Empresas vão liberar funcionários em jogos da Copa do Mundo feminina

Equipes irão entrar mais tarde ou trabalhar de casa quando a seleção estiver em campo; governo terá ponto facultativo

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São Paulo

Empresas de diferentes setores vão liberar funcionários para ver os jogos da seleção feminina de futebol do Brasil na Copa do Mundo, que começa na quinta-feira (20), na Austrália e Nova Zelândia.

Mesmo não sendo obrigatória, de acordo as companhias, o objetivo da iniciativa é impulsionar a diversidade e valorizar a competição, seguindo o modelo adotado no torneio masculino.

A brasileira Cristiane disputa de cabeça com a francesa Baithy no confronto entre as duas seleções na Copa de 2019. As equipes voltam a se enfrentar em 2023
A brasileira Cristiane disputa de cabeça com a francesa Baithy no confronto entre as duas seleções na Copa de 2019. As equipes voltam a se enfrentar em 2023 - Franck Fife-23.jun.19/AFP

O primeiro jogo do Brasil vai ser às 8h, na segunda-feira (24), contra o Panamá. A seleção está no grupo F,, que tem ainda França e Jamaica.

O segundo jogo será contra a França e vai cair no sábado (29). A partida contra a Jamaica vai acontecer na quarta-feira, 2 de agosto. A competição vai até o dia 20 do próximo mês.

Copa do Mundo feminina

Jogos do Brasil na fase de grupos

  • 24.jul, às 8h

    Contra o PANAMÁ, no Hindmarsh Stadium, na Austrália

  • 29.jul, às 7h

    Contra a FRANÇA, no Brisbane Stadium, na Austrália

  • 2.ago, às 7h

    Contra a JAMAICA, no Melbourne Rectangular, na Austrália

No grupo de panificação Bimbo —das marcas Pullman, Plusvita, Rap10 e Ana Maria—, todos os colaboradores serão liberados para acompanhar as participações do time brasileiro.

As atividades das linhas de produção e centros distribuidores vão ser ajustadas gradativamente durante os jogos. Os funcionários da área administrativa vão ter intervalos no expediente.

"Atualmente, a companhia possui cerca de 21% de mulheres globalmente e, especificamente em cargos de liderança, já são mais de 25%. Estamos promovendo cada vez mais iniciativas para acelerar esse processo", disse em nota Mário Escotero, vice-presidente de Gestão de Pessoas.

O grupo Boticário também vai ter um expediente diferenciado nos dias de jogos da seleção feminina. Os que trabalham no modelo presencial contarão com uma estrutura montada nos refeitórios ou auditórios, a depender dos horários dos jogos; os que trabalham em esquema híbrido ou remoto iniciarão o expediente uma hora após os jogos ou serão liberados uma hora antes da partida.

Segundo a empresa, 60% do quadro de colabores é composto por mulheres, e elas ocupam 40% dos cargos de liderança. "Se desejamos uma sociedade realmente equânime em gênero, raça e outras dimensões de diversidade, precisamos investir em uma caminhada que tenha consistência", disse em nota Fabiana de Freitas, vice-presidente de jurídico, compliance, ESG e assuntos institucionais do grupo.

A rede de farmácias Pague Menos também terá um horário alternativo para os dias de jogos. Como as disputas nesta rodada vão ocorrer no início da manhã, os funcionários da área administrativa vão poder entrar às 13h. Nas lojas e centros de distribuição, eles vão contar com uma estrutura para acompanhar as partidas.

Segundo a rede, 59% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres.

O Grupo CCR (que administra rodovias, aeroportos e metrôs) vai liberar os times administrativos uma hora antes das partidas, com retorno ao trabalho uma hora após os jogos. A liberação vale tanto para os presenciais quanto para as equipes que estão em home office.

"É a primeira vez que decidimos colocar em ação este tipo de iniciativa durante a Copa do Mundo feminina de futebol. Ela integra uma série de ações que foram reforçadas, desde 2020, com a criação da Área de Diversidade e do Comitê de Diversidade", diz Patrícia Anacleto, gerente da área de Gente.

Um dos funcionários da empresa, Erymar Alexandre Costa, que atua na ViaOeste (sistema Castello-Raposo), é pai da zagueira da seleção Lauren Leal, e irá viajar para acompanhar os jogos.

Na empresa de energia Siemens Energy, os funcionários irão começar a trabalhar após as partidas. No dia 24 de julho, por exemplo, vão entrar às 10h. Nos locais em que a equipe precisa trabalhar presencialmente, vão ser instalados telões e serão distribuídos lanches para a equipe.

A farmacêutica AbbVie, que conta com cerca de 1.100 colaboradores no país, também vai manter um esquema diferenciado para a equipe nos dias de jogos do Brasil: os funcionários poderão optar por assistir na empresa ou, em alguns casos, de casa.

"É essencial incentivar e promover iniciativas como essas, para construirmos um ambiente inclusivo e uma sociedade mais justa", disse a diretora Camila Zanqueta, em nota. A empresa conta com duas sedes administrativas em São Paulo, uma fábrica em Guarulhos (SP) e um centro de distribuição em Extrema (MG).

A Visa também irá liberar todo o quadro de funcionários para acompanhar os jogos do Brasil, quando estes ocorrerem em horário de expediente.

"Investimos na decoração do escritório durante o período da competição e contará com uma mesa de pebolim para que os funcionários se divirtam em momentos de lazer. Além disso, a empresa irá distribuir o álbum oficial de figurinhas da Copa do Mundo Feminina", diz a empresa.

A plataforma Compra Agora vai adotar para o torneio feminino a mesma regra que foi usada na última edição do mundial masculino: os funcionários estarão isentos de trabalhar uma hora antes e uma hora depois das partidas com a seleção brasileira feminina.

De acordo com a Febraban (federação que representa os bancos), as instituições estão discutindo a adoção de jornadas especiais para os dias de jogos.

Um levantamento da empresa de tecnologia Zoox Smart Data aponta que 70% dos entrevistados disseram que a empresa em que trabalham não irá liberar as equipes durante os jogos da seleção feminina e 12% serão liberados apenas nos horários dos jogos. Foram ouvidas 31.615 pessoas, em aeroportos, hotéis e metrôs em cidades das cinco regiões do país.

A iniciativa não ocorre apenas na iniciativa privada. Na última sexta-feira (14), o governo do presidente Lula (PT) anunciou que os dias de jogos da seleção brasileira serão ponto facultativo para funcionários públicos federais.

Segundo a Agência Brasil, a ministra do Esporte, Ana Moser, pediu ao presidente que tomasse a decisão. Pelas informações do Ministério dos Esportes, o expediente começa às 11h nos dias em que os jogos começarem até 7h30 e ao meio-dia para quando começarem às 8h. As horas não trabalhadas devem ser compensadas até 29 de dezembro.

Isso vale apenas para servidores federais —estados, municípios e empresas de economia mista têm autonomia para decretar ou não o ponto facultativo.

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