Eve e Embraer anunciam primeira fábrica de 'carros voadores' no Brasil

Planta ficará em Taubaté (SP), a 120 km da capital paulista, mas ainda depende da aprovação final de autoridades

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São Paulo

A Eve e a Embraer anunciaram a primeira fábrica de "carros voadores" no Brasil. A planta industrial que vai produzir os primeiros modelos do eVtol, veículo elétrico voador capaz de levar passageiros, ficará em Taubaté (SP). O comunicado foi divulgado pelas empresas nesta quinta-feira (20).

A fábrica ficará situada em área que será ampliada, dentro da atual unidade da Embraer no município do interior paulista. A instalação, contudo, está sujeita a aprovação final de autoridades.

Segundo as empresas, o local fica em ponto estratégico para a logística. Taubaté, localizada a 120 km da capital, tem acesso facilitado por rodovias como a Presidente Dutra (BR-116). A nova planta também estará próxima da sede da Embraer, em São José dos Campos (região do Vale do Paraíba), e das equipes de engenharia e de recursos humanos da Eve.

"Acreditamos no enorme potencial do mercado global de Mobilidade Aérea Urbana e reforçamos nosso compromisso com a Eve como uma das principais empresas desse setor", disse Francisco Gomes Neto, CEO da Embraer, em comunicado.

Cabine do eVtol, veículo elétrico voador que será capaz de transportar passageiros, sendo exposto na Paris Air Show 2023 - Geoffroy Van der Hasselt - 20.jun.2023/AFP

Quando os primeiros eVtols serão entregues pela Eve?

O eVtol (veículo elétrico de decolagem e pouso vertical, na sigla em inglês), ainda não existe. Está em fase de projeto e os primeiros protótipos devem ser montados no segundo semestre de 2023. Se tudo correr como previsto, o primeiro voo experimental ocorrerá em 2024 —embora a empresa prefira não cravar a data do primeiro teste real.

A expectativa é de que o eVtol seja entregue aos compradores em até três anos. Embora ainda esteja sendo criado, já existem quase 3.000 encomendas. Pelo cronograma atual, os primeiros veículos devem ser entregues em 2026.

A Eve disputa uma corrida pelo lançamento dos primeiros eVtols com grandes nomes do setor aéreo, como a Airbus e a Boeing, e companhias jovens, como a chinesa EHang e a alemã Volocopter, criadas há alguns anos. A Eve foi criada pela Embraer e a tem como principal acionista, mas opera hoje como unidade independente e abriu seu capital na Bolsa de Nova York em 2022.

A Eve espera que os voos iniciais custem de US$ 50 a US$ 100 (cerca de R$ 250 a R$ 500) por passageiro, para trajetos de 10 a 15 minutos. Neste tempo, seria possível ir de Campinas a São Paulo, por exemplo.

Se o custo baratear muito, os novos veículos voadores poderiam competir até com o transporte urbano em carros autônomos. Mas esse cenário ainda deve demorar a acontecer, pois depende de uma série de fatores.

A chegada do Vtol deve gerar um novo ecossistema, que poderá ser integrado ao modelo de Maas (mobilidade como serviço, na sigla em inglês). A ideia é que várias opções de transporte possam ser chamadas e pagas por um mesmo aplicativo.

Um exemplo: um usuário quer ir até o aeroporto, e na mesma tela pode ver em quanto tempo faria a viagem de transporte público, carro ou Vtol. A rota também poderia misturar modais, como ir de casa até o ponto de decolagem por um carro com motorista e depois voar de veículo elétrico até o destino final, e pagar tudo no cartão de crédito, em uma cobrança só.

No entanto, especialistas apontam que deve levar ainda algumas décadas até que a tecnologia ganhe espaço de fato, pois não basta ter os veículos: será preciso adaptar as cidades para recebê-los.

Eve fecha parcerias para a produção dos eVtols

Em junho, durante a feira Paris Air Show, a Eve anunciou a escolha de três fornecedores. A Nidec fará o sistema de propulsão do eVtol, a BAE Systems, o sistema de baterias, e a DUC, os rotores.

No mesmo evento, a companhia divulgou novas parcerias. Um acordo com a United Airlines pretende levar a tecnologia para a região de San Francisco, nos EUA. Na Europa, as parcerias com a Blade e a Widerøe Zero foram ampliadas. Houve também uma nova encomenda da irlandesa NAC.

Somando tudo, a Eve já conta com 2.850 pedidos, que devem gerar US$ 8,6 bilhões (R$ 41,2 bilhões). Com isso, a empresa teria cerca de 22% do mercado de eVtols, projeta o banco JP Morgan. Em uma análise recente, a entidade considerou a empresa em situação bem posicionada, de "protagonista em ascensão".

O JPMorgan avalia que o mercado de eVtols apresenta potencial de US$ 1 trilhão (R$ 4,79 trilhões), e pode chegar a US$ 3 trilhões (R$ 14,3 trilhões) até 2040, se ganhar espaço em áreas como transporte de carga e uso militar.

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