Bolsas têm melhor trimestre em cinco anos impulsionadas por inteligência artificial

Ações sobem 7,7% no mundo em melhor resultado desde 2019

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Nova York e Londres | Financial Times

Os mercados de ações no mundo registraram sua melhor performance no primeiro trimestre em cinco anos, impulsionados pelas esperanças de um pouso econômico suave nos EUA e pelo entusiasmo em relação à inteligência artificial.

O índice MSCI de ações mundiais registrou alta de 7,7% neste ano, o maior desde 2019, com as ações superando os títulos pela maior margem em qualquer trimestre desde 2020, mesmo com os investidores reduzindo suas expectativas de cortes rápidos nas taxas de juros.

Investidor observa cotações de ações na S&P 500, em Nova York
Investidor observa cotações de ações na S&P 500, em Nova York - Michael M. Santiago/Getty Images via AFP

A alta foi impulsionada pelo S&P 500, de Nova York, que superou o seu patamar recorde em 22 sessões diferentes durante o trimestre.

O boom da inteligência artificial impulsionou os ganhos do mercado, com a fabricante de chips Nvidia adicionando mais de US$ 1 trilhão em valor de mercado nos primeiros três meses do ano, equivalente a cerca de um quinto do ganho total dos mercados de ações globais nesse período.

Nos EUA, sinais de crescimento doméstico resiliente impulsionaram as ações, apesar de aumentos inesperados na inflação em janeiro e fevereiro, o que levou os investidores a reduzir as expectativas de até seis cortes nas taxas de juros este ano.

Os mercados agora concordam com a projeção do Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA) de três cortes no ano de 0,25 ponto percentual da taxa de referência, que está em seu nível mais alto em 23 anos.

"Este tem sido um período bastante otimista", disse Kristina Hooper, estrategista-chefe de mercado global da Invesco. "Também tivemos um pouco de empolgação com a inteligência artificial que ajudou ao longo do caminho, mas esta é uma história sobre, em primeiro lugar, o afrouxamento da política monetária e, em segundo lugar, uma economia global muito resiliente."

O que começou como uma corrida impulsionada pela tecnologia em Wall Street gradualmente se ampliou ao longo do trimestre, com as ações na Europa e no Japão começando a superar os EUA.

Os índices FTSE 100 do Reino Unido, o Dax da Alemanha, o CAC 40 da França e o Ibex 35 da Espanha superaram o S&P 500 em março, à medida que o ritmo acelerado em Wall Street começou a diminuir. Já as outras bolsas pelo mundo —e setores além da tecnologia— alcançaram os ganhos anteriores impulsionados pela IA nos EUA.

"O mercado de ações está ficando muito entusiasmado e abraçando este otimismo", disse Florian Ielpo, chefe de macro da Lombard Odier Investment Managers.

Liderando o grupo entre os principais mercados está o Japão, onde a crescente confiança na economia e os preços em alta das ações relacionadas a chips domésticos impulsionaram uma alta de 16,2% no índice Topix em 2024, ficando muito próximo de igualar a máxima histórica de 1989.

"No geral, conseguimos uma boa queda na inflação sem temores de recessão", comentou Amelie Derambure, gestora de portfólio da gestora de ativos Amundi, que aumentou suas participações em ações, especialmente no Japão e na Europa, além de investir nos EUA desde o início do ano. "A fraqueza na economia provavelmente não ocorrerá rapidamente, então ainda temos algum tempo para surfar a onda atual."

Os ganhos nos índices de ações ocorreram mesmo com o aumento dos rendimentos dos títulos do governo, refletindo a queda nos preços.

Aproximadamente dois terços dos entrevistados na última pesquisa global de gestores de fundos do Bank of America não esperam uma recessão nos EUA nos próximos 12 meses —um aumento de pouco mais de 10% em relação ao início de 2023. Pela primeira vez em mais de dois anos, a maioria dos investidores também espera que os lucros corporativos globais cresçam no médio prazo.

Os preços dos ativos em alta também refletem o crescente apetite dos investidores por risco. Em um único dia em janeiro, a capitalização de mercado da Nvidia aumentou cerca de US$ 277 bilhões —o equivalente ao valor de mercado de todas as empresas listadas nas Filipinas, segundo o HSBC.

Uma valorização de 60% nos últimos três meses deixou o valor do bitcoin acima do PIB (Produto Interno Bruto) de cerca de 150 países.

Ganhos igualmente substanciais para outros ativos de risco levaram alguns observadores de mercado a comparar o momento atual com a bolha das empresas da internet que estourou dramaticamente em 2000.

Mas o estrategista Stephen Suttmeier, do Bank of America, sugeriu que, dada a duração das altas anteriores do mercado de ações que começaram em 1950 e 1980 e duraram 16 anos e 20 anos, respectivamente, o atual mercado de alta, que começou em 2013, "está na meia-idade e pode se estender até 2029 a 2033".

Um aumento repentino no desemprego nos EUA ou uma recessão ainda poderiam afetar a tendência de alta que está em curso. "O Fed pode se encontrar em uma situação complicada se começar a reduzir as taxas com base na fraqueza do mercado de trabalho, mas a inflação mais alta em janeiro e fevereiro acabar não sendo um soluço", analisou Kevin Gordon, estrategista sênior de investimentos da Charles Schwab.

George Steer , Harriet Clarfelt , Kate Duguid e Stephanie Stacey
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