Torcedor fanático, Abilio Diniz ligava para reclamar quando time perdia, diz presidente do São Paulo

Empresário morto aos 87 no domingo (18) foi velado no estádio do clube de coração

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São Paulo

São-paulino fanático, o empresário Abilio Diniz costumava ligar para a diretoria do clube, e até para jogadores, para reclamar quando o time perdia.

Diniz morreu neste domingo (18), aos 87 anos, vítima de insuficiência respiratória em função de uma pneumonite. Ele estava internado no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. O velório foi realizado nesta segunda-feira (19) no salão nobre do estádio Cícero Pompeu de Toledo, o Morumbis, na zona oeste da capital paulista.

"Às vezes, quando perdíamos um jogo e eu ia para o vestiário, ele já estava me ligando", disse o presidente do São Paulo Futebol Clube, Júlio Casares, em entrevista no estádio.

Julio Casares, presidente do São Paulo Futebol Clube, no velório do empresário Abilio Diniz - Bruno Santos/Folhapress

"Eu dizia que não se deve ligar para ninguém quando se perde um jogo, porque quando um time perde ninguém tem cabeça, e ele falava que ia telefonar no dia seguinte ao meio-dia, então", brincou Casares, que se disse muito amigo do empresário.

Abilio, afirmou o dirigente, era uma espécie de conselheiro da presidência do clube e ligava para aconselhar jogadores na hora de renovação de contrato, por exemplo.

O presidente do time contou ter levado a Abilio uma medalha de campeão da Copa do Brasil, após o titulo inédito conquistado no ano passado. E lembrou que o empresário posou junto com os jogadores na tradicional foto de fim de ano em 2023.

O clube pretende conversar com a família Diniz para fomentar um projeto de esportes em nome do empresário. "O Abilio tinha essa vocação pela saúde, pela mente, pelo corpo. Isso para o esporte vale muito e vamos trabalhar com a marca São Paulo", afirmou.

"Fazer a despedida dele aqui no Morumbi, a casa dele, é o reconhecimento a um esportista, que além de são-paulino, era um otimista que nos deixou um vazio."

O empresário, que impulsionou o Grupo Pão de Açúcar a uma gigante no comércio varejista ao lado do pai, era considerado um dos maiores líderes do mundo corporativo brasileiro.

Ele começou a passar mal durante viagem que fez a Aspen, no Colorado, Estados Unidos, e precisou voltar ao Brasil às pressas em um avião adaptado com uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Abilio estava internado desde o final de janeiro e morreu vítima de insuficiência em função de uma pneumonite, segundo a família.

O velório, nesta segunda-feira, levou empresários, executivos, políticos e torcedores ao estádio do São Paulo.

O presidente em exercício, Geraldo Alckmin (PSB), chegou por volta de 13h20 e ficou na cerimônia cerca de 30 minutos. Ele não falou com jornalistas ao sair. Em rede social, Alckmin afirmou que a vitalidade, dedicação ao trabalho e fé no Brasil, de Diniz, formaram grandes lições de vida.

O velório foi aberto ao público, mas a presença de jornalistas só era permitida por alguns minutos, com acompanhamento e proibição de entrevistas ou uso de celular —a recomendação de não utilizar o aparelho também foi dada às demais pessoas, inclusive para fotos. A família de Abilio não falou com os repórteres, nem do lado de fora.

O ex-presidente Michel Temer (MDB) chegou acompanhado do governador do Pará, Helder Barbalho (MDB).

Horas antes, Temer participava de reunião do conselho da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo, onde também estava Alckmin, e disse ter pedido aplausos aos presentes em homenagem ao empresário.

"[Ele fará] uma falta extraordinária pela sensatez, pelo equilíbrio, pela ponderação, pela moderação, que é o que Brasil precisa muito", disse o ex-presidente.

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), decretou luto oficial de três dias pela morte do empresário. "É uma grande perda, não só para a cidade de São Paulo, mas para o país e para o mundo. É uma pessoa que elevou o nome do país positivamente para o mundo inteiro", afirmou Nunes no local.

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que cumpriu agenda em São Sebastião, no litoral norte paulista, afirmou em nota de sua assessoria que prestava condolências à família e que também decretava luto oficial de três dias no estado.

Já no fim do velório, o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal, falou sobre o legado do empresário. "Abilio deixa o exemplo de vida de um batalhador íntegro, que foi capaz de construir, junto com a família, um grande empreendimento que ganhou prospecção internacional ao demonstrar que o brasileiro pode fazer coisas grandes e boas", disse.

Durante a cerimônia, a música "O que é o que é", de Gonzaguinha, foi tocada em homenagem ao empresário.

Entre personalidades, passaram pelo velório o apresentador Luciano Huck, o piloto Felipe Massa e a atriz Mariana Rios, namorada de Juca Diniz, neto de Abilio .

O velório reuniu vários empresários e executivos, como Stéphane Maquaire, CEO do grupo Carrrefour.

Preto Zezé, presidente da Cufa (Central Única das Favelas), disse ter conhecido Abilio durante a pandemia de Covid-19 e lembrou do apoio dado pelo empresário.

Antonio da Paz, 63, disse que trabalhou em uma empresa terceirizada que prestava serviço no prédio em que Abilio tinha escritório, na década de 1980. Ele foi até o velório nesta segunda vestindo uma roupa com as cores da bandeira do Brasil e um cartaz com a foto do empresário. "Ele tratava todo mundo igual, cumprimentava a gente todo dia."

Homem de roupa  verde e amarela segura cartaz com a foto de Abilio Diniz
Antonio da Paz, 63, vestiu roupa do Brasil para ir ao estádio do Morumbi, em São Paulo, onde nesta segunda-feira (19) ocorreu o velório do empresário Abilio Diniz, que morreu neste domingo (18), aos 87 anos - Fábio Pescarini/Folhapress

Havia centenas de coroas de flores de instituições financeiras, de empresas, de torcida organizada do São Paulo, e de famílias, como a Ermírio de Moraes, do grupo Votorantim.

A cerimônia terminou por volta das 16h30, quando o cortejo deixou o estádio. O local do enterro não foi informado pela família.

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