Descrição de chapéu Banco Central inss

Concessões de crédito consignado para beneficiários do INSS caem 40,5% em março, segundo BC

Redução coincide com suspensão temporária de empréstimos após impasse envolvendo juros da modalidade

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Brasília

As concessões de crédito consignado para beneficiários do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) caíram 40,5% em março na comparação mensal, segundo dados do Banco Central divulgados nesta quarta-feira (26). Foram concedidos R$ 3,9 bilhões em novos empréstimos no mês passado, contra R$ 6,5 bilhões em fevereiro.

A redução coincide com a suspensão temporária das concessões dessa linha de crédito para aposentados e pensionistas em março em meio ao imbróglio envolvendo o teto da taxa de juros da modalidade.

Sem detalhar os motivos que levaram à queda, o chefe do departamento de estatísticas do BC, Fernando Rocha, afirmou que esse "foi um comportamento das concessões bastante distinto das submodalidades desse mesmo grupo."

Ministro Carlos Lupi (Previdência) em encontro com representantes dos aposentados do INSS na sede do Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos), em São Paulo - Danilo Verpa - 17.mar.23/Folhapress

O impasse envolvendo o consignado começou depois que o CNPS (Conselho Nacional de Previdência Social) aprovou em 13 de março a redução da taxa de juros da linha de crédito de 2,14% para 1,70% ao mês.

A revisão levou bancos públicos e privados –Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Bradesco, Santander e outros– a suspender as operações de empréstimo na modalidade.

Segundo estimativas feitas pelo setor financeiro, ao oferecer crédito consignado para aposentados e pensionistas com taxa de juros de 1,70% ao mês, os bancos teriam uma rentabilidade negativa de 0,23% nas operações. Isso significa que as instituições teriam prejuízo com a modalidade, o que não é permitido por uma resolução do CMN (Conselho Monetário Nacional).

Como mostrou a Folha, a mudança provisória da taxa de juros para 1,70% ao mês decorreu de um ruído entre o ministro Carlos Lupi (Previdência) e o Palácio do Planalto.

Diante do impasse, o CNPS decidiu duas semanas mais tarde, em reunião extraordinária, revisar novamente o limite da taxa do empréstimo com desconto em folha, elevando o teto para 1,97% ao mês.

A proposta do governo havia sido definida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em encontro no Palácio da Alvorada com os ministros Carlos Lupi (Previdência), Fernando Haddad (Fazenda), Luiz Marinho (Trabalho), e a secretária-executiva da Casa Civil, Miriam Belchior –que representou o ministro Rui Costa.

Concessões de empréstimos caíram 1% em março, na comparação com fevereiro

Nesta quarta, o BC também informou que as concessões de empréstimos no Brasil, na série com ajuste sazonal, recuaram 1% em março na comparação com fevereiro, com o estoque total de crédito subindo 0,7% no período, a R$ 5,361 trilhões. Em 12 meses, no entanto, houve avanço de 15%.

Em março, as concessões de financiamentos com recursos livres, nos quais as condições dos empréstimos são livremente negociadas entre bancos e tomadores de crédito, tiveram redução de 2,1% em relação ao mês anterior. Para as operações com recursos direcionados, que atendem a parâmetros estabelecidos pelo governo, também houve queda de 2,1% no período.

0
Cédulas de real - Gabriel Cabral - 21.fev.2019/Folhapress

No mês passado, a inadimplência no segmento de recursos livres ficou em 4,6%, contra 4,5% em fevereiro. Em 12 meses, houve elevação de 1,2 ponto percentual.

Já as taxas bancárias médias subiram em março. Os juros cobrados pelas instituições financeiras no crédito livre ficaram em 44,3%, um aumento de 0,1 ponto percentual em relação ao mês anterior. Na comparação em 12 meses, o avanço foi de 7 pontos percentuais.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.