Gol diz que dívida era de R$ 20,2 bilhões no final de dezembro

Companhia aérea entrou com pedido de recuperação judicial nos EUA e deve para entre 50.001 e 100.000 credores

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São Paulo

A companhia aérea Gol divulgou nesta segunda-feira (29) que encerrou dezembro com endividamento de R$ 20,17 bilhões, um patamar praticamente estável em relação ao final de setembro. A informação foi dada em fato relevante ao mercado.

A empresa afirmou que os ativos, não auditados, no final de dezembro somavam R$ 16,83 bilhões e o patrimônio líquido estava negativo em R$ 23,35 bilhões.

Avião da Gol realiza manobra no aeroporto de Congonhas, em São Paulo
Avião da Gol realiza manobra no aeroporto de Congonhas, em São Paulo - Bruno Santos - 17.ago.2023 / Folhapress

Na última quinta-feira (25), a Gol anunciou que a companhia e as suas subsidiárias entraram com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos.

Na solicitação aceita pela Justiça dos EUA, há o anúncio de US$ 8,3 bilhões (R$ 40,7 bilhões) em dívidas, mais do que o dobro do declarado pela Gol no comunicado divulgado nesta segunda-feira. Agências de risco estimam que a dívida da empresa é de R$ 20 bilhões.

No documento de 1.653 páginas, a Gol também afirma ter US$ 3,5 bilhões (R$ 17,2 bilhões) em ativos.

De acordo com a empresa, a medida foi tomada para fortalecer sua posição financeira. A companhia afirmou que todos os voos operam conforme o programado e todas as passagens aéreas e reservas permanecem em vigor.

A companhia aérea iniciou o processo americano, conhecido como chapter 11 —proteção contra falência nos EUA—, com um compromisso de financiamento de US$ 950 milhões.

Segundo a empresa, a operação será na modalidade DIP (do inglês debtor-in-possesion financing, ou "financiamento do devedor em posse") e ajudará a ajustar as finanças.

A informação de que a empresa cogitava fazer o pedido foi antecipada pela Folha na coluna Painel S.A. A ação foi apresentada ao Tribunal de Falências dos Estados Unidos para o Distrito Sul de Nova York.

A Gol deve para entre 50.001 e 100.000 credores, de acordo com o pedido de recuperação protocolado no Tribunal de Falências dos Estados Unidos para o Distrito Sul de Nova York.

No topo da lista de credores com mais créditos a receber estão o banco americano BNY Mellon (dívidas financeiras), o Comando da Aeronáutica (por serviços de controle de tráfego aéreo e auxílio de navegação), a distribuidora de combustíveis Vibra (antiga BR) e a fabricante de aeronaves Boeing.

A aérea afirmou à Justiça americana o montante de credores, segundo estimativas próprias. A Americanas, por exemplo, tem 9.000 credores —a companhia supera em cinco vezes a varejista, na melhor das hipóteses.

Em documento protocolado junto à justiça americana nesta sexta (26), a Gol afirma que acumula US$ 8,3 bilhões (R$ 40,7 bilhões na cotação atual) em dívidas. O patrimônio declarado da aérea é de US$ 3,5 bilhões (R$ 17,2 bilhões).

Para comparação, os débitos da Latam em 2020 somavam cerca de US$ 18 bilhões (R$ 94,9 bilhões no câmbio atual) durante processo de reestruturação de dívida similar.

Questionado sobre a dimensão da dívida em entrevista coletiva realizada na quinta-feira (25), o presidente da Gol, Celso Ferrer, afirmou que "ainda é muito cedo para saber exatamente o que vai ser negociado".

Ferrer também citou os altos custos operacionais de uma companhia aérea e disse que o preço do combustível de aviação é cerca de 40% mais caro no Brasil do que no resto do mundo. "Esse setor é muito demandante de crédito"

O documento entregue pela Gol aponta apenas as 30 maiores dívidas, a 27 empresas. Esses compromissos somam um débito de R$ 4,76 bilhões, na cotação atual.

O braço comercial da Boeing é a quarta maior credora, com R$ 75 milhões a receber.

Com informações de Pedro S. Teixeira, Joana Cunha e da Reuters

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