Descrição de chapéu Silicon Valley Bank

Clientes sacaram R$ 850 bi de Credit Suisse e First Republic em crise do 1º tri

Bancos ficaram à beira da falência em março; leia edição da newsletter FolhaMercado desta terça-feira (25)

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Esqueletos deixados pela crise

O suíço Credit Suisse e o americano First Republic, bancos que foram salvos da falência graças a esforços dos governos e de seus pares privados para evitar uma crise sistêmica, apresentaram nesta segunda (24) o rombo gerado pela corrida de saques dos clientes.

  • Enquanto cerca de R$ 345 bilhões (61,2 bilhões de francos suíços) foram retirados do Credit no primeiro trimestre do ano, no First Republic os saques beiraram os R$ 505 bilhões (US$ 100 bilhões) no período.

Relembre

Em números: o Credit Suisse viu o valor dos seus ativos sob gestão cair para 502,5 bilhões de francos suíços (R$ 2,85 trilhões) no fim de março, montante quase 29% menor do que o registrado no mesmo período do ano passado.

No First Republic, o patamar de depósitos caiu mais de 40%, de US$ 176,4 bilhões no fim do ano para US$ 104,5 bilhões no final do último trimestre.

  • Considerando o aporte de US$ 30 bi de outros bancos, os saques chegaram a US$ 100 bi no período.
  • Em reação à divulgação do resultado, as ações do banco, que acumulam tombo de 90% no ano, despencaram mais 20% no pós-mercado.

Ouro retoma protagonismo

O ouro, que era a principal reserva de valor global até perder sua soberania para o dólar, voltou a ganhar protagonismo em um cenário de inflação elevada e sanções relacionadas à Guerra da Ucrânia.

  • A demanda é tamanha que hoje seu preço opera perto das máximas históricas e próximo ao patamar alcançado no começo da pandemia, quando a incerteza tomava os investidores.

Em números: a quantidade de ouro comprada pelos bancos centrais aumentou em 152% em 2022, para 1.136 toneladas, segundo uma organização do setor.

  • Em outro levantamento, que envolveu 83 BCs que fazem a gestão de US$ 7 trilhões em ativos cambiais, mais de dois terços dos que responderam acreditavam que seus pares aumentariam suas reservas do valioso mineral em 2023.

O que explica: a maioria dos administradores de reservas disse que o risco geopolítico é uma das suas preocupações mais importantes, atrás apenas da inflação elevada.

  • Quando olhamos mais de perto para os compradores de ouro ano passado, vemos que muitos deles são de BCs de países que não estão totalmente alinhados com o Ocidente, caso de China, Turquia e países do Oriente Médio e da Ásia Central.
  • Isso pode ser explicado porque as reservas de ouro em posse da Rússia, por estarem armazenadas em seu território, passaram ilesas das sanções ocidentais instauradas após a invasão do país à Ucrânia.

Dólar vai perder protagonismo? A maior demanda pelo ouro acontece em meio a discussões sobre a perda de parte da relevância das duas principais moedas globais, o dólar e o euro.

  • Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu, disse na semana passada que as desavenças entre EUA e China ameaçavam essas divisas.
  • No fim do ano passado, porém, o yuan chinês representava apenas 2,7% das reservas dos BCs, enquanto o dólar liderava disparado com 58% e o euro vinha na sequência, com pouco mais de 20%.

Opinião: Ruchir Sharma, presidente da Rockefeller Internacional, explica o que a alta do ouro tem a dizer sobre a queda do dólar.


Faria Lima calça bota e usa chapéu

Antes voltadas principalmente ao eixo Rio-São Paulo, as gestores de investimento passam a olhar cada vez mais para o Centro-Oeste, região que abriga grandes produtores que se beneficiaram do boom de commodities nas últimas décadas.

O que explica: a região abriga 16 dos 20 municípios mais ricos do agronegócio brasileiro. Seu crescimento vem se destacando desde a década de 1980 e acelerou nos últimos anos, quando o preço das matérias-primas escalou, assim como a cotação do dólar.

  • De 1986 a 2023, os PIBs de Mato Grosso (695%), Mato Grosso do Sul (273%), Goiás (188%) e Distrito Federal (170%) cresceram bem acima da economia brasileira, que teve alta acumulada de 108,7% no período.

Como a Faria Lima se conecta ao agro do Centro-Oeste:

  • Gestão de patrimônio: os bancos e as corretoras destinam cada vez mais assessores para ir atrás de clientes na região, incluindo os que têm a partir de R$ 300 mil investidos até os multimilionários, que nesse caso também contam com serviços como planejamento sucessório.
  • Produtos financeiros: títulos de dívidas, como os CRAs (Certificado de Recebível do Agronegócio), atraem cada vez mais investidores, assim como os Fiagros, uma espécie de fundo imobiliário do agro, que somam cerca de 240 mil investidores e R$ 7,6 bilhões em volume investido, segundo dados de março da B3.

CEO da Hurb deixa cargo após ofender clientes

O CEO da Hurb (antigo Hotel Urbano), João Ricardo Mendes, renunciou ao cargo nesta segunda (24).

  • "Tá arriscado alguém bater na merda da sua casa", disse a um cliente que não teve passagens aéreas emitidas pela Hurb –o vídeo foi salvo por usuários antes de ter sido deletado das redes do CEO.

Na carta de renúncia, o executivo admitiu erros e procurou desassociar suas atitudes da imagem da empresa. "Esses recentes acontecimentos, na verdade, foram erros do 'João Ricardo Mendes' e não de uma companhia inteira que é muito maior do que eu."

A crise da Hurb: a empresa enfrenta uma chuva de críticas e reclamações por relatos de calotes em hotéis e pousadas, que acabam por cancelar as reservas, prejudicando a viagem de milhares de pessoas.

  • O cliente que foi ameaçado por Mendes, por exemplo, disse estar em um grupo de WhatsApp com mais de 1.000 pessoas que não tiveram passagens aéreas emitidas pela Hurb.

O modelo da startup não trabalha com datas exatas, mas períodos no qual a viagem pode ser feita –a empresa, porém, pode acabar emitindo os bilhetes em outras datas.

  • Ela vendeu uma série de pacotes de viagens na pandemia, mas desde o fim da crise sanitária os preços dispararam, principalmente os das passagens aéreas, e os relatos de atrasos nos pacotes se tornaram mais frequentes.
  • Em entrevistas recentes, o CEO havia afirmado que a situação atual foi provocada por um bloqueio dos bancos sobre seus recebíveis (grana que a empresa tem a receber por vendas a prazo).

Mendes será substituído de forma interina por Otávio Brissant, atual general council da empresa. O agora ex-CEO afirmou que segue como responsável legal e principal acionista da companhia.

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