Descrição de chapéu Financial Times

Aquecimento global e preços altos não intimidam passageiros de aéreas

Companhias aéreas confiam na resiliência do consumidor após a pandemia

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Philip Georgiadis, Delphine Strauss, Andrew Edgecliffe-Johnson e Colby Smith
Londres, Nova York e Washington | Financial Times

Viajantes determinados a andar de avião mesmo com a alta dos preços das passagens estão elevando os lucros das companhias aéreas, e a resiliência dos gastos dos consumidores injeta ânimo na economia global.

Quando apresentou seu relatório de lucros recordes, na sexta-feira (28), a IAG, proprietária da British Airways, disse que as viagens transatlânticas e para destinos de lazer têm sido especialmente populares, com os consumidores priorizando as férias. A Air France-KLM disse que passageiros em férias estão lotando suas cabines de classe executiva.

Aviões da British Airways pousados em aeroporto de Londres
Aviões da British Airways no aeroporto de Gatwick, em Londres - Peter Nicholls - 25.ago.2021 / Reuters

As reservas fortes – anunciadas no momento em que as temperaturas alcançam novos recordes e o secretário-geral da ONU alertou para a "ebulição global" — desafiaram a alta marcante nos preços das passagens aéreas, que subiram cerca de 30% na Europa este ano.

Nos Estados Unidos, a United anunciou um aumento de 42% em sua receita de voos para a Europa no último trimestre em comparação com o mesmo período do ano passado. A Delta divulgou um aumento de 65% nas vendas de voos transatlânticos.

"Os gastos dos consumidores continuam resilientes, com ênfase continuada sobre gastos com turismo e experiências", disse nesta semana o executivo-chefe do Mastercard Michael Miebach. A empresa anunciou que os gastos no exterior de seus usuários de cartões alcançaram 154% dos níveis de 2019 no segundo trimestre.

A Royal Caribbean, uma das maiores linhas mundiais de navios de cruzeiro, informou na quinta-feira (27) que seus negócios estão indo de vento em popa devido à demanda excepcionalmente forte por cruzeiros e uma "mudança de degrau" nas reservas e nos preços.

A disposição dos consumidores de gastar, apesar dos preços maiores e da alta dos juros, está criando esperanças de que os EUA consigam evitar uma recessão. O PIB dos EUA subiu 2,4% no segundo trimestre, acima do esperado, e o aumento de 1,6% nos gastos dos consumidores também superou as expectativas.

Desde a Colgate-Palmolive até a Coca-Cola, empresas garantiram a seus investidores esta semana que o "consumidor resiliente" ainda continua a gastar. Os cinemas do Reino Unido estiveram mais cheios que em qualquer momento nos últimos quatro anos, com a chegada de "Barbie" e "Oppenheimer" às telonas na semana passada. Nos Estados Unidos, os cinemas tiveram as as melhores bilheterias de fim de semana de estreia este ano.

Apesar de muitas famílias estarem contendo custos e de as mais pobres terem sido fortemente afetadas pela alta dos preços dos alimentos e da energia, o consumo vem se mantendo melhor do que muitos haviam previsto nos EUA, Reino Unido e zona do euro.

"Em várias economias os consumidores ainda não esgotaram as reservas que acumularam durante a pandemia. Isso pode ajudar a sustentar por mais tempo a recente força do consumo", disse o FMI esta semana quando atualizou para cima sua previsão de crescimento global.

Blerina Uruci, economista chefe para os EUA da firma de gestão de investimentos T Rowe Price, alertou que os gastos dos consumidores podem cair no segundo semestre porque os americanos já esgotaram a maior parte das economias acumuladas no início da pandemia, o índice de emprego está subindo mais lentamente e devedores que contraíram empréstimos estudantis terão que retomar os pagamentos da dívida no quarto trimestre.

Com os mercados de trabalho esfriando e os ganhos salariais se desacelerando, alguns consumidores estão freando seus gastos opcionais, desde decoração doméstica até jacuzzis e artigos de luxo.

Algumas pessoas na indústria turística alertam que o boom da indústria terá que acabar. O diretor de Heathrow, John Holland-Kaye, questionou por quanto tempo as pessoas vão conseguir arcar com passagens aéreas "extremamente caras". "Nosso receio é que a demanda não vai conseguir continuar a desafiar a gravidade para sempre", ele disse.

Tradução de Clara Allain

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