CEO da Lego vai pagar até 70% mais por plástico reciclado usado em brinquedos

Empresa iniciou conversas diretas com fabricantes da matéria-prima para convencê-los a investir em mais capacidade de produção

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Bloomberg

Diante da escassez de plástico renovável para seus coloridos blocos de brinquedo, o presidente da Lego está se envolvendo com os produtores da matéria-prima em uma corrida para atingir as metas de sustentabilidade.

A Lego iniciou conversas diretas com fabricantes para convencê-los a investir em mais capacidade de produção e está comprando resina renovável a preços com um prêmio de até 70%, de acordo com o Niels B. Christiansen, o CEO da empresa.

O que está em jogo para a Lego é encontrar uma maneira de cumprir a promessa de usar materiais sustentáveis nos bloquinhos de plástico até 2032, e se tornar neutra em emissões líquidas de carbono até 2050.

Lego reservou US$ 1,4 bilhão até 2025 para práticas voltadas à sustentabilidade - AFP

"Agora decidimos fazer um esforço real para influenciar a indústria e acelerar o ritmo desse desenvolvimento", disse o CEO. "Não há material suficiente no mercado hoje, mas às vezes as coisas só acontecem quando grandes players como nós começam a pagar um prêmio por materiais."

A empresa sofreu um revés no ano passado, quando teve que abandonar o que havia sido um material protótipo promissor, feito de garrafas plásticas recicladas, porque descobriu que não reduziria as emissões totais de CO2.

Em vez disso, a Lego se voltou para o mercado de plástico bruto com componentes renováveis e reciclados certificados, disse ele. A companhia adquiriu, em 2023, cerca de 125.000 toneladas de resina, o plástico não-processado usado para fabricar blocos e bonecos.

Aproximadamente 18% do total foi obtido sob o princípio do balanço de massa, que fornece uma maneira auditável de rastrear a quantidade líquida de materiais sustentáveis através da cadeia de suprimentos, permitindo que sejam alocados aos produtos acabados conforme apropriado. Essa proporção aumentará ainda mais em 2024, de acordo com Christiansen, que disse ainda não ser capaz de fornecer um número exato.

De acordo com a BloombergNEF, o mercado de bioplásticos, que inclui os produtos do princípio do balanço de massa que a Lego compra, poderia dobrar até 2025, embora parta de uma base baixa. A Ásia, principalmente a China, assumiu a liderança do restante do mundo como o principal local de produção. Mas grandes players europeus também estão interessados, incluindo o gigante químico alemão BASF SE.

"Vamos nos tornar um comprador ativo desses produtos certificados e ajudar a acelerar a indústria nesse sentido", disse o CEO da Lego. "Esse dinheiro está ajudando a criar cadeias de suprimentos que criam materiais sustentáveis e mais verdes, e estamos fazendo isso na esperança de que acelere o desenvolvimento."

A Lego reservou US$ 1,4 bilhão até 2025 para melhorar a sustentabilidade. Christensen disse que não repassará os custos mais altos aos clientes, prometendo que os preços dos conjuntos de brinquedos não aumentarão devido ao plástico renovável mais caro, que custa de 30% a 70% a mais.

Mesmo que o fornecimento de plástico renovável cresça, os preços permanecerão altos por anos, disse o CEO, porque a demanda também continuará crescendo rapidamente.

"Provavelmente pensamos que seria mais fácil conseguir isso, mas é uma mudança gigantesca para uma cadeia de suprimentos químicos com fornecedores e subfornecedores", disse ele.

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