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IPCA-15 acelera a 0,35% em setembro com alta da gasolina, mas preços de alimentos caem

Inflação acumulada pelo índice vai a 5% em 12 meses, diz IBGE

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Rio de Janeiro

Pressionada pela gasolina, a inflação medida pelo IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) acelerou para 0,35% em setembro, após alta de 0,28% em agosto. É o que apontam dados divulgados nesta terça-feira (26) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Apesar da aceleração, o novo resultado ficou levemente abaixo da mediana das estimativas do mercado financeiro. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam avanço de 0,37% em setembro.

Com a nova taxa, o IPCA-15 alcançou 5% no acumulado de 12 meses. É a maior variação nesse recorte desde o último mês de março, quando o índice estava em 5,36%. A inflação acumulada era de 4,24% até agosto.

Movimentação em supermercado de SP; alimentos voltam a cair no IPCA-15 - Bruno Santos - 30.set.2021/Folhapress

Gasolina sobe, alimentos voltam a cair

Dos 9 grupos de produtos e serviços pesquisados no IPCA-15, 6 registraram avanço de preços em setembro. A maior variação (2,02%) e o principal impacto (0,41 ponto percentual) vieram de transportes.

A gasolina, que faz parte desse segmento no cálculo, subiu 5,18% em setembro. Foi o subitem com o maior impacto individual no mês (0,25 ponto percentual). A carestia era esperada por analistas, já que a Petrobras aumentou o preço do combustível nas refinarias em meados de agosto.

Do lado das três quedas no IPCA-15, o destaque ficou com o grupo alimentação e bebidas, que recuou pela quarta vez consecutiva. A baixa foi de 0,77% em setembro. Houve contribuição de -0,16 ponto percentual no índice.

O resultado de alimentação e bebidas teve influência do recuo da alimentação no domicílio (-1,25%). Esse subgrupo também caiu pela quarta vez consecutiva.

Nele, o IBGE destacou as baixas da batata-inglesa (-10,51%), da cebola (-9,51%), do feijão-carioca (-8,13%), do leite longa vida (-3,45%), das carnes (-2,73%) e do frango em pedaços (-1,99%).

Já o arroz (2,45%) e as frutas (0,40%) subiram de preços em setembro. Nas frutas, os destaques foram o limão (32,2%) e a banana-d’água (4,36%).

Em 12 meses, a alimentação no domicílio passou a acumular queda de 0,39% até setembro. A deflação ocorre em meio a um cenário de maior oferta de produtos. Em 2023, o Brasil vive os reflexos do crescimento da safra agrícola, cujas projeções indicam recorde.

A alimentação fora do domicílio, por sua vez, acelerou para 0,46% em setembro, após alta de 0,22% em agosto. Houve alta no lanche (0,74%) e na refeição (0,35%).

Apesar de o IPCA-15 ter ficado abaixo das projeções, a abertura dos números chamou atenção pela aceleração de alguns itens importantes na inflação de serviços em setembro, disse Andréa Angelo, estrategista de inflação da corretora Warren Rena.

Segundo ela, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) deve ficar mais próximo de 0,40% neste mês.

Para os economistas Daniel Karp e Adriano Valladão, do banco Santander Brasil, a impressão do IPCA-15 "foi novamente favorável em termos qualitativos", mesmo com a surpresa ascendente em serviços básicos.

IPCA-15 e IPCA

A coleta dos preços do IPCA-15 ocorre entre a segunda metade do mês anterior e a primeira metade do mês de referência da divulgação. Neste caso, foi de 15 de agosto a 14 de setembro.

Por ser divulgado antes, o IPCA-15 sinaliza uma tendência para os preços no IPCA, também calculado pelo IBGE.

No caso do IPCA, a coleta ocorre ao longo do mês de referência do levantamento. Por isso, o resultado de setembro ainda não é conhecido. Será publicado pelo IBGE no dia 11 de outubro.

O IPCA é considerado o índice oficial de inflação do Brasil e serve como referência para o regime de metas do BC (Banco Central).

No acumulado de 2023, o centro da meta de inflação perseguida pelo BC é de 3,25%. A tolerância é de 1,5 ponto percentual para mais (4,75%) ou para menos (1,75%).

Ou seja, a meta será cumprida se o IPCA ficar dentro desse intervalo até dezembro. A inflação estourou a medida de referência em 2021 e 2022.

Na mediana, analistas do mercado financeiro projetam alta de 4,86% para o IPCA em 2023, conforme a edição mais recente do boletim Focus, divulgada na segunda-feira (25) pelo BC. A previsão está acima do teto da meta deste ano (4,75%).

Parte dos economistas, porém, não descarta que o IPCA fique dentro do limite de tolerância. Um dos motivos para isso é a trégua da inflação dos alimentos.

Ao comentar os dados do IPCA-15 de setembro, o economista Luca Mercadante, da Rio Bravo Investimentos, afirmou que a alimentação mais uma vez surpreendeu positivamente, enquanto os preços de transportes subiram mais do que o esperado com o reajuste da Petrobras.

"Um ponto de atenção para o BC é a inflação de serviços, que foi uma surpresa negativa relevante, apesar de seguir desacelerando lentamente nas medidas de 12 meses. Ainda assim, a melhora mais lenta do que o esperado deve impedir o BC de acelerar o ciclo [de corte na taxa básica de juros]", disse Mercadante.

Em ata divulgada nesta terça, o Copom (Comitê de Política Monetária), ligado ao BC, observou que a desconfiança sobre o cumprimento das metas fiscais estabelecidas pelo governo Lula (PT) tem elevado a preocupação do mercado financeiro com a trajetória da inflação.

Na semana passada, o colegiado reduziu a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, de 13,25% para 12,75% ao ano. Economistas avaliam que o comitê tende a manter esse ritmo de redução nos próximos meses.

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