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Bolsa fecha em alta sustentada por Petrobras; dólar sobe após críticas de Lula ao BC

Ações da estatal seguiram tendência da cotação do petróleo, que se recuperou após seis quedas seguidas

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São Paulo | Reuters

A Bolsa fechou em alta nesta segunda-feira (6), na contramão dos principais índices de ações nos Estados Unidos, sustentada pela Petrobras, que subiu seguindo a tendência do petróleo. O dólar avançou com os investidores mais apreensivos com a relação entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o Banco Central.

O Ibovespa fechou em alta de 0,18%, a 108.721 pontos. O dólar comercial à vista fechou em alta de 0,54%, a R$ 5,175.

Os juros futuros ficaram mais próximos da estabilidade. Os contratos com vencimento em 2024 saíram de 13,77% do fechamento da última sexta-feira (3) para 13,79% ao ano. Para 2025, a taxa caiu de 13,22% para 13,196%. Para 2027, o recuo foi de 13,12% para 13,06%.

Cédula de dólar - Thomas White - 1º.jun.2017/Reuters

A piora das expectativas vem dos ruídos gerados pelas críticas de Lula à condução da política monetária. Em evento no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) nesta segunda (6), Lula disse ser "uma vergonha esse aumento de juro".

Na quinta-feira (2), um dia depois de o BC subir o tom dos alertas sobre riscos fiscais no comunicado em que justificou a manutenção da Selic em 13,75%, Lula chamou o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, de "esse cidadão". O petista disse ainda que pode rever a autonomia da autoridade monetária –aprovada em fevereiro de 2021.

O dia foi marcado também pelo novo boletim Focus, pesquisa do BC com economistas, que mostrou um aumento, pela oitava semana seguida, nas projeções para a inflação em 2023. Foi elevada também a estimativa de juros para o fim de 2024, de 9,50% ao ano para 9,75%.

Francisco Levy , estrategista-chefe da Empiricus Investimentos, ressalta que o dólar se fortaleceu contra todas as principais moedas globais nesta segunda, não só sobre o real. O índice DXY, que compara o dólar com outras divisas globais importantes, subiu 0,70%.

Falas de Lula são 'tiro no pé', dizem analistas

As falas são vistas como "um tiro no pé". Em relatório, a Mirae Asset afirma que um dos eventos mais esperados para esta semana é a divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária, "até para sabermos a extensão do clima de beligerância entre Roberto Campos Neto e o presidente Lula".

"A história já deveria ter ensinado que juros não se reduzem na canetada, que costuma ter efeito contrário, pois as forças de mercado sempre vão convergir ao equilíbrio entre risco e retorno", afirma Alexsandro Nishimura, economista e sócio da BRA BS.

Neste cenário, os contratos de juros futuros refletem mais diretamente a apreensão dos investidores. Jansen Costa, sócio fundador da Fatorial Investimentos, ressalta que a diferença entre as taxas mais longas e as mais curtas está muito pequena, o que sinaliza a percepção do mercado de que a Selic ficará alta por mais tempo.

"Assim, o custo dos bancos para captar dinheiro aumenta, e pegar empréstimos fica mais caro para pessoas físicas e para empresas, além de ter impacto sobre o crescimento da economia", diz Costa.

Bolsa tem dia de oscilações, e Petrobras sustenta alta

O Ibovespa chegou a cair 1% na mínima do dia, mas as ações da Petrobras conseguiram impulsionar o índice, especialmente na parte final do pregão.

Os papéis ordinários e preferenciais da Petrobras subiram quase 4%, enquanto o petróleo tipo Brent subia 1,80% perto das 18h40 (horário de Brasilia), se recuperando parcialmente de seis dias seguidos de queda, chegando a US$ 81,38 o barril.

Em Nova York, os principais índices de ações fecharam em queda, depois dos dados de emprego divulgados na última sexta-feira mostrarem um mercado de trabalho mais aquecido que o esperado. O Dow Jones recuou 0,10%, o S&P 500 caiu 0,61%, e o Nasdaq fechou em baixa de 1,00%.

Esse cenário aumenta a expectativa por uma entrevista a ser dada pelo presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, nesta terça-feira (7), quando deve dar sinais sobre os próximos passos para os juros americanos.

Segundo a agência Bloomberg, os contratos futuros de juros negociados nos Estados Unidos mostram que o mercado espera um aumento de 0,25 ponto percentual pelo Fed na reunião de março, e mais um da mesma magnitude em maio.

Assim, a taxa chegaria ao intervalo entre 5% e 5,25% ao ano. No entanto, ainda segundo a Bloomberg, as chances de outro aumento de 0,25 ponto em junho aumentou de 8% para 28%. A entrevista de Powell será decisiva para calibrar estas expectativas.

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