Descrição de chapéu petrobras Governo Lula

Fazenda insiste com Lula por aval a dividendo extra da Petrobras, diz agência

Argumentos para defesa é promessa a Lula de que recursos poderão ser transformados em investimentos no futuro

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Lisandra Paraguassu Bernardo Caram
Brasília | Reuters

O Ministério da Fazenda vai insistir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que dê aval ao comando da Petrobras para a distribuição aos acionistas de dividendos extraordinários inicialmente retidos pela companhia por pressão do mandatário, disseram à Reuters duas fontes do governo com conhecimento do assunto.

De acordo com as fontes, um dos argumentos para essa defesa é a promessa a Lula de que esses recursos poderão ser transformados em investimentos públicos no futuro, já que a União seria a principal beneficiária do repasse.

"É um argumento que vai junto com o mercado, o mercado pede a distribuição de dividendos da Petrobras. Então, o que a Fazenda diz é ‘segue a regra do jogo’, atende ao mercado e distribui os dividendos. Por consequência, você pode ajudar a Fazenda no esforço fiscal", disse uma das fontes sob condição de anonimato porque as negociações não são públicas.

Logo da Petrobras - Sergio Moraes/Reuters

Ainda que argumentem fazer mais sentido ter os recursos no caixa do Tesouro, o que melhora o resultado fiscal, as fontes reconhecem que a regra orçamentária para os gastos impõe limites e ainda não há perspectiva para que uma sobra de arrecadação seja convertida em investimentos.

Em meio à defesa de Lula para o governo aumentar o limite de gastos e impulsionar obras públicas, uma das autoridades avaliou que o eventual ganho com a distribuição adicional de dividendos da petroleira não fortaleceria essa pressão do presidente porque ainda estão em jogo outros fatores que podem derrubar a arrecadação do governo.

"Nós temos sido bem cautelosos com isso, a arrecadação tem vindo maior, mas o Congresso está querendo aprovar a prorrogação do Perse [programa de apoio ao setor de eventos], o Congresso quer aprovar uma alíquota menor para a contribuição patronal dos municípios, isso não acaba bem, tem que ter muito cuidado", afirmou.

Na mesma linha, a segunda fonte ponderou que o resultado de medidas arrecadatórias já aprovadas pelo Congresso foi maior que o esperado, mas Haddad teve também algumas derrotas legislativas, como a questão da reoneração da folha de salários, que sofreu forte oposição dos parlamentares.

Além disso, o Planalto dá como certo que o Congresso irá derrubar vetos do presidente às emendas de comissão, o que representaria um baque adicional de R$ 5 bilhões no Orçamento.

Neste mês, em meio à alta de arrecadação após o Congresso aprovar medidas fiscais, Lula disse que o governo terá que discutir em algum momento uma mudança do "limite de gastos" do país para promover mais benefícios à população.

Após a declaração do presidente, de acordo com a segunda fonte, os ministros do governo envolvidos no tema decidiram evitar tratar da questão antes da divulgação do relatório bimestral de receitas e despesas pela equipe econômica na sexta-feira.

O documento deve indicar um bloqueio de aproximadamente R$ 5 bilhões nas contas, com uma previsão de gastos acima do esperado, enquanto a arrecadação apresenta boa performance, de acordo com fontes do governo.

A expectativa de alguns membros do governo é que o resultado possa afastar pressões para que regras fiscais sejam flexibilizadas. Uma das fontes enfatizou que, além do debate fiscal, há preocupação na equipe econômica com a perda de credibilidade e de valor da Petrobras com o "abalo sísmico" gerado por uma interferência do governo sobre a gestão da companhia.

A decisão do conselho de administração da Petrobras de não pagar dividendos extraordinários partiu do próprio presidente Lula e o mandatário quer que a empresa use o dinheiro para investimentos, disseram fontes do governo à Reuters neste mês.

A discussão envolve o repasse de R$ 43,9 bilhões de lucro remanescente, que foram enviados a uma reserva de remuneração de capital recém-criada pela companhia. Os recursos poderiam ter sido destinados para dividendos extraordinários, remunerando os acionistas.

Após a decisão da Petrobras, o presidente da companhia, Jean Paul Prates, disse à Reuters neste mês que uma proposta de distribuição de 50% dos dividendos extraordinários possíveis de 2023 ainda está na mesa e poderia ser aprovada em assembleia de acionistas prevista para abril.

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