Credit Suisse sinaliza distorções em demonstrações financeiras

Fragilidade foi divulgada em momento em que banco busca se recuperar de uma série de escândalos

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Noele Illien Stefania Spezzati
Zurique | Reuters

O Credit Suisse disse no balanço de 2022 que identificou distorções em demonstrações financeiras e que ainda não conteve a saída de clientes de sua base.

"Em 31 de dezembro de 2022, o controle interno do grupo sobre os relatórios financeiros não era eficaz e, pelos mesmos motivos, a administração reavaliou e chegou à mesma conclusão em relação a 31 de dezembro de 2021", afirmou o banco suíço em comunicado divulgado nesta terça-feira (14).

O auditor PricewaterhouseCoopers incluiu no resultado anual do Credit Suisse uma "opinião adversa sobre a eficácia do controle interno do grupo sobre relatórios financeiros".

Logo do Credit Suisse em sua sede em Bern, Suíça - Arnd Wiegmann - 29.nov.2022/Reuters

A PwC também disse que as demonstrações financeiras "apresentam de forma justa, em todos os aspectos relevantes", a posição financeira do banco entre 2020 e 2022.

A fragilidade nos controles foi divulgada em um momento em que o Credit Suisse busca se recuperar de uma série de escândalos que minaram a confiança de investidores e clientes. As saídas de clientes no quarto trimestre aumentaram para mais de 110 bilhões de francos suíços (US$ 120 bilhões, R$ 628,7 bilhões).

Nesta terça-feira, o banco disse que "as saídas [tinham] se estabilizado em níveis muito mais baixos, mas ainda não tinham se revertido".

As ações do banco caíam 3,15% às 8h30 (horário de Brasília), perto de um novo piso histórico. Na véspera, os papéis desabaram mais de 14%. O custo do seguro contra uma inadimplência da dívida do Credit Suisse subiu para um recorde, de acordo com a S&P Global Market Intelligence.

Bancos de todo o mundo foram afetados por uma onda de vendas motivada pelo fechamento de bancos norte-americanos na semana passada, entre eles o SVB, que forçou intervenção de reguladores para garantia dos depósitos.

O regulador suíço FINMA disse na segunda-feira (13) que está tentando identificar quaisquer riscos potenciais de contágio para os bancos e seguradoras do país após as falências dos bancos dos EUA.

Programado para ser divulgado na semana passada, o relatório anual foi adiado após um pedido da Securities and Exchange Commission (SEC, órgão que regula o mercado de capitais nos EUA), que levantou questões sobre as demonstrações financeiras anteriores do banco.

O Credit Suisse disse que a SEC havia contatado a instituição sobre revisões anteriores das demonstrações consolidadas de fluxo de caixa para 2019 e 2020.

O banco suíço disse nesta terça-feira que está trabalhando em um "plano de correção" e implementará "controles robustos para garantir que todos os itens não monetários sejam classificados adequadamente na demonstração consolidada dos fluxos de caixa".

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