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Bolsa sobe após decisão de Gilmar Mendes sobre Bolsa Família

PEC da Gastança entra em semana decisiva com tramitação na Câmara dos Deputados

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São Paulo

A Bolsa de Valores brasileira teve uma sessão de ajuste após a queda acumulada na semana passada e operou no campo positivo nesta segunda-feira (19), na esteira de decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, de conceder liminar que retira o Bolsa Família da regra do teto de gastos.

O índice de ações registrou valorização de 1,83%, aos 104.739 pontos, com as maiores altas de empresas mais voltadas à economia doméstica, que nas últimas semanas sofreram em um cenário de aumento dos juros projetados pelo mercado que impacta o lucro futuro esperado para as companhias na Bolsa.

Entre as maiores altas do dia, os papéis da Via avançaram cerca de 16,2%, os da Americanas subiram 12,6%, e os do Magazine Luiza, 10,1%.

Notas de dólar dos EUA
Notas de dólar dos EUA - Marcello Casal Jr. - 2,mai.2019/ABr

O ministro Gilmar Mendes decidiu neste domingo (18) que a manutenção no próximo ano do Auxílio Brasil pode ocorrer pela abertura de crédito extraordinário e que essas despesas não se incluem nos limites do teto de gastos. No governo do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o benefício voltará a se chamar Bolsa Família.

"Na prática, Mendes apenas permite o Bolsa Família não fique sujeito ao teto em caso de descumprimento das regras de arcabouço fiscal", disse Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.

"O impacto fiscal tende a ser menor que o da PEC de Transição ao se restringir ao Bolsa Família de R$ 600/mês, mas ainda é preciso compreender melhor os detalhes da medida e como isso afeta a tramitação do projeto na Câmara", apontam os analistas da XP.

"Numa primeira leitura, o governo eleito saiu fortalecido no embate de negociações com o Congresso, o que aumentou o apetite ao risco e a curva dos juros futuros cedeu. Nada melhor para as empresas do setor de varejo, já que mostravam elevado desconto", disse João Frota Salles, analista da Senso Investimentos em nota.

Sanchez, da Ativa, avalia que, economicamente, a decisão do ministro do STF é melhor que a PEC da Gastança, pela avaliação de que o impacto ficaria restrito aos R$ 150 bilhões do Bolsa Família apenas por um ano.

Segundo o economista da Ativa, a medida amplia a expectativa sobre a aprovação da PEC nesta terça.

O futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou nesta segunda que a negociação do governo eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com o Congresso Nacional pela aprovação da PEC continua, apesar da decisão do ministro do STF.

"A negociação permanece, é importante para o país apostar na boa política, na negociação, na institucionalidade para a gente dar robustez para a política econômica que vai ser anunciada e que vai aplacar os ânimos e mostrar que o Brasil vai estar no rumo certo a partir de 1º de janeiro", afirmou.

Ainda nesta segunda, o STF declarou a inconstitucionalidade das emendas de relator. O placar foi de 6 votos a 5 pela derrubada do mecanismo.

O anúncio de novos membros da equipe econômica do ministro da Fazenda do governo eleito também segue no radar dos agentes financeiros nesta semana.

O futuro ministro da Fazenda anunciou nesta segunda-feira (19) a subprocuradora-geral da Fazenda Nacional, Anelize Lenzi Ruas de Almeida, para o comando da PGFN (Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional) do governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Na última terça-feira (13), Haddad já havia anunciado dois nomes de seu secretariado. O ex-banqueiro Gabriel Galípolo será o secretário-executivo da pasta, o segundo cargo mais importante do ministério, e o economista Bernard Appy ocupará uma secretaria especial para a reforma tributária, área na qual ele é especialista.

Ainda entre os destaques da sessão, as ações Boa Vista dispararam ao redor de 47% nesta segunda-feira, após a empresa de serviços financeiros e de crédito receber uma proposta da norte-americana Equifax para combinação de negócios.

Já o dólar à vista oscilou em alta frente ao real ao longo de toda a sessão e encerrou os negócios em leve alta de 0,15%, a R$ 5,3020 na venda, em um dia de maior aversão ao risco no exterior.

Nas Bolsas dos Estados Unidos, os principais índices de ações voltaram a registrar queda, dando continuidade à trajetória de baixa da semana anterior.

O S&P 500 recuou 0,90% e o Nasdaq cedeu 1,5%, enquanto o Dow Jones caiu 0,5%.

Na semana passada, os mercados globais acumularam perdas na esteira na esteira das sinalizações transmitidas pelas autoridades monetárias globais indicando um cenário à frente com novas altas de juros para combater a persistente pressão inflacionária.

"A semana dos bancos centrais trouxe para parte do mercado um sinal amargo de que as políticas monetárias devem sim permanecer contracionistas, apesar dos sinais recentes de arrefecimento de inflação e atividade econômica", disse Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.

Embora tenha reduzido o ritmo de alta dos juros de 0,75 ponto percentual nas últimas reuniões para 0,50 ponto no encontro desta quarta, o banco central dos EUA (Federal Reserve) disse que espera aumentar ainda mais a taxa básica de juros e que deve mantê-la elevada por mais tempo do que o previsto anteriormente, sinalizando que seus esforços para conter a inflação alta provavelmente significarão um crescimento maior no desemprego e uma possível recessão.

Na Europa, o sentimento de aversão ao risco também predomina, depois que o BCE (Banco Central Europeu) aumentou as taxas de juros pela quarta vez consecutiva nesta quinta-feira, embora em magnitude menor do que em suas duas últimas reuniões.

O banco central dos 19 países da zona do euro aumentou a taxa de juros que paga sobre os depósitos bancários de 1,5% para 2%, afastando-se ainda mais de uma década de política monetária ultrafrouxa.

Ainda assim, a decisão marcou uma desaceleração no ritmo de aperto depois de altas de 0,75 ponto percentual em cada uma das duas reuniões anteriores do BCE, que prometeu novos aumentos e apresentou planos para drenar dinheiro do sistema financeiro como parte de sua luta contra a inflação.

"O Conselho do BCE considera que as taxas de juros ainda terão que subir significativamente a um ritmo constante para atingir níveis suficientemente restritivos para garantir um retorno oportuno da inflação à meta de 2% a médio prazo", disse o BCE.

A autoridade monetária europeia também elevou suas projeções de inflação para a zona do euro e disse que o crescimento dos preços permaneceria acima de sua meta de 2% ao longo de um horizonte de projeção que agora se estende até 2025

O banco agora vê a inflação no bloco em 6,3% no próximo ano, em comparação com as expectativas de 5,5% feitas em setembro. Sua previsão para 2024 foi aumentada de 2,3% para 3,4% enquanto que, em sua primeira estimativa para 2025, o BCE vê a inflação em 2,3%.

Ao mesmo tempo, o crescimento econômico sofrerá muito no próximo ano como resultado da guerra na Ucrânia, particularmente por seu impacto na elevação dos preços da energia.

O BCE vê agora o crescimento do PIB em 0,5% no próximo ano, em comparação com os 0,9% previstos em setembro, enquanto que em 2024, está previsto um crescimento inalterado de 1,9%. Em 2025, o BCE prevê um crescimento de 1,8%.

Com Reuters

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