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Argentina e Brasil negociam usar banco multilateral para garantir US$ 600 mi em exportações

Ministro argentino Sergio Massa veio ao país para se reunir com Lula e Haddad em busca de alternativas para garantir exportações

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Brasília

Os governos brasileiro e argentino anunciaram nesta segunda-feira (28) uma iniciativa que vai utilizar o banco multilateral CAF (Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe) para garantir as exportações do Brasil para o país vizinho.

A garantia ficaria em torno de US$ 600 milhões. A iniciativa, no entanto, ainda precisa da aprovação do conselho gestor do banco, que terá uma reunião no dia 14 de setembro. As duas equipes econômicas, dos dois países, iniciam agora as tratativas finais com a CAF para tentar selar o acordo.

O ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa - Norberto Duarte - 24 ago. 2023/AFP

O acordo para buscar usar o CAF foi anunciado pelos ministros da Fazenda do Brasil, Fernando Haddad, e da Economia da Argentina, Sérgio Massa. As equipes econômicas dos dois países tiveram momentos antes uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no Palácio do Planalto, em Brasília.

A vinda de Massa ao Brasil acontece em meio ao agravamento da crise econômica argentina. A viagem se dá poucas semanas após a vitória do ultraliberal Javier Milei nas prévias das eleições presidenciais argentinas, batendo o candidato do governo, que é o próprio Massa.

Os dois lados buscam aumentar a garantia para as exportações brasileiras, em relação a uma proposta brasileira que havia sido apresentada na semana passada. Durante a cúpula dos Brics, na África do Sul, Haddad havia anunciado uma proposta para que o país vizinho possa realizar a garantia de exportações brasileiras em yuan, a moeda da China.

"Já encaminhamos para o governo da Argentina uma proposta de garantia em yuan das exportações brasileiras", disse Haddad numa coletiva de imprensa em Joanesburgo.

O ministro explicou na ocasião que a operação envolveria a conversão direta do yuan para o real feita pelo Banco do Brasil em Londres. Essa operação, em yuans, poderia chegar a uma garantia de US$ 140 milhões.

Haddad afirmou nesta segunda-feira que o governo brasileiro vai manter a sua operação, caso o CAF não aprove a nova proposta, de até US$ 600 milhões em garantia.

Os dois homens chefes da economia de seus países afirmaram que essa garantia será destinada principalmente para o setor de peças automotivas. No entanto, também deve beneficiar o setor alimentício.

"O mais importante de tudo é que encontramos um mecanismo que soluciona a ideia que a gente vinha trabalhando em conjunto, com o ministro Haddad, e que tinha como objetivo garantir o setor automotivo brasileiro e argentino, setor alimentício brasileiro e argentino, que vocês sabem que estão extremamente integrados e trabalham juntos, coordenadores e com processos compartilhados", afirmou o ministro Sergio Massa.

Massa afirmou que se trata de um "instrumento de financiamento" das exportações brasileiras para a Argentina. O ministro afirma que essa solução resolve um problema para os argentinos, que foram duramente afetados pela seca, que atingiu as suas exportações e em consequência a entrada de divisas internacionais.

Durante a entrevista a jornalistas, Haddad adotou um tom mais cauteloso que o seu homólogo argentino. Acrescentou que o Brasil já havia estrutura a sua operação para garantir as exportações brasileiras, que seriam oferecidas no âmbito do Proex, instrumento do Banco do Brasil.

O lado argentino, no entanto, considerou insuficiente e buscou uma outra "contra-garantia", além daquela oferecida pelo lado brasileiro. O principal benefício da entrada da CAF na operação é que a Argentina não precisaria utilizar as suas reservas em yuan como garantia.

"De sexta-feira para cá. A CAF entrou como uma superadora dessa possibilidade em virtude de uma vantagem para a Argentina. Quando a Argentina dispõe de reservas em yuans para garantir as exportações brasileiras, oficialmente as reservas da Argentina diminuem. E a Argentina, com o apoio da CAF, não precisa abrir mão dessas reservas para garantir as exportações", afirmou Haddad.

"O Banco do Brasil vai garantir as exportações das empresas brasileiras, e a CAF vai entrar com uma contra garantia", completou.

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