Após cancelamento, candidatos do Concurso Unificado planejam show da Madonna e mais estudos

Entre os inscritos, houve quem comemorasse o adiamento e quem cobrasse responsáveis por arcar pelos prejuízos

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São Paulo

O cancelamento do CNU (Concurso Nacional Unificado) a apenas dois dias da data prevista para as provas gerou uma onda de protestos e comentários nas redes sociais.

Entre os candidatos, parte comemorou a possibilidade de ir sem culpa ao show gratuito da cantora americana Madonna, neste sábado, no Rio, enquanto outros lamentavam ter viajado para o exame e perguntavam quem arcaria com o prejuízo.

O concurso foi adiado após chuvas deixarem dezenas de mortos no Rio Grande do Sul e temporais atingirem Santa Catarina.

Antes mesmo da ministra Esther Dweck, da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, anunciar o adiamento, o debate se dividia entre os que defendem a decisão por questões humanitárias, mas também porque vão ao show da Madonna ou querem estudar mais, e os que terão prejuízos com passagem e hospedagem, e querem o dinheiro de volta.

Alguns usuários comemoraram o adiantamento para aprofundar estudos; ainda não há data marcada para a realização do concurso..

Outros reclamaram porque não puderam ir ao show por causa das provas e, agora, não farão mais a prova.

Houve também quem destacasse as complicações que o adiamento do concurso pode gerar aos candidatos.

Maria de Fátima, 23 anos, de São Lourenço (MG) iria até Itajubá, também em Minas, para fazer a prova. Ela tem o ensino médio completo e vai prestar o concurso para o bloco 8, especificamente para o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A viagem de uma hora e meia seria de carona, mas a hospedagem já estava paga. Maria, no entanto, conseguirá reaver os valores, pois o hotel oferece reembolso.

"O que atrapalha mesmo é o fato de que muitos, assim como eu, abdicaram de algumas coisas, como emprego, para focar 100% nessa oportunidade de uma estabilidade financeira, e esperar mais tempo até a prova, resultado e nomeação dá um certo desânimo."

Ela concorda com o adiamento por "se tratar de uma catástrofe em que não haveria condição de uma pessoa estar lá para fazer essa prova". "São vidas e não apenas concorrentes", diz.

Cristiane Nascimento, 35, ouvidora de Brasília, estava estudando para prestar as carreiras do bloco 8 desde que o edital foi divulgado, em janeiro. Comprou cursos com a Gran Cursos e pretende, agora, fazer revisões até a nova data.

"Eu tinha me programado, mas vou alterar. Inclusive, é melhor para a gente, por um lado. A gente fazer uma revisão, ou se aprofundar mais em assuntos que não estávamos nos sentindo muito seguros."

Leonardo Ferreira de Carvalho, 29, servidor estadual do Rio de Janeiro, aprovou o adiamento da prova, mas diz que a decisão deveria ter sido tomada desde ontem. "Estava bem visível que as condições não iam melhorar até a data da prova. [O adiamento] foi uma decisão acertada."

O candidato, que concorre ao cargo de analista técnico de políticas sociais, explica que o adiamento pode prejudicar na preparação. "Nessas últimas semanas, a maioria das pessoas estavam se preparando bastante, inclusive eu. É um pouco frustrante não fazer a prova neste domingo."

O engenheiro de produção Eduardo José Clementino, 28, de Poços de Caldas (MG), já esperava o adiamento e comemorou que terá mais tempo para estudar. "Terei mais tempo para olhar o conteúdo no qual eu ainda não me sinto confiante."

Clementino iria realizar a prova em Campinas (SP), a cerca de 160 km de Poços de Caldas. Apesar do adiamento, ele diz que não terá prejuízos financeiros. "Eu consegui cancelar a reserva do hotel no qual eu iria me hospedar sem custos adicionais. E, como eu ia com meu próprio carro, não havia gasto com nenhuma passagem."

Como ficará o concurso?

De acordo com a ministra Esther Dweck, a escolha de um novo dia para o concurso não depende só das condições climáticas e estruturais do Sul do país, mas também de refazer toda a logística para os exames.

Conhecida como Enem dos Concursos, a seleção já é a maior do país, com 6.640 vagas em 21 órgãos públicos. Ela será aplicada em 228 municípios de todo o país –10 só no Rio Grande do Sul.

Colaborou Lucas Leite e Luana Franzão

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