A demanda mundial de petróleo aumentará mais rápido do que o esperado no próximo ano, afirmou a AIE (Agência Internacional de Energia) nesta quinta-feira (14), mostrando que a perspectiva de uso de petróleo no curto prazo continua robusta, apesar do acordo da COP28 desta semana para uma transição para menor consumo de combustíveis fósseis.
Apesar da revisão do cenário, ainda há uma lacuna considerável entre as perspectivas de demanda para 2024 da AIE, que representa os países industrializados, e a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). As duas entidades entraram em conflito nos últimos anos sobre questões como a demanda de longo prazo e a necessidade de investimento em novos suprimentos.
Na COP28, houve novas discussões e o texto final apontou que os países concordaram em fazer a transição para buscar o fim dos combustíveis fósseis, além da manutenção da meta de aumento de temperatura de no máximo 1,5ºC.
A agência prevê que o consumo mundial aumentará em 1,1 milhão de barris por dia (bpd) em 2024, um aumento de 130 mil bpd em relação à sua previsão anterior, citando uma melhora nas perspectivas para os Estados Unidos e preços mais baixos do petróleo
A revisão de 2024 reflete "uma perspectiva de PIB (Produto Interno Bruto) um pouco melhor em comparação com o relatório do mês passado", disse a AIE. "Isso se aplica especialmente aos EUA, onde uma aterrissagem suave está se tornando visível"
"A queda dos preços do petróleo funciona como um impulso adicional para o consumo de petróleo", disse.
O petróleo enfraqueceu para uma baixa de seis meses perto de US$ 72 por barril esta semana, mesmo depois que a Opep+, que inclui as nações exportadoras de petróleo da Opep e aliados como a Rússia, anunciou em 30 de novembro uma nova rodada de cortes de produção para o primeiro trimestre de 2024.
No relatório, a agência internacional também reduziu sua previsão de crescimento da demanda de petróleo em 2023 em 90 mil bpd, para 2,3 milhões de bpd, e diminuiu sua estimativa para o quarto trimestre em quase 400 mil bpd.
A redução pela metade da taxa de expansão da demanda no próximo ano se deve ao crescimento econômico abaixo da tendência nas principais economias, às melhorias de eficiência e à expansão da frota de veículos elétricos, informou a entidade.
A extensão dos cortes de oferta da Opep+ até ao primeiro trimestre do próximo ano pouco contribuiu para impulsionar os preços e o aumento da produção em outros países funcionaria como um obstáculo, acrescentou.
Opep+ controla 51% da produção
No relatório, a AIE também informou que a Opep+ controla atualmente 51% da produção mundial de petróleo. O percentual é o mais baixo da organização desde a sua criação em 2016.
A Opep+ reúne os países integrantes da Opep e mais produtores aliados, reunindo 23 países. No início deste mês, o Brasil foi convidado a participar da organização, mas não terá direito a voto e o país também não deve fazer partes das cotas de produção.
"Muita gente ficou assustada com a ideia que o Brasil ia participar do Opep. 'Nossa, o Brasil vai participar da Opep'", disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao abordar o assunto em viagem no começo deste mês.
"O Brasil não vai participar da Opep, o Brasil vai participar da chamada Opep+. É tão chique esse nome 'Opep Plus'. É que nem eu participar do G7. Eu participo do G7 desde que eu ganhei a Presidência da República. É G7+. Eu vou lá, escuto, só falo depois que eles tomarem a decisão e venho embora. Eu não apito nada", afirmou.
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