CVM abre mais dois processos para investigar compra da Kabum! pela Magalu

Operação é questionada por vendedores e por minoritários, que temem pagar a conta

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Rio de Janeiro

A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) abriu nesta segunda-feira (14) mais dois processos para investigar a operação de compra da Kabum! pelo Magazine Luiza, negócio que os vendedores tentam reverter em arbitragem.

Um deles responde a denúncia da Abradin (Associação Brasileira de Investidores), que representa minoritários em companhias abertas brasileiras. O outro analisa as demonstrações financeiras da varejista. Ao todo, são quatro processos envolvendo a empresa em 2023.

Em julho, os irmãos Leandro e Thiago Ramos, fundadores do Kabum!, pediram abertura de arbitragem na Câmara de Comércio Brasil Canadá, alegando que o Magalu não pagou os R$ 3,5 bilhões combinados por sua empresa.

Consumidora em loja do Magalu na Marginal Tietê. - Adriano Vizoni/Folhapress

Eles receberam R$ 1 bilhão em dinheiro e receberiam o restante em 125 milhões de ações da Magalu, mas o valor dos papéis sofreu forte desvalorização e o valor remanescente ficou abaixo dos R$ 500 milhões. Querem que o negócio seja desfeito ou que a varejista complete o valor acordado.

A Abradin apresentou denúncia à CVM questionando supostas falhas do processo e pede que quaisquer ajustes na compra sejam pagos exclusivamente pelos controladores do Magalu, sem nova diluição da participação dos minoritários.

A entidade defende que a varejista deveria estabelecer no contrato o valor das ações usado no cálculo do pagamento pela Kabum!, que ficaria em R$ 20 no dia do fechamento do negócio.

Depois, deveria ter feito hedge das ações prometidas aos sócios do Kabum. Essas operações protegeriam tanto vendedor quanto compradores de oscilações no valor de mercado da companhia após a assinatura do contrato.

"A má-fé, falta de seriedade e desleixo na condução da operação de incorporação não podem ter seus custos repassados, de forma alguma para os acionistas minoritários do Magalu", afirma a associação, na denúncia à CVM.

A Abradin pede ainda investigação sobre a empresa de auditoria KPMG, que aprovou o balanço da Magalu em 2021, alegando que o trabalho na empresa não questionou desvalorização relevante na reserva de capital, feito em contrapartida ao aumento de capital para a compra da Kabum.

Os irmãos Ramos decidiram ir à Justiça contra Ubiratan dos Santos Machado, diretor do Itaú BBA, banco contratado para encontrar um comprador para a empresa no mercado e que mediou a venda para o Magalu, em 2021.

Os fundadores do Kabum! acusam Ubiratan de ter manipulado a venda da plataforma para beneficiar o Magazine Luiza.

Em uma interpelação judicial ajuizada neste mês, os advogados dos irmãos afirmam ter recebido uma ligação de um ex-cunhado de Ubiratan que confirmou existir "uma forte relação" entre o diretor do Itaú BBA e Frederico Trajano, diretor-presidente do Magazine Luiza.

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