • O índice devolveu parte dos ganhos ao fim do dia e fechou em alta de 0,71%, aos 116.160 pontos. O dólar recuou 0,44%, a R$ 5,15.
  • Analistas do mercado disseram à Folha que as indicações foram bem recebidas, mas o movimento ainda é insuficiente para esclarecer qual será o rumo da política econômica nos próximos quatro anos.

Opinião | Vinicius Torres Freire: Governo de transição é de alto nível, mas Lula precisa de um ministro da Fazenda já.


Queda no lucro do Bradesco surpreende

Impactado pela piora em sua carteira de crédito, o Bradesco registrou lucro líquido de R$ 5,22 bilhões no terceiro trimestre, queda de 22,8% ante mesmo período de 2021 e de 25% na comparação com os três meses anteriores.

O resultado, anunciado depois do pregão, surpreendeu o mercado. A estimativa mediana dos analistas consultados pela Refinitiv era de um lucro de R$ 6,76 bilhões.

O que explica: a queda brusca no lucro do segundo maior banco privado do país é justificada pelo aumento nas despesas com provisões (dinheiro reservado para cobrir calotes).

  • Elas somaram R$ 7,267 bilhões no terceiro trimestre, alta de 36,8% em relação aos três meses anteriores.
  • O índice de inadimplência acima de 90 dias encerrou setembro em 3,9%, ante 2,6% no mesmo mês do ano passado e 3,5% em junho deste ano.

Mais sobre empresas e balanços

A Superintendência-Geral do Cade recomendou a aprovação, sem restrições, da compra da seguradora SulAmérica pela Rede D'Or. Anunciada em fevereiro, a operação envolveu o terceiro maior plano de saúde do país com a maior rede privada de hospitais do Brasil.

  • O negócio ainda depende do aval da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).

A Disney registrou lucro de US$ 162 milhões, abaixo do esperado pelo mercado, muito por causa do prejuízo em suas plataformas de streaming.

  • Os canais de streaming da Disney (Disney+, Hulu e ESPN+) adicionaram 12,1 milhões de novos usuários, mas o prejuízo do setor no trimestre foi de US$ 1,47 bilhão.
  • As ações caíram quase 7% no pós-mercado.

Vítima de golpe do Pix deve ser ressarcida por banco, entende TJ-SP

O TJ-SP orientou os magistrados que responsabilizem os bancos, e não as vítimas, em processos de fraudes financeiras envolvendo os golpes como o do motoboy e o do Pix, em que criminosos limpam as contas das vítimas.

Entenda: para o tribunal, os bancos são responsáveis em detectar e evitar transações financeiras atípicas na conta das vítimas. Uma transferência de R$ 10 mil de um correntista que só movimenta valores inferiores a R$ 1.000 pode ser considerada como atípica, por exemplo.

  • Segundo o advogado Leo Rosenbaum, do escritório Rosenbaum Advogados, esse entendimento abre caminho para uma jurisprudência e serve de referência também para TJs de outros estados.
  • No caso de os valores subtraídos pelos golpistas serem compatíveis com a movimentação financeira da vítima, a Justiça entende que a responsabilidade de ressarcimento não seria das instituições financeiras.

O que explica a decisão: os casos anteriores seguiam uma orientação do STJ de 2011, que previa que o consumidor era parte vulnerável da relação, mas não era específica sobre crimes envolvendo golpes virtuais –que explodiram recentemente.


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