Descrição de chapéu Mercado imobiliário

Residencial do antigo Hotel Glória, no Rio, atrai compradores nacionais e estrangeiros

Cerca de 60% dos apartamentos foram vendidos até o momento, diz executivo; entrega está prevista para 2026

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Rio de Janeiro

Um dos endereços mais emblemáticos do Rio de Janeiro está em obras para mudar de aparência —e função. Trata-se do imóvel do antigo Hotel Glória, que vai virar um novo residencial de luxo no bairro carioca de mesmo nome.

Lançado em novembro de 2022, o empreendimento prevê 266 apartamentos. Inicialmente, 200 unidades foram colocadas à venda, e cerca de 120 (60%) foram negociadas até o momento, diz Jomar Monnerat, gestor do Opportunity Imobiliário.

Antigo Hotel Glória, no Rio de Janeiro, passa por obras para virar residencial de luxo - Eduardo Anizelli - 10.nov.2022/Folhapress

O Opportunity é responsável pelo projeto em parceria com a SIG Engenharia. Ainda de acordo com Monnerat, os compradores dos apartamentos são de regiões diversas. A lista de clientes citada pelo executivo inclui cariocas e estrangeiros.

"Tem gente do Rio de Janeiro, tem gente de outros estados, de São Paulo, do Centro-Oeste, e vários estrangeiros, alemães, franceses", afirma.

A previsão de entrega das obras segue mantida para 2026. Os preços dos apartamentos que estão à venda no momento variam de quase R$ 1,4 milhão a R$ 5,6 milhões, conforme Monnerat.

As 66 unidades que ainda não foram disponibilizadas, diz o executivo, serão colocadas no mercado em uma segunda fase de negociações, prevista para o primeiro semestre do ano que vem.

O projeto abrange apartamentos que vão de cerca de 80 metros quadrados (dois quartos) a 315 metros quadrados (unidades do tipo garden). O VGV (valor geral de vendas) é estimado em R$ 700 milhões.

Já o investimento previsto no projeto é de cerca de R$ 400 milhões. "Estamos agora refazendo a estrutura do imóvel. Como o prédio é antigo, e foram feitas muitas modificações, precisamos de um trabalho enorme de engenharia para refazer e deixar tudo certinho", afirma Monnerat.

A transformação em residencial não é exclusividade do antigo Glória, que é considerado o primeiro hotel cinco estrelas do país.

Outros estabelecimentos que antes recebiam hóspedes estão sendo preparados para abrigar moradores em metrópoles como Rio de Janeiro e São Paulo. No jargão usado pelo mercado, as reformas são chamadas de retrofit.

O ramo hoteleiro do Rio de Janeiro ampliou suas operações para receber os turistas de eventos como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, mas sofreu com a queda da demanda nos anos seguintes.

Para representantes do setor, o desarranjo entre a oferta maior de quartos e a procura menor de visitantes contribuiu para a transformação de estabelecimentos de hospedagem em residenciais.

A história do hotel

O imóvel do antigo Glória tem vista para pontos conhecidos da capital fluminense, como a baía de Guanabara e o Pão de Açúcar. A construção é vizinha do Palácio do Catete, sede da Presidência da República entre 1897 e 1960, quando a capital federal foi transferida para Brasília.

Fidel Castro, Albert Einstein e Marilyn Monroe são exemplos de nomes internacionais que frequentaram o hotel, inaugurado em 1922. O estabelecimento também foi palco de famosos festejos de Carnaval.

A última década, contudo, trouxe um vazio para o Glória, que teve as portas fechadas por causa de um impasse. Em 2020, o Opportunity adquiriu o edifício do Mubadala, fundo de Abu Dhabi, que havia recebido o imóvel como acerto de dívidas do grupo EBX, de Eike Batista.

Eike havia comprado o hotel em 2008, ainda em funcionamento, com a intenção de transformá-lo em hospedagem de luxo para a Copa do Mundo de 2014. As obras, porém, foram interrompidas em 2013.

O Glória foi projetado originalmente pelo arquiteto francês Joseph Gire, o mesmo que desenhou o Copacabana Palace, também na capital fluminense.

Gire ainda atuou em projetos como o do edifício A Noite, que fica na região central do Rio e é considerado o primeiro arranha-céu da América Latina. O local já abrigou a sede da Rádio Nacional e outros órgãos públicos.

A exemplo do Glória, o A Noite também vai virar um residencial após passar anos com as portas fechadas. Em julho, a Prefeitura do Rio de Janeiro anunciou a venda do prédio histórico para uma empresa paulista, a incorporadora QOPP.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.