Campos Neto diz que governo acerta ao perseguir meta fiscal, mesmo que mercado não acredite

Para presidente do Banco Central, abandono das metas afetaria credibilidade da gestão

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São Paulo | Reuters

O presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, disse nesta sexta-feira (29) que o governo acerta ao perseguir as metas fiscais definidas pelo novo arcabouço fiscal, mesmo que o mercado não acredite que o alvo será alcançado, ressaltando que eventual abandono desse objetivo indicaria que o compromisso com as contas públicas "não é sério" e pode desorganizar o mercado.

Em evento promovido pela 1618 Investimentos, em São Paulo, Campos Neto afirmou que a política macroeconômica no Brasil se baseia em câmbio flutuante, metas de inflação e controle fiscal, e a perda de controle em um desses componentes impacta os outros.

Roberto Campos Neto participa de comissão de finanças e tributação na Câmara dos Deputados
Campos Neto diz estar "bastante alinhado" com governo para atingir metas fiscais - Gabriela Biló - 27.set.2023 / Folhapress

"É uma decisão muito acertada do governo persistir na meta, ainda que o mercado não acredite, que o mercado entenda que é difícil, e tentar outras formas além das que foram propostas para atingir a meta. A gente tem trabalhado com o governo, estamos bastante alinhados nesse sentido", disse.

Campos Neto notou que o governo tem que "arrecadar bastante" para atingir as metas traçadas, projetando ser necessário um ganho adicional de receitas de 1,4% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2024, 1,5% do PIB em 2025 e 1,7% do PIB em 2026.

"Às vezes a meta é difícil, pode levar um pouquinho mais de tempo para atingir a meta, mas se você faz um arcabouço e desiste da sua meta antes do primeiro teste, significa que você não é sério sobre aquela dimensão fiscal, e pode desorganizar os preços de mercado", acrescentou, ao dizer que ancorar a política monetária sem uma ancoragem fiscal "pode ser custoso".

A nova regra fiscal do governo estabelece uma meta de déficit primário zero em 2024, objetivo que exige esforço de ajuste fiscal significativo e apenas será alcançado se o Congresso aprovar medidas para ampliar a arrecadação, o que tem gerado questionamentos de analistas de mercado.

Na apresentação, o presidente do BC disse que o mercado tem errado "consistentemente" as previsões de crescimento da atividade, o que pode sugerir que o país está agora com um crescimento estrutural mais alto. Segundo ele, o mercado também "erra bastante" as previsões para a trajetória da Selic.

Ele reafirmou que as expectativas de inflação no Brasil ainda estão acima da meta, destacando que "ainda temos trabalho a fazer".

Campos Neto disse que a inflação de serviços começou a desacelerar e os últimos indicadores nessa área vieram um pouco melhores, "mas estamos acompanhando ainda".

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