Governo lançará instrumento para atrair investimento estrangeiro, diz Haddad

Ministro afirma que medida tem objetivo de blindar variação cambial e será lançada neste ano

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Bernardo Caram Lisandra Paraguassu Marcela Ayres
Brasília | Reuters

O governo se prepara para lançar ainda este ano um instrumento que facilitará investimentos estrangeiros no Brasil ao promover uma blindagem contra variações cambiais. A informação foi dada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em entrevista à Reuters. A ação reforça a busca do país por protagonismo na agenda verde global.

O ministro afirmou nessa quarta-feira (18) que a medida para criar o novo mecanismo de "hedge" deve ser validada nos próximos 60 dias por meio de decisão do CMN (Conselho Monetário Nacional) ou do próprio BC (Banco Central), sem necessidade de avaliação pelo Congresso.

Fernando Haddad concede entrevista em Brasília
Haddad diz que mecanismo contra variação cambial será lançado ainda neste ano - Adriano Machado/Reuters

"Não apenas somos credores líquidos em moeda forte", disse, em referência ao volume de reservas internacionais do país, hoje em US$ 340 bilhões. "Somos capazes, com os instrumentos que vão ser criados e anunciados, de blindar nossa economia em relação à variação cambial brusca."

Atualmente, investidores em projetos de longo prazo no Brasil que tenham exposição a moedas estrangeiras devem pagar impostos sobre a valorização cambial durante a duração do projeto. A ideia é aliviar esse custo com o mecanismo de hedge.

A ausência de um mecanismo de proteção tem sido um dificultador de longa data destacado pelo Banco Central, desencorajando investidores estrangeiros por conta dos riscos cambiais, que podem prejudicar a rentabilidade dos projetos.

"Estou confiante que o desenho vai ficar pronto, senão não estaria dizendo, acredito que será este ano", afirmou o ministro, acrescentando que a medida tem como foco principal a atração de investimentos verdes.

A iniciativa vem em meio a uma deterioração dos investimentos estrangeiros, em cenário de turbulência internacional. De janeiro a agosto, os investimentos diretos no país (IDP) caíram 36% em relação ao mesmo período de 2022, para US$ 37,9 bilhões, de acordo com os dados mais recentes do Banco Central.

Uma fonte familiarizada com as discussões afirmou que o objetivo do instrumento é corrigir uma falha de mercado, uma vez que atualmente não existe opção de proteção para projetos de longo prazo, comprometendo a viabilidade dos empreendimentos.

O governo Luiz Inácio Lula da Silva vem apresentando uma série de iniciativas em busca de investimentos verdes no país, também usando como argumento em fóruns internacionais o fato de o Brasil já possuir uma base de produção sustentada por fontes de energia sustentáveis.

Na avaliação de Haddad, o Brasil tem poucos concorrentes capazes de atrair recursos para investimentos e que tenham uma matriz energética limpa.

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