Descrição de chapéu Financial Times

Shein e rival chinesa levam 'guerra' pelos EUA ao tribunal

Empresas de venda de roupas ultrabaratas por aplicativos lançam processo antitruste

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Ryan McMorrow William Langley
Pequim e Hong Kong | Financial Times

O varejista on-line chinês Temu acusou o rival Shein de "táticas de exclusão ilegais" enquanto os dois grupos de comércio eletrônico levam sua disputa pelo mercado dos Estados Unidos à Justiça em Massachusetts.

A Temu abriu um processo antitruste contra a Shein em um tribunal federal dos EUA na semana passada, acusando a empresa de moda rápida de forçar suas fábricas chinesas a interromper a fabricação para a Temu na tentativa de manter o domínio do mercado norte-americano.

"Os crescentes ataques da Shein não nos deixam escolha a não ser tomar medidas legais para defender nossos direitos", disse a Temu em comunicado na quarta-feira (19).

Logo da Shein (à esquerda) e logo da Temu - Dado Ruvic e Florence Lo/Reuters

As empresas chinesas chegaram ao topo do download de aplicativos de venda de roupas e artigos de baixo preço provenientes da China. Temu, um marketplace online lançado pela empresa chinesa de comércio eletrônico Pinduoduo no ano passado, vem desafiando o domínio da Shein.

Fundada na cidade de Nanjing, no leste da China, há mais de uma década, a Shein foi pioneira nas vendas de produtos de moda ultrabaratos para a geração do milênio nos EUA e na Europa, por meio de seu aplicativo de sucesso. Em 2022, arrecadou cerca de US$ 30 bilhões (R$ 143,1 bilhões) em vendas, segundo a denúncia –número maior que os da H&M e da Gap.

A ascensão da Shein ao topo do mundo da "fast fashion" e sua avaliação em US$ 100 bilhões (R$ 477,2 bilhões) gerou uma série de imitadores chineses, incluindo a Temu. A avaliação da empresa foi reduzida para cerca de US$ 64 bilhões (R$ 305,4 bilhçoes) no início deste ano em consequência da crise tecnológica.

A Temu alega que sua rival está usando táticas desleais na China para interromper sua capacidade de adquirir e vender os vestidos de US$ 8 (R$ 38) que as consumidoras americanas correm para comprar.

A Shein "se envolveu num esquema elaborado e anticompetitivo com o objetivo de atrapalhar os negócios da Temu", disse a queixa apresentada em um tribunal federal de Boston. "O mercado dos EUA é o principal teatro desta guerra."

Os advogados da Temu alegaram que a Shein estava abusando de seu controle de 75% do mercado de "moda ultrarrápida" nos Estados Unidos para obrigar seus fornecedores chineses a manter relações exclusivas. A tática nega aos compradores americanos "acesso à concorrência direta de preços" e suprime o volume de vendas de moda ultrarrápida da Temu em 300-400%, disse a denúncia.

Questionada sobre a disputa, a Shein disse: "Acreditamos que este processo não tem mérito e nos defenderemos vigorosamente".

À medida que as suspeitas sobre as empresas chinesas aumentam nos EUA e na Europa por causa da deterioração dos laços entre Washington e Pequim, Temu e Shein tentam distanciar suas marcas da China, onde se baseia a grande maioria de suas operações. A Shein se reincorporou em Cingapura no ano passado, enquanto a Temu afirma que "foi fundada em Boston, Massachusetts, em 2022".

Mas a reclamação deixa claro que as cadeias de suprimentos dos dois grupos estão estreitamente interligadas com a China. Temu disse que a Shein forçou sua rede de "8.338 fabricantes independentes de roupas localizados na China" a assinar acordos exclusivos que proíbem as fábricas de produzir para a Temu.

Ao mesmo tempo, o grupo admitiu que "quase todas as ofertas de produtos da Temu nos Estados Unidos vêm de uma rede de fabricantes localizados na China".

A Temu disse que está processando a Shein porque "os fabricantes chineses de que Temu e Shein dependem não estão familiarizados com o sistema jurídico dos EUA".

As duas empresas já estão lutando entre si num tribunal federal de Chicago. Em março, a Shein abriu um processo alegando que a Temu estava por trás de influenciadores que depreciavam a Shein nas redes sociais e se fazia passar por sua marca para "enganar os consumidores", levando-os a baixar seu aplicativo.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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