Bônus de executivos de bancos vão de boom a colapso em 2022

No ano passado, o setor distribuiu os maiores prêmios desde 2006 após a recuperação da economia

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Lananh Nguyen Saeed Azhar Lawrence White
Nova York e Londres | Reuters

Executivos de bancos de investimento em Nova York e Londres estão se preparando para um bônus de final de ano que deve ser 30% a 50% menor, enquanto alguns poderão ficar sem receber nada, já que os negócios caíram e o pessimismo econômico se instalou sobre o setor.

Os executivos vão enfrentar decepção quando seus bônus vierem no primeiro trimestre e mais milhares de colegas poderão ser demitidos depois que centenas foram cortados este ano, de acordo com recrutadores e especialistas em remuneração.

No ano passado, o setor distribuiu os maiores prêmios desde 2006 por conta da recuperação da economia dos efeitos da pandemia.

Sede do Goldman Sachs, em Manhattan - Spencer Platt - 16.dez.2022/Getty Images via AFP

Mas este ano, o ritmo de fusões e aquisições e ofertas de ações diminuiu drasticamente com o colapso dos mercados de dívida e a volatilidade do mercado acionário prejudicou os valores das empresas. As perspectivas de recessão também aumentaram ao longo do ano por conta da alta de juros promovida pelo Federal Reserve para combater a inflação.

Para executivos do Goldman Sachs nos Estados Unidos, tempos difíceis poderão se traduzir em um declínio de 40% a 45% na remuneração média para 2022, de acordo com dados fornecidos à Reuters pela Sheffield Haworth, uma empresa de recrutamento para altos executivos.

No rival Morgan Stanley, o pagamento médio dos executivos de alto escalão deve cair de 35% a 40%, de acordo com o relatório de Julian Bell, presidente da Sheffield Haworth para as Américas.

No JPMorgan Chase, a remuneração total média dos diretores administrativos nos Estados Unidos pode ter queda de 35% a 40%, e o pagamento de executivos graduados no Citigroup e no Bank of America provavelmente encolherá cerca de 35% e 30%, respectivamente, de acordo com Sheffield Haworth.

Embora as estimativas reflitam médias, os pagamentos podem variar amplamente, dependendo do desempenho individual e do grupo.

Os bancos se recusaram a comentar.

Os diretores dos bancos de Wall Street geralmente ganham salários de US$ 350 mil (R$ 1,8 milhão) a US$ 600 mil (R$ 3,1 milhões) por ano, com bônus de uma ou duas vezes o salário base, de acordo com a Wall Street Prep, uma empresa que ajuda aspirantes a executivos de banco de investimento a ingressarem no setor. Para os de melhor desempenho, a remuneração por incentivo pode chegar a milhões de dólares.

A queda salarial coincide com um declínio de 66% nas ofertas de ações pelo mundo este ano em comparação com 2021, ou US$ 517 bilhões (R$ 2,7 trilhões) em valor de negócios, segundo dados da Dealogic. O valor total das fusões e aquisições caiu 37%, para US$ 3,66 trilhões (R$ 19 trilhões) até 20 de dezembro, depois de atingir recorde histórico de US$ 5,9 trilhões (R$ 30,6 trilhões) no ano passado, mostraram os dados.

Os operadores de renda fixa, moedas e commodities (FICC) tiveram melhor desempenho do que seus colegas de bancos de investimentos. A remuneração para os operadores de FICC provavelmente aumentará ligeiramente ou permanecerá estável, disse Bell, da Sheffield Haworth, enquanto os operadores de ações podem sofrer uma pequena queda.

Os operadores de FICC do Barclays dobraram suas receitas no terceiro trimestre em comparação com o ano passado, um ponto positivo que ajudou o banco a superar as expectativas, apesar do aumento dos custos em outros lugares, de acordo com seus resultados em outubro.

No Reino Unido, a maioria das grandes empresas está discutindo e alocando bônus agora, com decisões que geralmente não são anunciadas até o início do ano que vem. O Barclays e o HSBC já começaram a cortar pessoal em áreas de banco de investimento com baixo desempenho.

"Esperamos que os bônus sejam reduzidos em relação ao ano passado, e não haverá bônus em algumas instituições", disse Sophie Scholes, sócia da empresa de consultoria de liderança Heidrick & Struggles, em Londres.

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