O leilão de transmissão de energia elétrica realizado nesta sexta-feira (16) terminou com todos os seis lotes arrematados, a um deságio médio de 38,19% oferecido pelas elétricas sobre as receitas a serem recebidas pelos empreendimentos, com a Taesa arrematando dois lotes.
Segundo a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), esse desconto angariado no certame representa uma economia aos consumidores de energia em torno de R$ 5,8 bilhões ao longo do período dos contratos.
Ao todo, os empreendimentos leiloados nesta sexta-feira preveem a construção de 710 quilômetros de novas linhas, manutenção de ligações existentes, além de novas subestações com capacidade de transformação de 3.650 mega-volt-ampéres (MVA). Os investimentos estão estimados em R$ 3,5 bilhões.
A principal vencedora do certame foi a Taesa, que levou os dois maiores projetos ofertados, somando R$ 2,2 bilhões em investimentos estimados pela Aneel. A transmissora venceu o lote 3, com linhas entre Maranhão e Pará, e o lote 5, que prevê a operação e manutenção de linhas que fazem interligação elétrica com a Argentina.
Outro destaque foi a Cemig, que ficou com o lote 1, com obras entre Minas Gerais e Espírito Santo. "Esse leilão marca o retorno da Cemig como vitoriosa... Conseguimos unir nossas sinergias operacionais, porque temos muitos ativos na região", disse Thadeu Carneiro, diretor da Cemig Geração e Transmissão.
Em coletiva de imprensa, diretores da Cemig e Taesa disseram que vão buscar ser mais eficientes em relação ao valor do Capex estimado pela Aneel, explorando sinergiais com ativos e contratos atuais, por exemplo.
Também foram vencedoras do leilão a EDP Brasil (lote 2, em Rondônia), um consórcio da Alupar (lote 6, em São Paulo) e empresa da EDF que opera a termelétrica Norte Fluminense (lote 4, Rio de Janeiro).
Também se habilitaram para participar do certame outras grandes elétricas, como Eletrobras e Engie Brasil, embora não tenham arrematado projetos.
JUDICIALIZAÇÃO
O lote 6, vencido pela Alupar, foi alvo de judicialização pela transmissora ISA Cteep. A empresa entrou na Justiça contra a inclusão do projeto no leilão por entender que essas obras deveriam ser autorizadas à ela, em vez de serem licitadas a outro operador.
Após o leilão, Hélvio Guerra, diretor da agência reguladora Aneel, afirmou que a decisão de licitar o lote foi mais benéfica do ponto de vista do consumidor.
"O meu entendimento, da Aneel, é de que realmente tínhamos razão... Continuamos reafirmando que é melhor para o consumidor, a competição sempre traz melhores resultados. Aqui foi o caso", disse Guerra.
LEILÕES DE 2023
Para o próximo ano, o setor elétrico tem a expectativa de leilões de transmissão muito maiores do que os realizados nos últimos anos, podendo somar até R$ 50 bilhões de investimentos, confirmou um representante do governo.
O secretário adjunto da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético, Frederico de Araújo Teles, disse que podem ser realizados até três certames em 2023, a fim de distribuir a elevada quantidade de projetos.
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