Descrição de chapéu União Europeia Mercosul

Lula chega à Bélgica para convencer líderes europeus a assinar acordo do Mercosul

Terceira cúpula Celac-UE acontece nesta segunda e terça-feira, em Bruxelas

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Bruxelas e São Paulo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou por volta das 16h (11h em Brasília) deste domingo (16) a Bruxelas, na Bélgica, onde irá participar da terceira cúpula Celac-UE, ou UE-Celac, como preferem os europeus.

O encontro, que se estende pela segunda e terça-feira, receberá líderes de 60 países, 33 da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos e 27 dos países da União Europeia.

Estão programadas discussões para fortalecer a parceria comercial entre os países, discutir trabalhos conjuntos para alcançar as transições ecológicas e digitais justas e demonstrar um compromisso compartilhado de defender a ordem internacional.

O presidente Lula e a primeira-dama Janja chegam à Bélgica, na tarde deste domingo (16) - Ricardo Stuckert/Divulgação

Mas Lula tem uma missão extra no evento: convencer os políticos europeus a assinarem os últimos detalhes do acordo do Mercosul com a União Europeia, que atualmente esbarra em divergências na área ambiental.

O acordo não faz parte da agenda da cúpula. Mas o que se espera é o comprometimento político de que seja finalizado até o fim do ano, já que em 2024 haverá eleições no Parlamento europeu e os deputados terão outras preocupações imediatas.

Gaziano Messana, presidente da Eurocâmaras — organização no Brasil que reúne as câmaras de comércio dos países-membros da UE —, diz à Folha que alguma negociação sobre o acordo deve acontecer durante o evento, mesmo porque há um certo consenso de que "é agora ou nunca".

"Ou sai agora, no final de 2023, com boa chance, ou não sai mais. Ou seja, esquentou muito a discussão", afirma. "E não há um sentimento de negatividade. O sentimento é de finalizar esse acordo antes do fim do ano", completa.

Segundo Messana, Lula está chegando a Bruxelas fortalecido, após as aprovações da reforma tributária e do novo arcabouço fiscal na Câmara dos Deputados. "Isso é importante, porque quando o presidente sai do seu próprio país enfraquecido, é complicado. Lula está chegando a Bruxelas em uma posição confortável".

Apesar de acreditar que haverá negociações sobre o acordo entre o Mercosul e a União Europeia, não deve haver grandes avanços em Bruxelas. O presidente da Eurocâmaras chama atenção para o fato de Lula ter marcado encontros bilaterais com países secundários da UE. "Nenhum país importante marcou encontro bilateral com ele", pondera.

Em março, a UE encaminhou documento com os últimos detalhes do acordo, mas o Brasil o rechaçou e produziu um texto novo. Essa contraproposta brasileira foi compartilhada com as demais nações do Mercosul apenas na última sexta (14) e, uma vez aprovada pelos demais membros da bloco, será encaminhada à União Europeia.

A primeira agenda de Lula na terceira Celac-UE será provavelmente a mais importante. Às 9h desta segunda, ele irá se encontrar com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e a expectativa é que o Mercosul seja o assunto da reunião. Em seguida, o presidente participará da abertura do fórum empresarial do evento.

Antes do almoço, Lula terá mais duas reuniões bilaterais, a primeira com a primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley, e a segunda com o rei Filipe da Bélgica ao lado do primeiro-ministro do país, Alexander de Croo.

Às 15h, Lula se reunirá com a presidente do Parlamento europeu e, uma hora mais tarde, estará presente à sessão de abertura oficial da cúpula. Às 19h, ele participa de uma recepção seguida por um jantar de gala.

Na terça-feira, estão programados quatro eventos. O primeiro é um café da manhã com lideranças de partidos progressistas. Às 9h30, haverá uma sessão plenária da cúpula e, às 10h30, uma bilateral com a Suécia. Por fim, às 15h15, Lula se encontrará com a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen.

Para as 8h30 de quarta-feira (19), está programada a única entrevista oficial que o presidente Lula dará a jornalistas em terras belgas.

Negociado oficialmente desde 1999, o acordo geral entre UE e Mercosul foi concluído em 2019, mas ainda não foi ratificado. As negociações finais vêm esbarrando em divergências na área ambiental. Esse é um ponto central na política e na economia da UE atualmente, que vem, por exemplo, aprovando leis para impedir que países do bloco comprem produtos oriundos de desmatamento na Amazônia e outras florestas tropicais.

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