Multa recorde à Meta na Europa, emergência após casos de gripe aviária e o que importa no mercado

Leia edição da newsletter FolhaMercado desta terça-feira (23)

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Esta é a edição da newsletter FolhaMercado desta terça-feira (23). Quer recebê-la de segunda a sexta, às 7h, no seu email? Inscreva-se abaixo:


Multa recorde à Meta

A Meta (dona de Facebook, Instagram e WhatsApp) foi multada em 1,2 bilhão de euros (R$ 6,4 bilhões) nesta segunda pela UE (União Europeia) por violar regras de proteção de dados do bloco.

  • É a maior penalidade do tipo já aplicada a uma empresa no continente.

Entenda: a empresa de Mark Zuckerberg foi condenada por ter continuado a transferir e armazenar nos EUA dados pessoais de usuários do Facebook na Europa.

  • A decisão também exige que a Meta suspenda essa prática em até cinco meses.
  • A investigação começou em 2020, após a Justiça europeia ter anulado um acordo de transferência de dados de usuários entre os EUA e os países do bloco.

A Meta afirma que a sanção é "injustificada e desnecessária" e irá ao tribunal para tentar suspendê-la.

A companhia também disse que "milhares de empresas e organizações dependem da capacidade de transferir dados entre a UE e os EUA" e que "existe um conflito legal fundamental do governo americano sobre o acesso a dados e direitos de privacidade europeus".

A multa histórica põe pressão no governo dos EUA para acelerar um acordo com a UE para o tratamento de informações de usuários europeus por empresas americanas.

  • A Meta não é a única a fazer isso e outras empresas também podem acabar sendo penalizadas.

Estado de emergência após casos de gripe aviária

O Ministério da Agricultura decretou nesta segunda estado de emergência zoossanitária em todo o país diante dos casos de infecção pelo vírus da influenza aviária de alta patogenicidade (H5N1).

  • A portaria deve vigorar pelo prazo de 180 dias, podendo ser prorrogado por prazo indeterminado

Entenda: a decisão serve para agilizar ações de monitoramento e eventuais medidas para mitigação.

  • A portaria, por exemplo, tem como efeito suspender feiras de exposição de aves. Para o consumidor, não há nenhuma mudança por ora.

A ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) reforça que não há mudanças no status brasileiro de "livre da enfermidade" perante a OMSA (Organização Mundial de Saúde Animal), por não haver registros na produção comercial.



A doença: a influenza aviária é altamente contagiosa e afeta várias espécies de aves domésticas e silvestres e, ocasionalmente, mamíferos.

  • Seu principal fator de transmissão é a exposição direta a aves silvestres infectadas, e ela não é repassada pelo consumo de carne de aves e nem de ovos.

Na semana passada, o Brasil registrou o primeiro caso de gripe aviária em seu território. A doença apareceu em duas aves marinhas no litoral do Espírito Santo.

Desde então, as confirmações já subiram para cinco –nenhuma em humano.


Campos Neto alerta para mudança de meta sem 'calmaria'

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que mudar as metas de inflação durante uma turbulência econômica pode passar uma mensagem errada ao mercado: a de que se procura mais flexibilidade e não mais eficiência.

O assunto voltou à pauta após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ter comentado sobre a possibilidade de mudar o recorte de tempo para observação da meta de inflação, que seria desvinculada do ano-calendário e passaria para um horizonte móvel.

  • A mudança na meta de inflação é definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), com votos de Haddad, Campos Neto e da ministra do Planejamento, Simone Tebet. O órgão define em junho a meta de 2026.

Campos Neto também rebateu os argumentos de quem afirma que a atual inflação é resultado de um choque de oferta e não causada pela demanda –o que, na opinião dos críticos do BC, tornaria a alta de juros pouco efetiva.

  • O presidente da autarquia citou que o núcleo da inflação (que tira da conta preços voláteis, como combustível e energia) está em 7,3%, bem acima da meta para o ano, de 3,25%.

Ele falou sobre o assunto nesta segunda (22), durante seminário sobre os dois anos de autonomia do BC promovido pela Folha, com patrocínio da Febraban (Federação Brasileira de Bancos).

O tema principal do seminário foi discutido por Campos Neto e também pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), assim como pela professora titular do Departamento de Economia da USP, Leda Paulani:

Campos Neto: "Os ganhos da autonomia estão aí. Se a gente não tivesse autonomia, no período de eleição a gente teria tido mais volatilidade nos mercados. É importante separar o ciclo político do ciclo econômico".

Rodrigo Pacheco: defendeu a decisão, mas se colocou aberto à discussão do assunto. Segundo o parlamentar, "se a decisão foi acertada ou não, só o tempo dirá".

Leda Paulani: contra a autonomia, ela disse que a regra coloca, atualmente, entraves à ação de um governo eleito. A professora disse que o BC pode ser independente do governo, mas não do sistema financeiro "que escraviza o Brasil há quatro décadas".

O que mais foi falado no seminário:

  • Pacheco: Juro alto inibe projetos do governo Lula, e BC não pode se prender apenas a critérios técnicos.
  • Leda Paulani: Não é possível dizer que BC errou por fazer vontade de Dilma.
  • Campos Neto: Crítica pessoal de Lula mostra falta de conhecimento sobre autonomia do BC.

Mercado vê inflação menor e PIB maior

Os analistas do mercado reduziram suas projeções para a inflação deste e do próximo ano e melhoraram as expectativas para o PIB, mas mantiveram suas projeções para a taxa Selic ao fim de 2023.

  • Os cálculos são da pesquisa Focus, feito semanalmente pelo BC junto a economistas do mercado.

Em números:

Inflação:
a expectativa para o IPCA deste ano recuou de 6,03% na semana passada para 5,80% na sondagem atual, enquanto para 2024 a projeção passou para 4,13%, ante 4,15% da semana anterior.

  • Segundo economistas e o próprio presidente do BC, o novo cálculo para a inflação de curto prazo pode estar relacionado à queda dos preços dos combustíveis.

Selic: a perspectiva dos economistas para a taxa ao fim de 2023 foi mantida em 12,50% pela quinta semana consecutiva, o que embute uma queda de 1,25 ponto percentual em relação à taxa básica atual.

PIB: o mercado vê crescimento de 1,20% neste ano, ante expansão de 1,02% calculada na semana anterior. Campos Neto disse que as projeções tendem a se estabilizar em torno de 1,5%.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.