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'Granolas' impulsionam aumento recorde do mercado de ações na Europa

Grupo de 11 empresas ecoa a dominância do 'Magnificent Seven', formado por sete companhias americanas de tecnologia

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George Steer
Londres | Financial Times

Onze empresas apelidadas de "Granolas" impulsionaram as ações europeias para uma alta recorde nesta semana, com sua contribuição exagerada ecoando o mais conhecido "Magnificent Seven" nos EUA.

O acrônimo foi cunhado pelo Goldman Sachs para as empresas farmacêuticas GSK e Roche, a empresa de chips holandesa ASML, a Nestlé e a Novartis da Suíça, a fabricante de medicamentos dinamarquesa Novo Nordisk, a L'Oréal e a LVMH da França, a AstraZeneca do Reino Unido, a empresa de software alemã SAP e a empresa de saúde francesa Sanofi.

O gráfico do índice de preços de ações alemão DAX é retratado na bolsa de valores de Frankfurt, na Alemanha - Staff/Reuters

Nos últimos 12 meses, o grupo representou 50% dos ganhos no índice Stoxx Europe 600, que atingiu uma nova alta na quinta-feira (22), e cerca da metade de todas as fusões nos últimos cinco anos.

Os dados sugerem que a Europa está experimentando um fenômeno semelhante ao dos EUA, onde os gestores de fundos estão cada vez mais preocupados com a estreiteza de uma alta liderada por empresas de tecnologia como a Nvidia, que atingiu uma avaliação de US$ 2 trilhões (R$ 10 tri) na sexta (23).

"Os grandes continuam ficando maiores", disse Peter Oppenheimer, estrategista-chefe global de ações do Goldman e chefe de macro.

"Essa ideia de que você está obtendo uma concentração significativamente maior no mercado dos EUA chamou uma atenção maciça, mas também está sendo refletida em outros mercados", disse Oppenheimer. Ele esperava que os Granolas impulsionassem "quase todo" o crescimento de receita combinado das empresas do Stoxx 600 nos próximos anos.

Os Granolas como grupo subiram 18% nos últimos 12 meses, superando o aumento de 7,5% do Stoxx 600 no mesmo período.

Nos últimos três anos, os Granolas tiveram desempenho semelhante ao dos Magnificent Seven dos EUA —um grupo de ações de tecnologia composto por Apple, Microsoft, Alphabet, Amazon, Tesla, Meta e Nvidia— e com volatilidade muito menor, embora não tenham acompanhado o ritmo nos últimos 12 meses.

Os Granolas são mais diversos do que o foco exclusivo em tecnologia dos Magnificent Seven. O melhor desempenho nos últimos 12 meses é da Novo Nordisk, impulsionado pelo entusiasmo dos investidores por seus medicamentos para perda de peso e diabetes, e está 69% em alta.

A participação dos Granolas no índice Stoxx Europe 600 subiu para 25%, se aproximando dos 28% de peso dos Magnificent Seven no S&P 500. No entanto, o agrupamento europeu, que tem uma capitalização de mercado combinada de cerca de US$ 3 trilhões (R$ 15 tri), é superado por seus pares nos EUA, que têm um valor combinado de cerca de US$ 13 trilhões (R$ 65 tri).

Os Granolas são mais baratos do que os Magnificent Seven em termos de múltiplo de lucros, negociando a 20 vezes os lucros previstos para o próximo ano, em comparação com os 30 vezes dos Magnificent Seven. Ambos os conjuntos de empresas são amplamente vistos como tendo balanços fortes e margens saudáveis, e —apesar da reputação das empresas europeias de se concentrarem em dividendos– investem parcelas semelhantes do fluxo de caixa em pesquisa e desenvolvimento e despesas de capital.

Alguns participantes do mercado acreditam que há muito foco no desempenho das maiores empresas, apontando que os principais índices tendem há muito tempo para a concentração no topo e que as ações menores muitas vezes têm desempenho ainda melhor.

"As pessoas estão obcecadas com o tamanho dessas empresas", disse David Souccar, gestor de portfólio da Vontobel. "[Se] uma small-cap (empresas com baixa capitalização de mercado) se valoriza em 50% ao longo de cinco anos, não criará tanto valor quanto uma ação [Granolas] ou Magnificent Seven em termos absolutos, mas meu retorno é melhor", disse ele.

Os EUA se tornaram cada vez mais dominantes entre os mercados de ações globais desde a crise financeira, à medida que as taxas de juros próximas de zero impulsionaram as avaliações de grupos de tecnologia com forte crescimento de lucros.

No mesmo período, a regulamentação pós-crise e a queda nos preços do petróleo desde o pico de 2008 prejudicaram os bancos e grupos de energia que compõem uma grande parte das bolsas europeias. "Mas agora há bolsões da Europa que estão se saindo muito, muito bem", disse Oppenheimer.

As recentes altas nas taxas de juros ajudaram a fortalecer a posição das maiores empresas em detrimento de ativos cíclicos e de longa duração, segundo analistas, à medida que os bancos se tornam mais cautelosos em emprestar para mutuários menores, supostamente mais arriscados.

A maioria dos analistas não espera que os mercados europeus e americanos se tornem menos concentrados em breve. Eles apontam para o aumento dos fundos passivos que acompanham índices, que automaticamente injetam dinheiro nas maiores ações.

O desaceleramento do crescimento econômico pode prejudicar empresas menores e de menor qualidade, embora um chamado pouso suave para a economia global possa levar a uma ampliação do mercado em alta.

"É muito difícil para mim ver uma reversão de tendência. O aumento do investimento passivo vai continuar inflando [ações de megacap]", disse Joachim Klement, chefe de estratégia da corretora Liberum.

Mas índices top-heavy podem ser vulneráveis se as maiores empresas começarem a decepcionar as altas expectativas dos investidores, acrescentou Klement. Quando as gigantes do índice "cometem erros operacionais, as coisas podem azedar rapidamente".

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