Para Abilio Diniz, PEC da Transição não preocupa e Brasil crescerá 3% em 2023

Em debate no Insper, empresário defendeu investimento social e controle de gastos para atrair investimentos

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São Paulo

O empresário Abilio Diniz, do Carrefour, considera-se um otimista. A partir desse estado de espírito, diz acreditar que o Brasil crescerá entre 2% e 3% no próximo ano e está confiante de que o Brasil será o destino de investimentos internacionais.

Em debate no Insper nesta quinta-feira (8), Diniz contou não estar preocupado com o tamanho do impacto fiscal previsto pela PEC (proposta de emenda à Constituição) da Transição. Aprovada no Senado na quarta (7), ela abre espaço para o governo eleito gastar R$ 168 bilhões em dois anos.

Abilio Diniz, membro do conselho de administração do Carrefour, na sede da Península Participações, na avenida Paulista - Bruno Santos - 1.set.2022/Folhapress

"Estou otimista com o que vai acontecer, inclusive nesse ponto [fiscal]", disse. "Estamos saindo, neste ano, de uma relação dívida-PIB em 74%. Esse número [os valores da PEC], seja em torno de R$ 150 bilhões, não vai alterar muito isso. E, durante os quatro anos, há total capacidade de reverter essa relação se o país crescer, se tiver investimento."

O eventual efeito para o equilíbrio das contas públicas –o tal risco fiscal– não é algo que o preocupe.

Na avaliação do empresário, cabe ao governo eleito se posicionar e apresentar um plano rigoroso de controle das contas públicas. Esse aceno, segundo ele, dará tranquilidade para a atração de investimentos.

"Investimento social não me preocupa, me preocupa tentar superar a iniciativa privada, me preocupa aumentar a máquina estatal."

Ao lado do banqueiro André Esteves, do BTG, Diniz disse confiar nas palavras do vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSD), de que não haverá descontrole fiscal. Esteves o provocou: "Mas aí avisa que está precisando entregar."

O banqueiro, apontado recentemente como um articulador da aproximação entre Fernando Haddad, cotado para o novo Ministério da Fazenda, com o setor financeiro, disse considerar o tamanho da margem de gastos previstos na proposta de emenda à Constituição exagerado.

"Essa PEC que está pintando de R$ 200 bi, ela piora as condições para o investimento privado vir", disse. Esteves defendeu que a ampliação do déficit nas contas públicas tende a ter efeito sobre a dívida e os juros, e ambos devem subir, comprometendo investimentos e geração de emprego. "Acho que factualmente estamos andando na direção errada."

Ao fim do debate, Esteves disse que não poderia falar com a imprensa, pois precisava correr para o aeroporto.

Ainda sobre o novo governo, Abilio Diniz disse que não vai falar do eventual ministério enquanto os nomes não forem anunciados.

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deverá anunciar nesta sexta (9) alguns nomes que irão compor o seu ministério. Aliados dizem que ele confirmará os nomes de Rui Costa (PT) na Casa Civil, Flávio Dino (PSB) na Justiça, José Múcio, na Defesa, e Fernando Haddad (PT) na Fazenda.

O debate no Insper, nesta quinta, foi organizado pelo RenovaBR, grupo suprapartidário de formação política.

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