A fábrica de chassis de ônibus e caminhões da Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo, em São Paulo, vai reduzir de dois para um os turnos de produção a partir de maio, informou o sindicato local de metalúrgicos nesta quarta-feira (5).
A produção em turno único vai durar de dois a três meses, informou o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
A entidade destacou que a montadora já tinha anunciado aos trabalhadores férias coletivas para 300 funcionários também no início de abril, além de semanas curtas de trabalho.
A Mercedes-Benz conta com cerca de oito mil trabalhadores na fábrica, sendo seis mil na linha de produção, dos quais dois mil no segundo turno.
Procurada pela Reuters, a montadora não respondeu até a publicação deste texto.
A Mercedes-Benz citou ao sindicato que há vários motivos para a redução na produção, entre eles, queda na demanda, escassez de peças e juros elevados no país.
Segundo a entidade, a montadora divulgou aos trabalhadores um boletim sobre necessidade de redução do programa de produção para 2023 e adoção de turno único na fábrica.
Em 2022, houve um movimento no país de antecipação de compras de caminhões devido à transição da norma de emissões de poluentes para o padrão Euro 6.
Segundo dados da associação de distribuidores de veículos, Fenabrave, as vendas de caminhões novos no Brasil caíram 7,3% em março sobre o mesmo mês do ano passado, para cerca de 9,4 mil unidades.
"É urgente abrir novas modalidades de financiamento do BNDES e baixar a taxa de juros [...] para a retomada do setor. Os juros altos prejudicam o crescimento, impedem a melhoria da produção e a geração de empregos, com efeitos nocivos no setor de caminhões e autopeças", afirmou o diretor-executivo do Sindicato, Aroaldo Oliveira da Silva, em comunicado à imprensa.
"Estamos já em um processo de negociação com a empresa para avaliarmos as medidas possíveis e necessárias. Vamos pensar os próximos passos e as alternativas para atravessarmos esse período", disse o dirigente.
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