Descrição de chapéu Folhainvest juros Selic

Dólar fecha em alta com maior cautela sobre novo arcabouço fiscal; Bolsa tem avanço moderado

Novas regras devem ser entregues ao Congresso nesta terça, e retiram itens do limite de despesas

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O dólar, que começou o dia em queda ante o real após a divulgação do PIB (Produto Interno Bruto) da China, fechou em alta nesta terça-feira (18). Segundo analistas, a retirada de itens da regra de limite de gastos no novo arcabouço fiscal preocupa o mercado.

A Bolsa oscilou durante todo o dia próxima da estabilidade, e fechou em leve alta com a ajuda das ações de Petrobras e Vale, após o resultado da atividade econômica chinesa no primeiro trimestre ter sido melhor que o esperado.

O dólar comercial à vista encerrou o dia com avanço de 0,81%, a R$ 4,976, depois de chegar a R$ 4,99 na máxima do dia. O Ibovespa fechou em alta de 0,14%, a 106.163 pontos.

Nos mercados futuros, os juros fecharam em alta. Nos contratos para janeiro de 2024, a taxa passou de 13,21% do fechamento desta segunda-feira (17) para 13,26%. Para janeiro de 2025, os juros subiram de 11,90% para 12%. Para janeiro de 2027, a taxa avançou de 11,73% para 11,88%.

Dólar subiu nesta segunda-feira, mas continuou longe de voltar para o patamar de R$ 5 - Dado Ruvic - 21.mar.2023/Reuters

O governo inseriu em sua proposta de arcabouço fiscal uma lista de mais de dez itens que ficarão de fora do novo limite de gastos a ser criado a partir do ano que vem. O texto, de acordo com o relatado à Folha, tira do alcance da trava repasses a municípios para o pagamento do piso da enfermagem, recursos destinados a acordos com precatórios e aportes em empresas estatais.

A proposta contém uma série de excepcionalidades à regra que até agora não haviam sido anunciadas pelo governo. Caso a proposta seja aprovada dessa forma para as estatais, por exemplo, o governo poderá manter o livre repasse de recursos a empresas públicas sem que esse investimento comprometa o espaço disponível para as demais despesas federais.

Além disso, o governo escolheu a inflação do ano inteiro de 2023 para reajustar a base do limite de despesas para 2024, adotando uma opção que dá alívio extra para as despesas do ano que vem em comparação ao cenário em que o indicador até o meio do ano (acumulada em 12 meses) fosse o escolhido.

Até 2021, o teto de gastos previa que a limitação cresceria com base na inflação acumulada em 12 meses encerrados em junho. Naquele ano, no entanto, o então ministro Paulo Guedes (Economia) articulou uma mudança por meio de emenda constitucional para passar a considerar o espaço de janeiro a dezembro (mais vantajoso na ocasião) e abrir espaço para mais gastos.

Para Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora, todo este noticiário antes da entrega da proposta do governo ao Congresso gera bastante ruído no mercado. "Vemos isso pelo descolamento em relação à tendência global para o dólar", diz o economista.

Ele se refere ao índice DXY, que mede o desempenho do dólar ante outras moedas globais fortes, que às 17h35 (horário de Brasília) apresentava queda de 0,37%.

Paulo Luives, especialista da Valor Investimentos, enxerga que um ponto positivo da nova regra foi ter deixado de fora do cálculo as receitas do governo com dividendos. "Isso tira da regra um fator que é bastante variável, e que poderia atrapalhar o planejamento das contas públicas", afirma Luives.

Para Rachel de Sá, chefe de economia da Rico, afirma que o texto do novo arcabouço fiscal não teve grandes surpresas. "O lado mais sensível continua a ser elevação do limite bem acima da inflação, o que resulta em um ajuste que dependerá de receitas adicionais".

Guilherme Sahadi, diretor de investimentos da iVi Technologies, afirma que importadores têm aproveitado as quedas recentes do dólar para comprar moeda. "A demanda por dólar vista hoje foi muito maior que nos últimos dias", afirma.

A Bolsa foi ajudada pelo desempenho da China no primeiro trimestre. A economia do país cresceu 4,5% no primeiro trimestre de 2022, mostraram dados oficiais divulgados nesta segunda-feira (17). Economistas ouvidos pela Reuters esperavam avanço de 4%.

O fim das rígidas restrições contra a Covid-19 e o esforço de Pequim para acelerar o crescimento ajudaram a economia chinesa a se recuperar após ter registrado um de seus piores resultados no ano passado.

Como consequência, as ações ordinárias e preferenciais da Petrobras fecharam com alta de 2,70% e 2,50%, respectivamente. A ordinária da Vale subiu 0,92%.

Nos Estados Unidos, os investidores reagem a declarações de um diretor do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) defendendo a continuidade do ciclo de aumento de juros para controlar a inflação.

Os resultados de grandes bancos, melhores que o esperado, diminuem a chance de que a crise do setor pode amenizar a política de juros do Fed. O lucro do Bank of America no primeiro trimestre de 2023 ficou acima das expectativas de analistas, com as receitas crescendo 30%, maior avanço em uma década.

Em compensação, os resultados de Goldman Sachs e BNY Mellon ficaram abaixo da expectativa de analistas. Somados os fatores, os índices de ações em Nova York fecharam próximos da estabilidade.

O índice Dow Jones fechou em baixa de 0,03%. O S&P 500 teve avanço de 0,09%, enquanto o Nasdaq encerrou o dia com queda de 0,04%.

Com Reuters

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.