Descrição de chapéu juros inflação

Não devemos nos iludir com a queda de desemprego, diz Haddad

Segundo o ministro, a economia passa por um processo de desaceleração em função dos juros altos

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São Paulo

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta sexta-feira (28) que "não devemos nos iludir" com o recuo na taxa de desemprego no Brasil. Segundo ele, devido aos juros altos, a economia do país está sofrendo um processo de desaceleração.

Dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta mostram que a taxa de desocupação no segundo trimestre caiu a 8%, menor patamar para o período em nove anos, desde 2014, quando o indicador marcava 6,9%.

"Saiu também o dado do desemprego hoje, também em queda. Mas nós não devemos nos iludir com isso. Apesar do índice do desemprego estar abaixo da média dos últimos anos para o mês, já dessazonalizado, a economia está sofrendo um processo de desaceleração por conta do juro real na casa dos 10%", disse o ministro.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad - Pedro Ladeira - 17.jul.2023/Folhapress

Na avaliação de Haddad, os bons resultados podem se repetir neste segundo semestre caso haja "uma resposta adequada da política monetária".

"Os ventos estão favoráveis. O mundo está olhando para o Brasil com outros olhos, com outra percepção. Mas está mais do que na hora de alinharmos a política fiscal e monetária para o Brasil voltar a sonhar com dias melhores", afirmou.

A Selic (taxa básica de juros) está em 13,75% ao ano. Diante da trégua da inflação vista em indicadores recentes, aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vêm pressionando o Copom por uma redução no patamar.

"Desde o começo do ano eu considero que o crescimento acima de 2% está contratado. O ponto é que, na margem, estamos observando desaceleração. Como nós estamos com 10% de taxa de juro real e uma inflação na meta, praticamente, nós temos espaço para fazer a diferença na política monetária", disse.

O ministro também comemorou a elevação da nota de crédito no Brasil pelas agências Fitch e DBRS Morningstar nesta semana.

Também nesta sexta-feira, Haddad disse que dois projetos serão prioritários para a agenda do Congresso em agosto. Um deles é o arcabouço fiscal que, segundo ele, deverá ter a "palavra final" no próximo mês.

O outro é o Marco das Garantias, que voltou à Câmara após ser aprovado com alterações pelo Senado. De acordo com o ministro, a medida, que facilita bancos e outros credores a executarem dívidas em caso de inadimplência, vai reduzir os spreads –diferença entre o custo de captação das instituições financeiras e os juros cobrados nos empréstimos.

Haddad esteve, na manhã desta sexta, em São Paulo, junto com a CervBr, associação que reúne representantes da indústria cervejeira do país.

À tarde foi a vez do CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável) se reunir com o ministro. Na ocasião, a entidade levou a Haddad um documento com recomendações para um pacote verde, abordando temas como finanças sustentáveis, transição energética e economia circular.

Reação a novo presidente do IBGE foi exagerada, diz Haddad

A jornalistas, o chefe da Fazenda também afirmou considerar exagerada a reação à escolha do economista Marcio Pochmann, filiado ao PT, como o novo presidente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

"À luz das pessoas que ocuparam os cargos no governo passado, eu não vi nada desse tipo acontecer. Por que essa agressividade? Para o governo Bolsonaro, era de arrepiar os cabelos, e ninguém falava nada. Agora está com um professor da Unicamp e esse alvoroço todo", disse

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