A maior produtora de cobre da Europa, a Aurubis, investiga um suposto esquema criminoso entre fornecedores e funcionários após revelar que metais avaliados em centenas de milhões de euros desapareceram dos estoques.
As ações da empresa caíram até 17% na manhã de sexta-feira (1º) em Frankfurt, após alerta da companhia na quinta-feira (31) à noite de que não atingiria sua meta de lucro anual após a descoberta de "atividade criminosa" que poderia resultar em um impacto na faixa de "centenas de milhões de euros".
A Aurubis disse que uma investigação em toda a empresa, que está examinando se os fornecedores trabalharam com os funcionários para manipular registros de sucata de metal em seu negócio de reciclagem, está programada para ser concluída até o final de setembro, e que a polícia está envolvida.
"É difícil fornecer informações concretas antes da conclusão da apuração", disse um porta-voz ao Financial Times, acrescentando que, dada a quantidade envolvida, o suposto roubo provavelmente incluía materiais contendo metais, como eletrônicos e outros metais preciosos.
A empresa sediada em Hamburgo, que faturou 18,5 bilhões de euros (R$ 98,7 bilhões) no ano passado, é o maior grupo de fundição e reciclagem de cobre da Europa, com unidades de processamento em toda a região, incluindo um grande complexo no sul de sua cidade natal.
A Aurubis não extrai minério, mas construiu um negócio de fundição de concentrados de metal, sucatas de metal e materiais de reciclagem contendo metal de empresas de mineração e eletrônicos. De acordo com seu site, a empresa obtém concentrados de metal de "mais de 30 parceiros de mineração e alguns comerciantes".
A empresa foi alvo de uma operação policial em junho em uma investigação relacionada a bens desaparecidos no valor de 20 milhões de euros (R$ 106,7 milhões), que resultou na prisão de seis pessoas, algumas das quais eram funcionárias da empresa.
A Aurubis disse que os dois casos não estão relacionados. O promotor público de Hamburgo disse que está prosseguindo com seu caso contra 12 réus relacionados às "extensas buscas" que ocorreram em junho.
O escândalo é o mais recente a abalar a indústria de metais, levantando questões sobre sua adesão a protocolos de conformidade, supervisão e segurança para limitar a prevalência de fraudes e roubos.
O grupo global de negociação de commodities Trafigura acusou um trader de ser o mentor de uma fraude de níquel de US$ 590 milhões (R$ 2,9 trilhões), enquanto em um escândalo separado, sacos de níquel em armazéns da London Metal Exchange foram encontrados cheios de pedras. A reputação da indústria também foi manchada por uma série de fraudes e roubos na China nos últimos anos.
A companhia disse que, desde a operação policial de junho, começou a implementar medidas de segurança adicionais, incluindo mais verificações aleatórias e controles mais rigorosos nos portões onde caminhões entram e saem com metais.
A empresa disse na quinta-feira que não atingiria sua orientação anterior de lucros antes de impostos de 450 milhões a 550 milhões de euros (entre R$ 2,2 bilhões e R$ 2,7 bilhões) para o ano financeiro de 2023 devido ao suposto roubo. Acrescentou que seria capaz de absorver as perdas, que não afetariam seus gastos de capital ou planos de crescimento.
A siderúrgica alemã Salzgitter, que possui 30% da Aurubis, também suspendeu sua orientação para o ano inteiro na quinta-feira, dizendo que fornecerá mais informações aos acionistas assim que a produtora de cobre concluir sua investigação e fornecer mais detalhes sobre a escala do roubo.
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