Chris Licht, o CEO da CNN, deixou cargo nesta quarta (7) após uma série de controvérsias.
Ele foi escolhido a dedo há pouco mais de um ano pelo executivo-chefe da Warner Bros Discovery, David Zaslav, para dirigir a companhia após a saída de seu antigo chefe, Jeff Zucker.
No entanto, o breve mandato de Licht no topo da CNN foi marcado por erros, culminando em um artigo contundente na revista The Atlantic na semana passada que retratou o executivo como frágil e estressado.
Semanas antes, a CNN tinha organizado uma palestra com Donald Trump, que insultou o moderador da rede sob aplausos da plateia cheia de apoiadores do ex-presidente.
Os jornalistas da CNN ficaram irritados, mas Licht defendeu a decisão, dizendo: "Os Estados Unidos foram muito bem servidos pelo que fizemos".
Ele se desculpou com a equipe da empresa na manhã de segunda-feira (5), dizendo aos funcionários que "lutaria como o diabo" para reconquistar sua confiança.
"Tenho grande respeito por Chris, pessoal e profissionalmente", disse Zaslav em um comunicado sobre a saída de Licht. "O trabalho de liderar a CNN nunca seria fácil."
A Warner disse que está procurando um substituto. Enquanto isso, a rede contará com uma equipe de líderes de programação: Amy Entelis, Virginia Moseley e Eric Sherling.
Licht, que já teve passagens bem-sucedidas na programação da MSNBC e The Late Show de Stephen Colbert, ingressou na CNN em maio de 2022.
Quando Licht chegou, a organização ainda estava lamentando a saída de Zucker, que havia se tornado uma presença singular na CNN. O âncora Don Lemon quase chorou ao falar ao vivo sobre a saída de Zucker.
O executivo-chefe David Zaslav queria redefinir a CNN na era pós-Zucker e após a aquisição da Warner Media, controladora da rede, por US$ 44 bilhões, no ano passado. Ele planejava reposicioná-la como uma rede menos "ativista" do que nos anos Trump –estratégia defendida por John Malone, o bilionário da TV a cabo e membro do conselho da Warner.
Zaslav e Licht passaram grande parte do ano passado tentando atingir esse objetivo, ao mesmo tempo em que cortavam custos enquanto a Warner, controladora, tentava reduzir sua pesada dívida.
A audiência da CNN está em queda, atingindo uma média de apenas 535 mil espectadores no horário nobre no primeiro trimestre, de acordo com a Nielsen. Em comparação, a CNN teve uma média de 1,7 milhão de espectadores no ano eleitoral de 2020.
Um dos maiores erros de cálculo de Licht foi o debate no mês passado com Donald Trump, que insultou o moderador da CNN sob aplausos de uma plateia repleta de apoiadores do ex-presidente. A reunião recebeu uma reação instantânea e os jornalistas da CNN ficaram furiosos, incluindo o colunista Oliver Darcy, que chamou o encontro de "espetáculo de mentiras" em seu boletim informativo. Mas Licht na época defendeu a decisão, dizendo que "os Estados Unidos foram muito bem servidos pelo que fizemos".
Licht também lutou para construir uma estratégia de programação bem-sucedida. Ele mudou Don Lemon, um dos apresentadores do horário nobre mais reconhecidos da rede, de seu horário noturno para um programa matinal –um ajuste estranho para o âncora. Lemon foi demitido em abril.
No ano passado, Licht disse ao Financial Times que "um dos maiores equívocos sobre minha visão é que quero ser baunilha, que quero ser centrista. Isso é besteira".
Na semana passada, Zaslav contratou David Leavy, um velho confidente seu, para se tornar diretor de operações da CNN e fortalecer o negócio –medida que sinalizou que seu apoio a Licht estava diminuindo.
Licht se desculpou com a equipe da CNN na manhã de segunda-feira (5), dizendo aos funcionários que "lutaria como o diabo" para reconquistar sua confiança.
Mas dois dias depois a CNN declarou que Licht estava demitido, "com efeito imediato".
Tradução de Luiz Roberto Gonçalves
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