Descrição de chapéu Mercado imobiliário

Selic em 13,75% impacta o número de lançamentos no mercado imobiliário

Levantamento mostra recuo em 2022, após dois anos históricos para o setor

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São Paulo

O número de empreendimentos lançados em São Paulo caiu em 2022 na comparação com 2020 e 2021 —dois anos históricos para o setor.

Segundo pesquisa da Brain Inteligência Estratégica, as novas construções até novembro do ano passado chegaram a 1.855 unidades. Em 2021, por exemplo, os lançamentos por trimestre chegaram a mais de 4.300 unidades.

Outro panorama da consultoria mostra que, em janeiro deste ano, foram lançados 12 empreendimentos residenciais, totalizando 1.894 unidades em São Paulo. O padrão com maior disponibilidade foi o de superluxo, seguido pelo médio. Os imóveis de um dormitório têm a menor disponibilidade.

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Pirituba, na zona norte de São Paulo, teve mais de 5.000 novas unidades nos últimos três anos - Danilo Verpa -24.mar.23/Folhapress

O recuo indica um movimento em busca de equilíbrio do mercado, após dois anos de recordes de vendas, e a preocupação com o cenário econômico brasileiro, afirma Fábio Tadeu Araújo, sócio dirigente da Brain Inteligência Estratégica.

De acordo com Araújo, a queda nos lançamentos nos últimos meses é diferente da registrada em outros momentos de alta demanda, em que as empresas compravam mais terrenos, levando a potencial excesso de oferta.

Desta vez, há cautela em aumentar o estoque. Até janeiro deste ano, segundo a consultoria, havia 2.838 unidades à venda na capital paulista, ante 3.518 em 2022 e 1.406, em 2021.

Pela análise da consultoria, enquanto em 2022 o número de lançamentos diminuiu por causa do receio de empresários com o cenário nacional, especialmente durante as eleições, neste ano é a taxa de juros que pesa na decisão dos empreendedores.

Os juros não impactam negativamente apenas na venda. No produto pronto, a Selic puxa para cima a taxa de financiamento ao consumidor final. Mas, no apoio à produção, encarece demais

Fábio Tadeu Araújo

sócio dirigente da Brain Inteligência Estratégica

O especialista explica que a alta da Selic tem levado a saques recordes da poupança, diminuindo a oferta de crédito. Em janeiro deste ano, a retirada foi de R$ 33,631 bilhões, o maior saque líquido da série histórica do Banco Central, iniciada em 1995.

As fugas recordes de recursos da poupança pressionam os bancos a limitar o financiamento. "Esse encarecimento, de um lado, faz com que alguns incorporadores esperem um pouco mais para construir, e a outros, a procurar o mercado de capitais", diz o diretor da Brain Inteligência Estratégica.

Segundo o executivo, esses movimentos fazem com que os planos de lançamentos sejam adiados.

Nesta quarta (22), o Banco Central decidiu manter a Selic em 13,75% pela quinta vez consecutiva, apesar da pressão do governo Lula (PT). A taxa está no maior patamar desde 2016.

A Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) afirma que os financiamentos habitacionais de médio e alto padrão são os mais impactados pela Selic.

Para a associação, uma possível medida para manter o crédito habitacional em patamar similar ao de 2022 seria o aumento no percentual de recursos da poupança, que é direcionado obrigatoriamente ao financiamento de imóveis, dos atuais 65% para 70%.

O mercado de classe média é o que vem sofrendo mais e há mais tempo, porque não tem juros tão subsidiados, o emprego dessa parte da população piorou e não tem o mesmo nível de poupança do que os produtos de altíssimo padrão

Fábio Tadeu Araújo

sócio dirigente da Brain Inteligência Estratégica

Araújo afirma que, neste ano, os imóveis de altíssimo padrão tendem a ter um volume menor de vendas comparado aos dois últimos anos —não por causa dos juros, mas porque é natural que ocorra uma acomodação após terem sido "absurdamente recordes" em 2021 e 2022.

A expectativa, segundo o diretor da Brain, é que os lançamentos de 2023 se concentrem no mercado consierado econômico, com o novo Minha Casa, Minha Vida. "Várias empresas que tinham abandonado esse segmento voltaram ou estão se constituindo para atuar ", diz França.

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