Ações de varejistas se beneficiam com fala de Alckmin; dólar sobe para R$ 4,89

Bolsa perde força depois de superar os 127 mil pontos e fecha em queda, enquanto papéis da Embraer se valorizam após acordos na Arábia Saudita

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São Paulo

As ações de varejistas brasileiras estiveram entre as maiores altas do Ibovespa nesta quarta-feira (29), após o presidente em exercício, Geraldo Alckmin (PSB), afirmar na terça (28) que a retomada do Imposto de Importação é "o próximo passo" a ser dado pelo governo nas medidas voltadas às compras internacionais de até US$ 50 (R$ 245).

Atualmente, o Imposto de Importação é isento para compras de até US$ 50 nos casos de varejistas que possuam certificação no programa Remessa Conforme (criado pelo governo em 2023), como as chinesas Shein, Shopee e AliExpress, que têm roubado clientes das companhias locais. Acima desse valor (incluindo frete e outros encargos), é cobrada uma alíquota de 60%.

As ações da Renner saltaram 4,14%, a R$ 16,09 cada uma, a segunda maior alta do Ibovespa na sessão. Casas Bahia subiu 1,89%, a R$ 0,54—quanto menor o valor nominal da ação, mais expressiva é a variação percentual. A Magazine Luiza também chegou a registrar forte alta, mas acabou virando para queda e fechou com recuo de 1,57%, a R$ 1,88.

Painel mostra cotação das ações na B3
Bolsa supera casa dos 127 mil pontos pela primeira vez em dois anos - Amanda Perobelli/Reuters

Outro fator que contribuiu para a valorização das varejistas foi a queda dos juros futuros pela terceira sessão consecutiva, em sintonia com o recuo dos juros dos títulos do Tesouro americano, o treasury.

A taxa para janeiro de 2025 permaneceu em 10,45%, enquanto a taxa para janeiro de 2026 foi de 10,09% para 10,08%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2027 fechou em 10,155%, ante 10,184% da véspera, enquanto a taxa para janeiro de 2028 ficou em 10,39%, ante 10,421%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 10,77%, ante 10,79%.

Enquanto isso, o treasury de dez anos —referência global para investimentos— caiu de 4,34% para 4,27%

O Ibovespa abriu a sessão desta quarta em alta e superou a casa dos 127 mil pontos pela primeira vez desde 16 de julho de 2021 com o crescimento da expectativa de que o Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA) tenha encerrado o ciclo de aperto monetário. Mas, ao longo do pregão, o índice perdeu força e fechou em queda de 0,29%, a 126.166 pontos.

A Embraer, por sua vez, subiu 2,35%, a R$ 20,39. Nesta quarta, a empresa firmou acordos de cooperação com a Arábia Saudita nas áreas de aviação civil, defesa e mobilidade aérea urbana. O anúncio ocorre durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao país.

Já o dólar fechou em alta de 0,30%, cotado a R$ 4,8844, depois de ir a R$ 4,9051 no início da sessão. Em novembro, a moeda ainda acumula baixa de 3,06%.

"Com uma queda acumulada de mais de 3% em novembro, é compreensível que haja um ajuste para cima das cotações", comentou o diretor da assessoria de câmbio FB Capital, Fernando Bergallo.

Além disso, o mercado reflete a segunda leitura do PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos, divulgado pela manhã. A economia americana cresceu mais rápido do que se pensava inicialmente no terceiro trimestre, mas o ímpeto parece ter arrefecido desde então, já que os custos mais altos dos empréstimos estão restringindo as contratações e os gastos.

O PIB aumentou a uma taxa anualizada de 5,2% no trimestre, revisada para cima em relação ao ritmo de 4,9% informado anteriormente, segundo o Departamento de Comércio dos EUA. Esse foi o ritmo de expansão mais rápido desde o quarto trimestre de 2021.

Economistas consultados pela Reuters esperavam que o crescimento do PIB seria revisado para cima, a uma taxa de 5,0%.

No entanto, o crescimento dos gastos do consumidor, que responde por mais de dois terços da atividade econômica dos EUA, foi revisado para baixo, para 3,6%. Anteriormente, estimava-se uma taxa de 4,0%.

Os gastos dos consumidores parecem ter esfriado significativamente no início do quarto trimestre, com as vendas no varejo caindo pela primeira vez em sete meses em outubro. O mercado de trabalho também está arrefecendo, e o crescimento do emprego desacelerou no mês passado, com a taxa de desemprego subindo para 3,9%, máxima em quase dois anos.

A desaceleração da demanda aumentou o otimismo de que o Fed provavelmente não vai mais elevar as taxas de juros neste ciclo, com os mercados financeiros até mesmo prevendo um corte em meados de 2024.

Na tarde de terça (28), o diretor do Fed Christopher Waller disse que as autoridades do banco central parecem cada vez mais confortáveis em encerrar 2023 sem mexer na taxa básica de juros.

Desde março de 2022, o banco central dos EUA aumentou sua taxa de juros de referência em 5,25 pontos percentuais, para a faixa atual de 5,25% a 5,50%.

"O mercado está comprado nesta ideia, de que terminou o ciclo [de alta de juros], com o Fed podendo eventualmente cortar a taxa no primeiro semestre [de 2024]", pontuou o economista Rafael Pacheco, da Guide Investimentos.

Em Wall Street, o S&P 500 teve leve queda de 0,09% e o Nasdaq, de 0,16%. O Dow Jones ganhou 0,04%.

No Brasil, investidores repercutiram a divulgação de índices inflacionários de novembro. O IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo - 15), acelerou a 0,33%, enquanto o IGP-M (Índice Geral de Preços-Mercado) registrou alta de 0,59%, acelerando ante ganho de 0,50% no mês anterior, por pressão do setor de commodities. A expectativa em pesquisa da Reuters com analistas era de um avanço de 0,60%.

Mesmo com a alta nos preços, a leitura é que os novos dados não afetam as projeções de cortes de juros no Brasil.

Com Reuters

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