Presidente do Credit Suisse pede desculpas em meio à fúria de acionistas

Reunião de acionistas é marcada por protestos dentro e fora do banco

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Noele Illien e John O'Donnell
Zurique (Suíça) | Reuters

O presidente do conselho do Credit Suisse pediu desculpas por levar o banco suíço à beira do colapso, enquanto enfrentava a fúria de acionistas pelo fim do segunda maior instituição financeira da Suíça.

O processo de aquisição emergencial do banco pelo rival suíço UBS ignorou os acionistas do Credit Suisse.

A reunião final de acionistas, nesta terça-feira, marca um fim desonroso para o banco de 167 anos fundado por Alfred Escher, um magnata suíço apelidado de Rei Alfredo 1º, que ajudou a construir as ferrovias do país e depois o banco.

Manifestantes usam barco com a frase "Crise Suíça" para protestar contra banco Credit Suisse - Fabrice Coffrini - 04.abr.2023 / AFP

Manifestantes se reuniram do lado de fora do local onde ocorre a reunião, alguns erguendo um barco virado para retratar o fim do banco.

Lá dentro, o presidente do conselho, Axel Lehmann, apresentou um pedido de desculpas, dizendo que ficou sem tempo para recuperar o banco, apesar de acreditar "até o início da semana fatídica" que o banco poderia sobreviver.

"Eu realmente sinto muito", afirmou Lehmann. "Peço desculpas por não termos mais conseguido conter a perda de confiança".

Depois de anos de escândalos e perdas, o Credit Suisse chegou à beira do colapso antes do UBS comprá-lo em uma operação arquitetada e financiada pelo governo da Suíça.

"Até o fim, lutamos muito para encontrar uma solução. Mas, no final das contas, havia apenas duas opções: acordo ou falência. A fusão tinha que acontecer", disse Lehmann.

Axel Lehmann pede desculpas durante reunião final de acionistas da Credit Suisse
Axel Lehmann pede desculpas durante reunião final de acionistas da Credit Suisse - Fabrice Coffrrini - 04.abr.2023 / AFP

A empresa de consultoria de acionistas Ethos criticou a "ganância e incompetência de seus gerentes", bem como os salários que atingiram "alturas inimagináveis", enquanto se preparava para desafiar os executivos na reunião.

"Os acionistas perderam quantias consideráveis de dinheiro e milhares de empregos estão em risco", afirmou.

A reunião é a primeira vez que o presidente Lehmann e o presidente-executivo, Ulrich Koerner, se dirigem publicamente aos acionistas desde a aquisição.

Falência do SVB foi golpe final

O Credit Suisse vinha tentando deixar o passado para trás e se reestruturar, antes que um abalo desencadeado pelo colapso do Silicon Valley Bank (SVB), nos Estados Unidos, o colocasse em uma espiral.

Após uma corrida aos depósitos, o governo suíço recorreu ao UBS, que concordou em comprar o Credit Suisse por 3 bilhões de francos suíços (US$ 3,3 bilhões), uma fração de seu valor de mercado anterior.

A medida irritou não apenas os acionistas, mas muitos na Suíça. Uma pesquisa da empresa gfs.bern mostrou que a maioria dos suíços não apoia o acordo.

"O uso de poderes de emergência pelo governo para levar adiante este acordo vai além das normas legais e democráticas", disse Dominik Gross, da Aliança Suíça de Organizações de Desenvolvimento.

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